"A infraestrutura digital passou a ser a chave para o processo de desenvolvimento da sociedade como um todo com a pandemia da Covid-19. Estou no cargo há quase dois meses e me sinto bastante motivado porque vejo no time LATAM da Vertiv, pessoas extremamente apaixonadas pelo nosso negócio e pelo nosso mercado. Esse engajamento e conhecimento de mercado me deixa bastante satisfeito e seguro em liderar um time como esse, que naturalmente já tem uma paixão muito grande pelo segmento de missão crítica. Então, combinando o mercado mais a quantidade de talentos e pessoas apaixonadas que a gente tem, posso dizer que tenho uma expectativa bastante alta do que vem pela frente. É muito bom estar no mercado de missão crítica, é muito bom estar na Vertiv e é muito bom liderar um time como esse", declara o novo vice-presidente LATAM da Vertiv, Rafael Garrido, que em entrevista fala sobre a atuação no novo cargo e revela a estratégia da Vertiv traçada para enfrentar os tempos de pandemia e o pós-pandemia. Leia, a seguir.

Tatiane Aquim: Você assume um novo cargo de liderança em um momento que o mundo enfrenta uma pandemia, como você encara essa responsabilidade?

Rafael Garrido: A pandemia foi um grande impulsionador de uma digitalização abrupta, forçada para todas as pessoas e empresas. Mesmo aquelas pessoas e empresas que tinham suas restrições em relação a ir para a cloud, em relação ao trabalho remoto e a utilização de ferramentas digitais, tiveram que viver essa experiência.

A avaliação que eu faço, é de que o mercado de infraestrutura digital se saiu muito bem durante a pandemia. Os data centers e a infraestrutura de telecom nunca foram tão postos a prova como neste momento. Nunca se buscou tanto qualidade de internet, de conexão de banda, de provedor de internet, o que colocou o mercado de processamento de dados e de infraestrutura crítica em evidência. Consequentemente o mercado de processamento de dados acelerou muito e o mercado de aplicação crítica, que é aonde a Vertiv atua em todos os segmentos na América Latina, passou a ser extremamente promissor. 2020 foi o ano onde os investimentos relacionados a melhorar a infraestrutura de telecom, a melhorar a capacidade de processamento de dados, a melhorar a oferta de cloud fez esses mercados crescerem, e a Vertiv por ser um player, que é realmente um parceiro de negócios dos clientes locais e regionais tem atravessado esse período muito bem. Obviamente, a crise traz outros grandes desafios, mas nós da Vertiv estamos com a expectativa bastante positiva. Eu costumo usar um termo, que é o seguinte: “sem a infraestrutura crítica digital hoje o mundo inteiro estaria em silêncio.”

Tatiane Aquim: Que estratégias serão usadas para alavancar negócios no pós-pandemia?

Rafael Garrido: A gente está em uma fase que é muito difícil planejar quando tudo voltará ao normal. Por isso, nossa estratégia para o negócio é independente da pandemia durar mais seis meses ou mais. Essa estratégia é aplicada para todos os clientes, sejam eles locais, regionais ou globais. A Vertiv está trabalhando bastante no desenvolvimento de uma estrutura LATAM, que possa suportar todos os clientes com o mesmo nível de maturidade, capacidade técnica e suporte em todos os locais.

Em termos de data center e até de telecomunicações, a gente vê muitas expansões de clientes para a América Latina, muitas empresas expandindo seus negócios pela América Latina toda, sem exceção. O fato de termos uma estratégia e podermos atender todos os clientes de maneira regional, com uma excelência de atendimento de pré-venda, venda, serviços e operação de data center, vai muito de encontro com o que os clientes vão precisar daqui pra frente.

Tatiane Aquim: A experiência de liderança no Brasil servirá para outros mercados da região ou cada país tem a sua individualidade?

Rafael Garrido: Logicamente que quando a gente fala de América Latina, região com muitos países, aspectos culturais e individualidades têm que ser respeitados, sem dúvida nenhuma. Agora, baseado na experiência que eu tenho no Brasil, que se traduz basicamente em organização extremamente focada no cliente. Isso efetivamente serve para toda região da América Latina.

Ter o cliente no centro e como foco principal para todas as decisões de toda a organização e todas as áreas, esse é um modelo que foi aplicado no Brasil e eu vou continuar aplicando, respeitando as individualidades, a cultura de cada país, de cada negócio. Cada vez mais um engajamento coletivo da organização em prol do cliente, é o que vai trazer resultados para os negócios do mundo digital e continuar desenvolvendo a nossa estratégia.

No passado se falava muito dessa coisa de foco no cliente, tratando muito a organização que é diretamente ligada ao “Customer Face”. Eu acredito que o futuro dos negócios não é ter uma estrutura de vendas focada no cliente, a empresas que vai fazer sucesso nesse segmento é aquela que como um todo está com o foco no cliente.

Quando eu falo em engajamento coletivo, eu falo em justamente toda a empresa: área financeira, jurídica, de RH e de TI, onde todas as áreas se movem, se estruturam em função do valor agregado, que deve ser gerado para o cliente.

Eu não acredito mais no conceito que se mede a satisfação do cliente por um bom suporte de vendas ou por um bom suporte de serviço. A satisfação do cliente é medida hoje, pela experiência que ele tem ciclo inteiro de relacionamento. E pra que ele tenha uma experiência que seja muito boa e que gere satisfação, é preciso envolver a organização como um todo. Essa é a cultura que eu invisto para a América Latina e é isso que faz uma empresa virar um parceiro de negócios e não um simples fornecedor dos clientes.

Tatiane Aquim: Com o novo cargo você terá que morar em outro país?

Rafael Garrido: Como VP da América Latina, eu continuo no Brasil, morando em São Paulo. Obviamente que quando o momento permitir terei uma intensidade de viagens. Mas continuarei residindo no Brasil. Muitos me perguntam se irei morar nos Estados Unidos (Miami). Mas o meu perfil de liderança sempre foi assim e não vai mudar com o novo cargo. Eu quero estar perto dos clientes e das pessoas. Quero ajudar, fazer a diferença para os nossos clientes. Por isso, com certeza o melhor lugar para eu estar é na América Latina.

Tatiane Aquim: Você passa a ocupar o cargo exercido pelo Fernando García, como vem sendo feita essa transição?

Rafael Garrido: A gente tem trabalhado junto nesse processo de transição. O Fernando está mudando de Miami para a Europa, ele vai ocupar uma posição global de canais, mas a gente continua em contato constante fazendo essa transição.

Por outro lado, eu já tinha uma interação muito grande com o time de liderança e com os times de outros países, nos principais projetos regionais que foram feitos pela Vertiv nos últimos anos; acabei liderando os times locais, mesmo estando no Brasil.

Então, pelo conhecimento prévio que eu já tinha de outras regiões, pela boa relação que eu sempre tive com o Fernando e com todo o suporte que eu estou recebendo do corpo executivo global da Vertiv, esse processo de transição de liderança está sendo bastante positivo.

Tatiane Aquim: Como você mapearia o mercado brasileiro e LATAM de data center e a presença das soluções e serviços Vertiv nesse quadro?

Rafael Garrido: De maneira geral, no mercado de processamento de dados, data center, colocation e enterprise a Vertiv tem uma presença muito forte em toda a América Latina.

Nós dividimos a América Latina em três grupos ou regiões SSA, Brasil e NOLA, que pega toda região do México, Colômbia e América Central; Brasil e SSA que abrange o restante da América do Sul.

Nossa penetração no mercado de infraestrutura crítica para telecom e data center é bastante significativa. Agrega-se ainda alguns mercados da América do Sul, como mercado de Minas e Energia do Chile e da Colômbia, onde o processamento tem uma presença bastante sólida. De uma maneira geral, a gente tem uma presença bastante forte e posição de liderança na infraestrutura de telecom e de data centers, seja enterprise ou colocation. Como também em outros mercados, como o financeiro do Peru e de minério no Chile e da Colômbia.

Temos uma diversidade bastante grande nos mercados que a gente atende, onde ocupamos uma posição de liderança no atendimento às necessidades de missão crítica. Porém todos esses mercados, alguns mais acelerados e outros menos, estão passando pela Transformação Digital, estão em processo de preparação para o 5G e Edge Computing. Por isso, novos mercados e oportunidades irão surgir na América Latina e novas demandas virão nos mercados que a gente já atende. Eu diria que de uma maneira geral a gente tem uma posição de liderança bastante forte, com vários outros mercados surgindo em função da digitalização.

Tatiane Aquim: No Brasil de ponta a ponta, como você definiria a atuação da Vertiv?

Rafael Garrido: Na parte de infraestrutura de telecomunicações, a Vertiv já tem uma presença forte em todas as regiões, é hoje um player de missão crítica bastante importante para todas as grandes telcos, que atuam no Brasil como um todo. Na parte de data center, temos uma participação bastante importante no Nordeste. Obviamente, data center está bastante concentrado no Sudeste, mas por um movimento do mercado do que por uma não penetração nossa.

Em termos de preparação para o que vem desses mercados que hoje não processam tantos dados, Edge Computing e 5G abrem um horizonte em relação a processamento de dados; a Vertiv já vem há anos pulverizando a infraestrutura de serviços pelo país todo; pulverizando o atendimento, investindo na rede de canais que chegam nos mais diversos locais, justamente porque entendemos que estes mercados que hoje talvez a demanda por processamento de dados é um pouco menor, vão passar por um boom muito grande. Os players que vão ser relevantes nesse mercado precisam ter organizações e coberturas geográficas completas. Faz três anos que a Vertiv começou a investir nisso e hoje tem uma infraestrutura de serviços e de vendas extremamente pulverizada pelo país, justamente para estar pronta e ser um player relevante e decisivo na onda do 5G e da Edge Computing.