Promover a sustentabilidade empresarial é uma das metas prioritárias na agenda das corporações para 2023. Consolidar práticas sustentáveis e implementar políticas que contribuam com resultados positivos no âmbito do ESG (Enviroment, Social and Governance) são o dever de casa de quem visa prosperar no atual ambiente de negócios – cada vez mais pressionado por consumidores, investidores e trabalhadores que clamam por marcas e companhias com posicionamentos firmes quanto à descarbonização de suas atividades.

Segundo o estudo “If Not Now, When?”, da Climate Impact Partners em parceria com o Imperial College de Londres, de setembro de 2022, quase dois terços (63%) das 500 maiores companhias globais listadas pela revista Fortune elevaram as suas metas de descarbonização até 2050.

Nesta busca, uma pauta deve ganhar ainda mais centralidade: a mitigação do impacto ambiental gerado pelos data centers. O desenvolvimento de infraestruturas tecnológicas mais “verdes” se torna medida inadiável para o êxito das estratégias de redução de emissões das empresas. Com o avanço da digitalização da economia, caberá aos líderes de operações e CIOs tomar à frente deste movimento, colaborando para uma tomada de decisão, no sentido de proporcionar maior eficiência energética e diminuição do reflexo ambiental residual do processamento de dados – seja direto ou indireto – no escopo total do negócio.

Dados “carbon free”

Estima-se que o faturamento da indústria de data centers supere os US$ 342 bilhões neste ano – rompendo a barreira dos US$ 410 bilhões em 2027 (crescimento de 4,66% ao ano), conforme cálculo do instituto alemão Statista. Como reflexo, o desenvolvimento deste setor ao redor do mundo deverá significar um boom de demanda por energia elétrica e recursos para colocar os novos centros de dados em operação.

A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) revela que o consumo de eletricidade dos data centers cresceu 60% entre 2015 e 2021. O mesmo percentual de elevação foi verificado para as redes de transmissão de dados.

De acordo com o pesquisador Anders S. G. Andrae em seu artigo intitulado "Novas Perspectivas sobre o Uso de Eletricidade na Internet em 2030", o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) consumiu cerca de 7% de toda a energia elétrica produzida globalmente em 2020.

Como resultado, empresas estão começando a procurar maneiras mais sustentáveis de gerenciar seus dados, optando por soluções como green data centers. Com alto investimento em inovação e alimentados por fontes de energia renovável, os green data centers têm experimentado um crescimento significativo no setor, com previsão de movimentar cerca de US$ 181,9 bilhões em negócios até 2026, de acordo com a agência Mordor Intelligence.

Em resposta, a preocupação dos players de tecnologia tem sido investir em soluções e processos que reduzam o Power Usage Effectiveness (PUE): métrica que define a performance energética do data center, avaliando fatores como uso real e desperdício. O PUE é representado por uma escala entre 1 e 3, onde o número mais baixo representa um data center energeticamente mais eficiente, enquanto no sentido oposto – mais próximo de 3 – significa uma infraestrutura que necessita de aprimoramento neste sentido.

Para tangibilizar a economia de energia proporcionada pela redução do PUE, basta imaginar que o índice médio nos data centers do Brasil está em 2,40 – cerca de 15,4TWh de consumo elétrico anual. Caso estivesse alinhado à média global (1,70), a eletricidade economizada seria o suficiente para abastecer 2,4 milhões de famílias no país.

Na green4T, por exemplo, são oferecidos serviços focados na otimização do data center, por meio da implementação de uma jornada de eficiência energética. Ou seja, o método atua nos campos físico e lógico do centro de dados, a partir de um plano de ação multidisciplinar (MAP), que pode diminuir em até 60% o consumo de energia.

As medidas incluem uma avaliação prévia criteriosa da maturidade da infraestrutura de TI da empresa; otimização dos sistemas energia e climatização; enclausuramento de corredores de ar; prolongamento de vida útil de componentes e equipamentos.

Enquanto o acesso à energia renovável não contempla a maior parte dos centros de dados em operação – tanto pela complexidade dos projetos, quanto pela necessidade de investimentos robustos –, ficou evidente que há uma ampla gama de ações de baixo custo financeiro e alto impacto ambiental positivo que podem ser tomadas imediatamente pelos líderes de tecnologia e operações das empresas.

Um desenho de futuro possível, onde negócios e natureza estejam mais conectados, integrados e, principalmente, coexistindo de forma mais harmoniosa resultando em ganhos financeiros para as empresas e ambiental para o planeta.