Com uma extensão de 2 mil quilômetros, trecho do cabo submarino Tannat foi desenvolvido com a missão de levar infraestrutura de Santos (SP) a Punta del Este (Maldonado), no Uruguai. A iniciativa, que é resultado de uma parceria da operadora uruguaia com o Google, possui uma capacidade estimada em 90 terabytes por segundo e foi construída pela Alcatel-Lucent Submarine Networks.

Eminentemente uma operadora, a Administração Nacional de Telecomunicações - Antel, possui dois data centers em operação, e nos últimos anos tem utilizado diferentes tecnologias em prol das telecomunicações.  

Para a Antel, a América do Sul é um mercado em ascensão, o que vem sendo comprovado através da implantação de diversas rotas submarinas. Hoje, além do Tannat, muitas outras operadoras regionais vêm realizando projetos. Um deles é o da Telecom Argentina, que juntamente com a Seaborn Networks desenvolveu o ARBR, cabo submarino que conecta Buenos Aires a Nova York. Neste projeto, o ponto de partida é o Brasil; a landing station do ARBR fica na Praia Grande (SP) e de lá, segue para Nova Iorque através do cabo submarino Seabras-1.

Paralelo a este projeto, o Brasil vem desenvolvendo em parceria com a Espanha, o EllaLink, cabo submarino que conecta São Paulo a Madri, também interligando Lisboa e ao longo do trajeto, as Ilhas da Madeira e das Canárias, além de Cabo Verde. O cabo possui 9200 km de extensão e uma capacidade de 72 terabytes por segundo.

Também passando pelo Brasil, está o cabo Monet. Fruto de um consórcio entre a Antel, Algar Telecom, Google e Angola Cables, o cabo conecta Santos e Fortaleza com a cidade de Boca Raton, na Flórida, Estados Unidos. A Equinix foi selecionada pelo consórcio para receber a estação do cabo submarino na Flórida.

Já para o Pacífico, a operadora de telecomunicações GTD tem como meta, implantar um novo cabo submarino que irá interconectar data centers do Chile, Peru e Colômbia. Ao todo, o cabo possuirá 3.500 km de extensão e estará submerso a uma profundidade de 2000 metros.

Também no Chile, se estuda a possibilidade de implantação de um cabo que conecte o país com a Ásia, o chamado "Porta Digital - Asia South America". Até o presente momento a Subtel (subsecretaria de telecomunicações do Chile), vem fazendo pesquisas de mercado a esse respeito. 

Em busca de mais detalhes sobre o cabo submarino Tannat, a DCD conversou com a Antel, e traz abaixo mais detalhes para você. Leia, a entrevista, a seguir.

Tatiane Aquim: Qual será a extensão e capacidade total do Tannat?

Antel: A previsão é que o comprimento total do cabo alcance 12.000 km e chegue até aos Estados Unidos, à cidade de Boca Ratón (Flórida).

A Antel possui uso exclusivo de dois pares FO com capacidade de 40 terabytes, o que garante atendimento de 100% da demanda do mercado uruguaio, deixando capacidade ociosa para prestar serviços a terceiros.

T.A.: Desde quando o cabo está em operação? 

Antel: Em operação desde agosto de 2017, a expectativa de vida útil do cabo é de 25 anos, que é o ciclo de vida deste tipo de tecnologia. Mas é recomendável iniciar a instalação de um cabo substituto um pouco antes deste prazo. Seja devido à expiração ou a capacidade, que vai sendo reduzida em relação à demanda por largura de banda que pode ocorrer no futuro.

T.A.: A operação do cabo tem sido positiva?

Antel: Sim, 100% satisfatória, sem grandes problemas técnicos ou qualquer surpresa indesejavel por parte da administração.

T.A.: O cabo Tannat funciona como uma extensão do cabo Monet? 

Antel: Não. Não se trata de uma extensão. Mas sim de uma conexão de um cabo com o outro. Ambos os cabos possuem diferentes capacidades. O Monet tem 60 terabytes e o Tannat tem 90 terabytes. Ou seja, são dois cabos com diferentes capacidades, mas com um sistema de interligação específico que permite a conexão via cabo FO entre Montevidéu e Boca Ratón.

T.A.: Gostaria que falasse sobre os data centers da empresa.

Antel: A Antel possui dois data centers em operação. O mais antigo está instalado no bairro de Pocitos, em Montevidéu e possui certificação Tier III. O segundo, foi inaugurado em 2016, recebeu investimento de US$ 50 milhões, está instalado em Pando, região metropolitana de Montevidéu, e também possui certificação Tier III. Está prevista a construção de um terceiro data center nos próximos anos.