A IA fez com que as empresas repensassem suas estratégias de investimento no setor de data center. Não apenas por causa das crescentes demandas de energia, mas a implantação dessa tecnologia tem um impacto significativo no aumento do tráfego de dados e em seus requisitos de processamento. Isso, por sua vez, apresenta desafios técnicos consideráveis que vão desde a necessidade de conexões de fibra óptica de alta densidade até o gerenciamento de rede eficiente e escalável, em um cenário em que a baixa latência e a alta disponibilidade são essenciais.
Nesse contexto, o Brasil, com sua matriz energética renovável e ampla rede de conectividade global, está em uma posição estratégica para atrair investimentos em data centers voltados para IA.
O evento DCD>Connect São Paulo trará esse tema altamente relevante para a mesa e, especificamente, o Investment Forum explorará os fatores que a IA introduz nas conversas dos principais investidores e como o país pode aproveitar suas vantagens para se tornar um hub relevante no desenvolvimento de infraestrutura para inteligência artificial.
Nesta entrevista, a DCD conversa com Marcos Siqueira, COO & Head de Vendas da Ascenty, antes de sua participação no DCD>Painel: Como a IA altera o fluxo de investimentos no setor de data center?
Quais são os principais fatores que a inteligência artificial traz à discussão quando se consideram novos investimentos em data centers?
Muito se fala sobre o grande consumo de energia elétrica para suportar os grandes data centers, o que é uma verdade. Mas aqui também podemos falar que a adoção rápida da IA pode gerar impactos que também refletem no tráfego de dados e seu processamento. Por exemplo, o maior Internet Exchange do país registrou um pico de tráfego de 35 Tbit/s em fevereiro, o que tem se tornado recorrente.
Existem, a partir disso, desafios técnicos, como a necessidade de conexões de fibra de alta densidade, demanda de portas e conexões de maior complexidade e equipamentos mais avançados. Aumenta também a procura por conectividade com internet, operadoras, clouds e parceiros. Para auxiliar neste cenário, o uso de redes definidas por software, a automação de provisionamento e gerenciamento de redes tornam-se importantes para garantir a instalação ágil de novas conexões com provedores, provedores cloud, parceiros e entre data centers globais.
Estes aspectos técnicos que trago são os que garantirão o olhar cuidadoso para a necessidade quase unânime de escalabilidade dos serviços que a IA traz, bem como de alta disponibilidade com baixa latência.
Neste cenário, a Ascenty, que hoje é a maior provedora de serviços de data centers e conectividade da América Latina, entendeu as necessidades dos clientes e do mercado, e trouxe ao mercado brasileiro a plataforma de orquestração da Digital Realty, o ServiceFabric™, que interconecta participantes de fluxo de trabalho, aplicativos, nuvens e ecossistemas em sua plataforma global de data center - podendo atender as demandas interconexão da IA e da computação com alto desempenho (HPC).
Isso porque já estamos prontos para atender essa demanda com a nossa infraestrutura de data centers e conectividade robusta, neutra e interconectada - dando aos players a possibilidade de se conectar com serviços de nuvem tanto públicos quanto privados ou híbridos em qualquer lugar do mundo com disponibilidade imediata e baixíssima latência. Pontos que acreditamos serem essenciais para o desenvolvimento da Inteligência Artificial com a potencialidade que ela realmente possui.
O Brasil está preparado para receber data centers de IA? A localização geográfica do país e seus acordos comerciais internacionais podem influenciar na atração de investimentos para a construção de data centers de inteligência artificial?
Ao construirmos um data center levamos em consideração alguns aspectos do ponto de vista de riscos, como a localização, chances de desmoronamento e terremotos. Também é feita uma análise detalhada sobre a qualidade do solo e a quantidade de energia elétrica disponível. Na Ascenty, nós utilizamos energia 100% renovável para nossos data centers, com uso de energia solar, eólica e hídrica, deste modo conseguimos suprir as necessidades de alto consumo energético, de uma maneira sustentável.
O Brasil possui uma rede de cabos submarinos de fibra óptica capaz de conectar com outros data centers do mundo, com troca de dados e comunicação global.
Cada país possui uma legislação específica e fatores, como a variedade de fontes energéticas disponíveis e, nesse ponto, sem dúvidas o Brasil está bem posicionado com uma matriz renovável de 88%.
Quais tendências globais em inteligência artificial o Brasil deveria acompanhar para se tornar um polo relevante no desenvolvimento de data centers?
O Brasil se destaca mundialmente em função da matriz de energia com 88% de fontes renováveis, além disso, é um país muito bem conectado com outros países, o que possibilita a comunicação fluir de forma confiável e com latência adequada do ponto A para o ponto B.
Além disso, o Brasil geograficamente é privilegiado com o fato de não sofrer com desastres naturais como furacões e terremotos. Tudo isso associado, podemos afirmar que no Brasil temos mão de obra capacitada, energia elétrica renovável, conectividade dentro do país e internacional em grande escala.
O Brasil precisa continuar investindo em infraestrutura para absorver toda essa demanda de IA que se apresenta, e assim, tornar-se um hub também para esse segmento.