A quinta geração de tecnologia sem fio promete mais do que apenas uma conexão mais rápida, o que ajudará a redefinir a rede, estabelecendo um novo padrão sem fio global para velocidade, taxa de transferência e largura de banda. Sabendo que uma rede 5G constrói uma ponte para o futuro, a TIM vem investindo na modernização de suas redes. Em entrevista, Homero Salum, Gerente de Engenharia da TIM Brasil, revela as estratégias que vêm sendo adotadas pela operadora de telefonia para a consolidação do 5G no país. Leia, a seguir.


DatacenterDynamics: Qual é o ritmo de adoção do 5G no Brasil? Estamos muito atrasados em relação ao resto do mundo?

Homero Salum: Com o leilão de frequências acontecendo ainda em 2021, é possível acompanhar o ritmo de implementação do 5G de muitos países, que estão também realizando seus leilões este ano. Estamos confiantes que todo o processo será feito da forma mais eficiente possível. Alguns países da Ásia, como China e Coreia do Sul, já têm sua população completamente adaptada à rotina com 5G, enquanto vários países europeus também estão terminando seus processos licitatórios. Desta forma, não estamos tão longe assim do resto do mundo e inclusive a adoção do 5G SA, como estabelecido pela Anatel para atendimento das obrigações, colocara o Brasil num estágio tecnológico de vanguarda mundial.

DCD: Quais são as expectativas da TIM com a consolidação do 5G?

H. S.: Acreditamos que o 5G atende aos principais motivadores socioeconômicos da sociedade, como saúde, energia, logística, agricultura, manufatura, segurança, tecnologia de informação e comunicação e economia criativa. Para tal a TIM está pronta, com soluções que habilitam a transformação digital nas empresas, permitindo o avanço da chamada Indústria 4.0 e aplicações de IoT (Internet das Coisas) com eficiência, segurança, flexibilidade e sustentabilidade. A habilitação da IoT de forma massiva (B2B2C), de altíssima velocidade e soluções de baixa latência, será o grande diferencial do 5G, que traz uma série de benefícios e soluções, e representa uma enorme oportunidade para o Brasil enfrentar problemas crônicos.

Acreditamos que a conectividade disponibilizada pelo 5G irá habilitar projetos em Telemedicina, Transportes e Infraestrutura, por exemplo. Estes são os próximos segmentos de interesse da TIM em seu projeto de expansão de serviços IoT. Em Telemedicina, queremos habilitar serviços remotos de consultas e atendimento, ligando médicos e pacientes, especialmente em cidades e comunidades carentes pelo país. A possibilidade de reduzir índices de mortalidade e agilizar consultas, evitar o deslocamento do paciente e levar atendimento médico de qualidade, com rapidez e eficiência, habilitado pela conectividade da TIM. Oferecer ganho de eficiência em transportes modais, como ferrovias, colocando soluções de monitoramento e logística à disposição por toda a extensão de uma via, além de beneficiar comunidades do entorno. A TIM acredita no investimento em novos mercados, em novas parcerias e em novos modelos de negócio, para ampliar conectividade e permitir a entrega de soluções cada vez mais efetivas e inovadoras.

O 5G poderá tornar carros autônomos mais confiáveis, já que o tempo de resposta (a chamada latência) será muito mais rápido (1-5 ms) do que o 4G na rede móvel. Assim, um comando para um carro autônomo será imediato. Além disso, o 5G suporta mais dispositivos conectados ao mesmo tempo (até 1 milhão por kmq), permitindo a atuação de sensores e câmeras dos carros e equipamentos instalados nas vias, auxiliando na navegação dos veículos e nas tomadas de decisões dos softwares. Um exemplo prático de como a evolução da conectividade revolucionou a mobilidade urbana no mundo é o uso de aplicativos de transporte de pessoas. Mesmo antes do 5G entrar em operação, a TIM tem iniciativas e projetos de conectividade com a indústria automobilística.

DCD: Qual tem sido a estratégia da TIM para o 5G?

H. S.: Fomos pioneiros na ativação da rede 5G no país com a criação dos Living Labs 5G TIM, inaugurados em 2019 e focados no estudo e desenvolvimento da tecnologia. Em outubro do ano passado, anunciamos as primeiras cidades recebendo 5G DSS, que consideramos ser a preparação de novos casos de uso para o lançamento do 5G.

O 5G DSS é a oportunidade de aprimorar a experiência do cliente nas áreas onde o 5G ainda não está disponível, especialmente em um período de transição. Ele não entrega todas as características do 5G, como a baixíssima latência, altas velocidades ou a capacidade de fazer múltiplas conexões de IoT, por meio do "network slicing", mas é possível ter um padrão 5G aproveitando das mesmas frequências utilizadas para o 4G, por meio do compartilhamento dinâmico de espectro (DSS em inglês). As entregas que esperamos só chegarão com o 5G definitivo, que virá somente após o leilão do espectro.

Desta forma, clientes TIM moradores de Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG) e Três Lagoas (MS) foram os primeiros a receber 5G DSS, aplicada para o caso de uso FWA (Acesso sem Fio), que disponibiliza banda larga fixa, por meio da rede móvel, otimizando infraestrutura já existente no 4G para oferecer a nova tecnologia. O foco é levar banda larga para área sem conectividade do país, com o objetivo de ajudar na inclusão digital. Em dezembro, anunciamos a expansão do projeto 5G DSS para 12 cidades, como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba, dentro de um cronograma de ações para o primeiro semestre de 2021. Na segunda parte deste projeto, ainda no início de 2021, a tecnologia 5G DSS estará disponível em Salvador, Fortaleza, Recife, Belém, Campinas, Santos e Florianópolis.

Importante ressaltar que a TIM suportou a Anatel na definição da tecnologia 5G Stand Alone como tecnologia prioritária para entregar o 5G que todos esperam. Esta é a tecnologia que vai permitir uma série de novos serviços e casos de uso, por meio de seu diferencial em termos de funcionalidade e prestações (slicing, baixa latência, altíssima velocidade de transferência de dados etc.).

O investimento em 5G stand alone, em 5G puro, é fundamental no Brasil para que os ganhos de produtividade e competitividade na cadeia produtiva nacional efetivamente sejam entregues.