Nos últimos anos, o mundo tem passado por uma transformação significativa na maneira como empresas e governos veem e abordam as questões sobre sustentabilidade e o impacto ambiental. No segmento de data centers não é diferente, e um ponto de reflexão é como a crescente demanda por dados, impulsionada pelo aumento do uso de dispositivos conectados, a popularização da nuvem e a explosão de tecnologias emergentes como a inteligência artificial tem colocado uma pressão inédita sobre a infraestrutura global dos data centers. A questão central nesse debate é refletir sobre como o mercado pode expandir a sua capacidade sem comprometer o meio ambiente.
Podemos analisar que o design de data centers verdes surge como uma resposta para equilibrar tanto o crescimento tecnológico quanto a responsabilidade ambiental dessas empresas. Neste cenário, o Brasil se destaca por ser uma localidade com excelente matriz elétrica com vasta disponibilidade de fontes hidrelétricas, eólicas e solar, uma base mais limpa e renovável quando comparada a outros países que ainda são dependentes de combustíveis fósseis. Essa vantagem, no entanto, não elimina a necessidade de buscar continuamente soluções para enfrentar os desafios de consumo e eficiência energética.
O design de data centers verdes representa uma mudança no mercado atual, pois visa justamente mitigar esse impacto ambiental sem comprometer a capacidade de armazenamento e processamento de dados que as novas tecnologias demandam, principalmente com relação ao resfriamento dos servidores, visto que essa é uma das maiores demandas do segmento e fato que impacta diretamente na operação das instalações. Com foco em tecnologias eficientes, o design moderno busca reduzir o consumo de energia por meio de soluções que minimizem as perdas tanto de energia quanto de outros recursos naturais, como economia de água, por exemplo, e que estejam alinhados com práticas e operações que garantam um consumo menor sem perder eficiência, assim como uma emissão menor de carbono.
Empresas de consultoria e engenharia, como a Deerns, desempenham um papel estratégico e importante nesse cenário com o desenvolvimento e a busca de soluções inovadoras e pensadas não apenas em aumentar a eficiência desses centros, mas também em reduzir todo o impacto ambiental associado à sua operação. O resfriamento de servidores é uma das maiores fontes de consumo de energia em data centers, e o uso de ferramentas e ações como sistemas de resfriamento evaporativo, free cooling (uso de ar externo em climas frios) e a utilização de águas residuais para resfriar equipamentos têm se mostrado estratégias eficazes para a redução do uso de energia e água, maximizando a eficiência operacional.
Mais do que um investimento em economia de recursos, os data centers verdes são projetados e operados para considerar todo o ciclo de vida do espaço, e essa escolha engloba fatores que vão desde os materiais de construção até a gestão de resíduos no final de sua vida útil. Nesse contexto, a economia circular também ganha espaço e relevância com práticas para o reaproveitamento de equipamentos e a minimização de resíduos. O retrofit, por exemplo, possibilita a modernização de instalações e componentes para que continuem operacionais mesmo após 10 ou 20 anos, atualizadas com as práticas tecnológicas mais recentes. Esse conceito, amplamente aplicado em setores como construção civil e engenharia, também beneficia os data centers, trazendo atualizações de desempenho, segurança e sustentabilidade para estruturas já existentes.
O debate global sobre iniciativas sustentáveis e soluções energéticas limpas é essencial tanto para a busca de práticas úteis e rentáveis quanto para posicionar o Brasil como uma importante matriz energética verde, visto que o restante do mundo tem diversas limitações de localidades e fontes e com isso dependem muito mais de combustíveis fósseis para a geração de sua energia. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um interesse crescente na energia nuclear para energização de data centers, que, apesar de controversa, é uma fonte de energia limpa e sem uso de fósseis. Essas buscas mostram que as discussões nesse sentido são necessárias, já que não temos soluções a curto prazo e o setor precisa se atualizar para atender as novas demandas geradas pelo avanço tecnológico.
A transição para data centers verdes é um movimento inevitável no cenário global de infraestrutura de TI, e as empresas de consultoria e engenharia têm uma responsabilidade enorme em liderar essa transformação, oferecendo soluções inovadoras que não apenas atendam à crescente demanda por dados, mas que também contribuam para um futuro mais sustentável. Este é um esforço coletivo, e toda a cadeia envolvida no segmento deve estar comprometida com as melhores práticas ambientais, alinhando-se a uma visão compartilhada de sustentabilidade, pois somente assim será possível alcançar data centers que sejam não apenas eficientes e seguros, mas também ecologicamente responsáveis, garantindo um futuro mais verde para todos.