Em entrevista, Carlos Eduardo Custódio, Head de Data Protection & Compliance, Cloud, DevOps & Platform da Certsys, compartilha sua visão acerca dos benefícios da nuvem e sua relação com os objetivos de sustentabilidade de empresas de diferentes tamanhos e setores. Confira!
Quais são os diferentes tipos de arquitetura de nuvem e como escolher a melhor para cada necessidade?
As nuvens são infraestruturas normalmente alocadas em grandes data centers distribuídos pelo globo e estão divididas em três tipos principais: privado, híbrido e público.
No modelo privado, o provedor separa/reserva uma parte de sua infraestrutura e a dedica para um único cliente. A administração pode ser feita pelo próprio cliente ou pelo provedor. Este modelo é mais utilizado por grandes organizações com orçamentos mais robustos, ou por organizações que necessitem de um modelo de segurança mais específico.
No modelo público, o provedor é o responsável por gerenciar os seus serviços, desta forma as empresas podem alugar seus recursos e armazenar seus dados, servidores ou hospedar seus aplicativos pagando apenas pelo que consumir mensalmente. Isso torna esse modelo mais acessível para organizações que desejam escalabilidade, flexibilidade e baixo custo, porém o uso desse modelo deve ser observado com atenção, pois o custo pode variar muito de um mês para outro.
No modelo híbrido, o provedor oferece ao seu cliente uma infraestrutura privada para armazenamento e utilização nos processos mais críticos ou sensíveis ao negócio e uma parte pública para os processos menos críticos e menos impactantes para a continuidade do seu negócio. Com esta mescla, o custo total para utilizar o serviço em nuvem tende a ser menor e mais acessível.
Em um contexto global, qual a importância da nuvem para o ecossistema de TI?
Segundo o Gartner, os gastos mundiais com tecnologia da informação devem chegar a US$ 4,6 trilhões em 2023. Um aumento de 5,5% em relação a 2022, e uma parte considerável desses gastos está ligado ao uso da nuvem. Somado a isso, a pesquisa Cloud (In)Security da Zscaler Threatlabz, mostrou que 98,6% das organizações têm problemas de configuração que causam riscos críticos aos dados e à infraestrutura. Essa estatística é alarmante porque a maioria dos ataques cibernéticos em nuvens públicas ocorreu devido a configurações incorretas, e não a vulnerabilidades.
Além dessas questões, a nuvem tem sido usada para treinamento de inteligência artificial (IA) e já existem infraestruturas sendo usadas na criação de IAs generativas.
Eu diria que a nuvem é de extrema importância para o ecossistema da TI mundial, pois os seus benefícios são muitos. Resumidamente, os principais e mais atrativos aos olhos dos empresários são:
- Custos: com a adoção de qualquer um dos modelos de nuvem mencionados anteriormente, é possível reduzir custos de forma considerável em uma empresa, e nos tempos de hoje quem consegue reduzir custos, consegue destaque.
- Disponibilidade dos serviços 24 por 7 por 365 dias: com a infraestrutura de um provedor de nuvem será difícil um serviço ficar fora do ar por um longo período.
- Escalabilidade: comece pequeno e cresça com a sua infra. Diferente do modelo on-premise (fisicamente no ambiente do cliente), a nuvem proporciona crescimento e redução da infra de forma mais simples.
- Segurança: os provedores de cloud possuem equipes treinadas e capacitadas para resolver os incidentes de segurança e os custos são muito menores do que manter uma equipe local.
Entre estes, eu diria que a segurança e a disponibilidade dos serviços são os principais. No atual momento em que invasões e sequestros de dados estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, ter um time de segurança especializado faz toda a diferença. Quanto à disponibilidade, estamos na era digital. As crianças praticamente nascem com um tablet na mão. Ficar com o seu produto digital ou serviço indisponível é certeza de perda.
Quais são os principais desafios para implementar uma solução de nuvem? Como eles podem (ou poderiam) ser superados?
Migrar para nuvem sem dúvida é um bom negócio, mas antes de iniciar esta migração, os responsáveis devem avaliar criteriosamente cada provedor e identificar aquele que mais se adéqua à sua necessidade. Para isso, é preciso que a organização saiba exatamente o que vai migrar e para onde.
Após decidir o provedor de nuvem que será contratado, é preciso se preocupar com a segurança, disponibilidade e quais dados/sistemas serão migrados, além de planejar muito bem a conectividade entre os colaboradores que acessarão o ambiente e de onde será feito estes acessos, para garantir que esteja tudo funcionando de acordo.
As soluções de nuvem podem ajudar as empresas a reduzirem suas pegadas de carbono? Quais critérios uma empresa deveria considerar ao avaliar a sustentabilidade ambiental de um provedor de serviços de nuvem?
As soluções de nuvem permitem que as empresas reduzam seu consumo de energia, já que a infraestrutura de TI é mantida em um data center remoto, altamente otimizado para eficiência energética.
O principal ponto a ter em mente, pensando na redução da pegada de carbono, é contratar um provedor de nuvem que tenha selos internacionais de sustentabilidade. Além de oferecerem soluções mais ecológicas, as empresas que conquistam estes selos demonstram na prática diversas ações em prol do meio ambiente. Ademais, os provedores de nuvem geralmente usam fontes de energia renovável para alimentar seus data centers, o que reduz ainda mais os impactos no meio ambiente.
Para a empresa que contrata a nuvem, existem alguns outros fatores importantes, como a redução de viagens, a diminuição dos resíduos eletrônicos descartados anualmente e a otimização dos recursos físicos, financeiros e humanos.
Como exemplo, recentemente a Vivo (Telefônica Brasil) migrou parte de suas operações para a Oracle Cloud. Segundo informado pela empresa, a migração poderá reduzir até 25% das despesas de OPEX, já que os custos com manutenção deixam de existir. Outros exemplos de migração incluem a Cielo, que migrou para a Microsoft Azure, e a Pernambucanas, que escolheu o Google Cloud para a migração de seus serviços financeiros.