No dia 14 de Julho deste ano, a União Europeia apresentou seus futuros planos para acelerar a descarbonização da economia do bloco para as próximas décadas. As medidas preveem o aumento de geração de energia por fontes limpas (como eólica e solar); o fim da fabricação de automóveis movidos a combustão a partir de 2035; a imposição de uma tarifa de carbono para produtos importados; a inclusão de novos setores de comércio de emissões do bloco, entre outros.

Quando aprovadas pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu, as metas europeias terão uma grande influencia em todo o planeta. Algumas mais restritivas de acesso aos mercados e outras influências positivas através de ações exemplares das Multinacionais Europeias com presença global. A conscientização de que a racionalização de uso de energia proveniente de combustíveis fosseis e a adoção de alternativas de redução de consumo de energia será fundamental para que a energia renovável possa alcançar a meta de Carbono Zero em 2050 de forma mais rápida.

Uma nova visão cheia de oportunidades

Neste contexto estão grandes consumidores de energia como os Data Centers, aonde se discute antecipar as metas deste segmento na Europa para 2030, devido ao grande impacto que esta indústria tem no consumo de energia e que pode, a curto prazo, colaborar fortemente com a viabilização das metas maiores em 2050.

Ou seja, não basta somente consumir a Energia Renovável hoje, mas também consumir menos energia amanhã.

A colaboração do Setor de Soluções de Refrigeração é um importante apoio a esta indústria para proporcionar a evolução do PUE para uma meta menor que 1.2.

Muitos Retrofits terão que ser realizados.

O seu empreendimento é sustentável?

Para ser considerado sustentável, é preciso possuir um sistema operacionalmente seguro, ecologicamente correto, energeticamente eficiente, ambientalmente adequado, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceitável.

A situação no Brasil

O Brasil certamente será envolvido pela onda da sustentabilidade europeia e além disso, poderá se motivar, em decorrência das ameaças frequentes de apagões por conta do baixo nível dos reservatórios das hidroelétricas e do uso excessivo de termoelétricas movidas a combustíveis fosseis.

Como estas ameaças ocorrem principalmente no Brasil durante o Inverno, quando temos baixas temperaturas, temos uma grande oportunidade de aplicar, sem nenhuma sombra de dúvidas, equipamentos de refrigeração eficientes e equipados com sistemas “free cooling” para aproveitar o ar frio do ambiente e, de maneira controlada, retirar o calor gerado pelos equipamentos. Esse tipo de tecnologia aplicável à área de Data Center e de Telecomunicações tem enorme potencial de ganhos em redução do consumo de energia.

Não devemos esquecer da adoção de controles integrados inteligentes, programados para priorizar o consumo de energia, proporcionando excelentes resultados se aplicados em instalações com equipamentos energeticamente eficientes.

A responsabilidade sustentável do fornecedor

Os fornecedores que embarcarem nessa jornada sustentável devem se ater a alguns pontos para garantir que os compradores de suas soluções e produtos se adequem as necessidades que essas novas medidas trarão ao mercado:

  • Propor soluções confiáveis e customizadas aos operadores de Centro de Dados e de Telecomunicações em substituição à habilidade de vendas de maquinas, em quantidade.
  • Prestar Serviços de Consultoria para que através de simulações virtuais se consiga eleger a melhor solução e o menor PUE possível seja em novos projetos ou em Retrofits;
  • Integrar-se ao cliente para trabalhar em prol das suas metas.
  • Manter o mercado informado das tecnologias disponíveis e das soluções mais promissoras no quesito energia.

A responsabilidade do Cliente

Com os fornecedores cumprindo o seu papel, cabe aos clientes e empreendedores priorizarem as soluções e equipamentos que proporcionem a melhor solução com maior confiabilidade, eficiência energética com menor PUE.

É preciso permitir aos fornecedores do mercado que contribuam com as suas soluções; reformar as regras de Concorrência e de Compliance de maneira a priorizar a Eficiência em substituição ao baixo preço ou à fidelidade a produtos ineficientes e não desprezar nenhum ganho energético. A economia de energia proporcionada por tecnologias modernas deve ser sempre bem-vinda.

Uma nova visão

Como análise final, vemos que as ameaças criam oportunidades de mudanças de posturas e quebra de paradigmas. Está na hora de aproveitarmos todas as possibilidades de uso racional da energia e do menor consumo deste importante e escasso insumo.

De nada adianta somente a adoção de energia renovável sem que concomitantemente se gaste menos energia nos processos e sistemas. Desta forma haveria mais energia limpa disponível para atingir a plenitude de seu crescimento.

A negação da utilização das Tecnologias de Free Cooling, a manutenção da concepção de projetos e especificações desatualizadas tornam os processos inseguros, e com alto custo operacional. Desprezar o uso de Free Cooling Direto em locais onde a temperatura é mais baixa, significa jogar energia fora, onerar a sua operação e dispensar um recurso extraordinário de manutenção da operação em caso de pane grave, como perda de água de refrigeração, pane na entrada do grupo gerador de emergência, vazamento de combustível e outras falhas de controle.

Não poderemos desenvolver soluções de baixo consumo sem uma efetiva abertura às novas tecnologias e inovações. No Brasil ainda não temos plena consciência de que, através de utilização de novas tecnologias poderemos evoluir e mitigar fortemente a ameaça aos apagões. O uso de outras soluções energéticas sustentáveis melhora a segurança operacional e reduz o impacto do custo de energia nas suas operações.

Não temos outra alternativa a não ser unir operadores e fornecedores na busca incessante de soluções que podem nos tornar mais sustentáveis no mais amplo sentido desta palavra.

Esperamos que o apagão fique somente na ameaça, mas que possamos tirar como lição uma nova postura que possa proporcionar atitudes e ações em prol da redução do consumo de energia.