No mundo, milhões de servidores geram grandes quantidades de calor ao manipular e processar dados dentro do data center, que conta com o sistema de resfriamento, o famoso "Cooling", para reduzir a temperatura do hardware.

Hoje, em um moderno data center, o sistema de resfriamento em larga escala, regula vários parâmetros para que o data center alcance a máxima eficiência. Esses parâmetros, incluem temperaturas, desempenho, consumo de energia e características de fluxo de fluido de resfriamento. Todos esses fatores, estão interconectados e afetam a eficiência geral do data center. Acrescentando que quando se menciona gastos, o consumo elétrico de refrigeração pode chegar a 50% do consumo energético e 40% dos custos de um data center. Sendo assim, investir na otimização da refrigeração do data center é primordial para as empresas hoje.

Buscando saídas viáveis para tais investimentos, a DCD conversou com a Alexandre Kontoyanis, gestor de operações de data center do Babcock International Group, membro da diretoria da ASHRAE e instrutor de Cooling da DCPro Development. Confira aqui.

DatacenterDynamics: As empresas brasileiras vêm investindo na otimização dos sistemas de refrigeração de seus data centers?

Alexandre Kontoyanis: Sim, mas de forma incipiente ainda. Os grandes fabricantes começaram a apresentar soluções melhores e com uma aplicação mais simples em nosso país. Entretanto, ainda observo data centers utilizando técnicas antigas de refrigeração e também tenho visto novos projetos com soluções "padrão" de refrigeração.

DCD: Qual tipo de soluções de refrigeração essas empresas costumam optar?

A. K.: A grande maioria utiliza chillers e ventilação perimétrica com insuflamento através de piso elevado. Até uma certa densidade de carga de TI é uma estratégia eficaz, mas existem várias outras estratégias híbridas que possuem a mesma confiabilidade com um consumo energético muito menor.

DCD: Quais são as atuais tendências e quais são as novas tecnologias para Cooling nos data centers?

A. K.: Atualmente, as grandes densidades demandadas pela IoT, Blockchain e outros passaram a exigir da área de Cooling novas tecnologias que permitam suportar esse aumento de densidade em espaços cada vez menores. Com isso, a Refrigeração Líquida está se firmando como uma tendência para esse tipo de aplicação.

DCD: O que impede a indústria de data center de adotar de forma massiva a Refrigeração Líquida por imersão?

A. K.: A indústria de data center é conhecida por sua aversão à riscos, visto que indisponibilidades por vezes trazem riscos devastadores. Dito isso, novas tecnologias normalmente são incorporadas à data centers "convencionais ou clássicos" após os players mais ousados (como Google, Amazon, Alibaba, Microsoft, Facebook e outros...) usarem com sucesso essas tecnologias.

DCD: Que impactos terão o uso da IoT, Inteligência Artificial e do Big Data em data centers no setor de Cooling?

A. K.: Essas aplicações passam a deixar a metodologia tradicional de resfriamento (perimetral) insuficiente, levando projetistas a especificar sistemas de maior capacidade de remoção de calor. Com isso, vejo que cada vez mais aplicações de alta densidade passarão a sobrepor as tecnologias de baixa densidade.

DCD: Diante da crise climática global, quais passos o setor de Cooling tem que dar para ajudar os data centers a melhorar a eficiência energética?

A. K.: Definitivamente uso massivo de Free Cooling. Em novos projetos, é imperativo que sigam as premissas colocadas na norma ASHRAE 90.4, onde essas questões são levadas em conta.

DCD: A Inteligência Artificial implementada em um data center implica no aumento da demanda de carga de trabalho. Como isso afeta o Cooling?

A. K.: Se não for implantada de forma correta, pode acarretar no aparecimento de hotspots na sala branca. Esse pontos de alta temperatura podem levar equipamentos de TI a se desligarem por superaquecimento, podendo levar à indisponibilidades.