Há um ano, a DatacenterDynamics realizou uma pesquisa sobre quais seriam as tendências tecnológicas que marcariam 2020. No relatório foram listados: mudanças climáticas, tendências em Cooling, Edge Computing e TI Híbrida, entre outros temas. E de repente o inimaginável aconteceu. Veio a pandemia da Covid-19. Os esquemas das empresas de tecnologia ao redor do mundo tiveram que dar uma guinada de 180 graus para se adaptarem ao que em poucos dias foi chamado de "o novo normal".

Com a chegada do coronavírus e o isolamento social, seguido do lockdown em várias cidades, a vida mudou para todos e, de repente, a prioridade passou a ser que os sistemas de conectividade estivessem em pleno funcionamento sem interrupções 24 horas por dia; e dentro desse novo normal fosse possível que todos trabalhássemos de casa, sem quedas nos serviços de internet, com a maior segurança possível. O que foi alcançado.

E agora?

Agora, com a chegada de 2021, os data centers continuam a se adaptar às adversidades que a pandemia causou no mundo todo. A implantação do 5G, a aceleração e migração para ambientes em nuvem, o aumento da automação, segurança e Inteligência Artificial têm destacado a necessidade do mercado de armazenamento continuar se adaptando a um quadro tecnológico cada vez mais generalizado para as empresas, que em meio ao novo cenário continuam trabalhando nos planos que vinham traçando em 2020, de olho ainda no coronavírus.

Felizmente para todos, as empresas de tecnologia têm a intenção e o interesse de continuar trabalhando incansavelmente para que o mundo siga conectado. E como não poderia ser de outra forma, nós da DCD, entramos em contato com líderes da indústria para perguntar sobre quais tendências impactarão o setor de tecnologia em 2021.

  • Automação, IA, Machine Learning e Monitoramento Remoto

Pensando em Automação, a tendência é clara: caminhamos para data centers cada vez mais inteligentes e automatizados. Algoritmos de Inteligência Artificial para automação de tarefas e manutenção preditiva são cada vez mais prevalentes em data centers.

Vem sendo desenhado na indústria, um novo software de automação que permite configurar um conjunto de interruptores como se fossem uma única solução, que visa simplificar tarefas e operações diárias.

Responsável pelas de operações dos Data Centers da Conbras, Fabiano Azevedo avalia que, a gestão operacional entrará com muita intensidade na Transformação Digital; softwares CMMS estão sendo adaptados para aplicação de IoT, IA, Machine Learning e Realidade Aumentada; e que já existem iniciativas e resultados bastante interessantes no mercado.

"Em Gestão de Ativos, com o viés de diminuir custos e aumentar a confiabilidade dos data centers, estão sendo aplicadas as melhores práticas de manutenção em ativos desenvolvidos pelas grandes indústrias globais, com aplicação de conceitos como LCC, RCM, TPM e ISO 55001 estão entre os diferenciais", destaca.

O CEO da Ação Engenharia, José Starosta, avalia que “junto com a gestão de ativos, o controle de custos de operação e energia continua como foco. Apesar da monitoração remota impactar no aspecto da Cibersegurança, esta especialidade tem ainda campos a serem desenvolvidos e o desenvolvimento deve ser contínuo. Retrofit de data centers antigos continuam como prováveis”.

Alguns consultores de TI avaliam que está ocorrendo um movimento no mercado de pequenos e médios data centers e cada vez mais vem sendo aplicado o gerenciamento remoto como um todo, com vista em transferir a responsabilidade da gestão, operação e manutenção da infraestrutura para o prestador de serviços, que já estão utilizando ferramentas e plataformas de gestão e supervisão com IA, com análise de tendências e antecipação de ações, evitando falhas. O uso de DCIM neste porte de data centers está minguando com o abandono de plataformas instaladas.

  • Energia e Sustentabilidade

Um dos pontos fortes do data center, a Eficiência Energética, está entre as maiores preocupações dos gestores de TI. Por isso, estes profissionais devem estar sempre conectados às novidades que o mercado oferece. Aumentar o desempenho, reduzir gastos e minimizar problemas futuros devem ser os principais objetivos, aponta José Starosta, CEO da Ação Engenharia. Segundo o especialista em Eficiência Energética, investimentos em fontes de contingência (e HVAC) escaláveis e de maior rendimento devem estar em todos os projetos. "Não acredito em fontes renováveis nos data centers, mas eventualmente em usinas independentes com contratos junto as distribuidoras”, afirma.

Alguns consultores de TI apontam pelo mesmo caminho de José Starosta, afirmando que poucos são os data centers onde se aplicam os conceitos de energias renováveis e que a maior preocupação do mercado hoje, ainda é pela alta disponibilidade em detrimento da eficiência e sustentabilidade. Há hoje poucas iniciativas utilizando energia solar para os serviços não essenciais das instalações do data center.

  • Cooling

É sabido que data centers são grandes consumidores de energia elétrica. De acordo com o especialista em Refrigeração de Data Centers, Alexandre Kontoyanis, Gestor de Missão Crítica da Conbras, em um data center com PUE=2, o sistema de refrigeração pode representar até 40% da conta de energia. Segundo o especialista, quando se busca maximizar a economia, os primeiros passos devem ser dados nos sistemas que mais gastam. Sendo assim, a área de refrigeração é a principal quando se fala no aumento da Eficiência Energética de um data center.  

"Considerando as perspectivas do aumento de densidade dos equipamentos de TI em espaços cada vez menores, devido à expansão da Edge Computing, é possível perceber um forte movimento em torno da Refrigeração Líquida, seja ela diretamente nos chips ou por imersão. Além disso, com a revisão da norma ASHRAE este ano, as atenções deverão estar voltadas aos novos limites de umidade e controle de contaminantes na atmosfera do data center. Por consequência, essa maior flexibilidade no controle da umidade pode levar a maiores possibilidades de Free Cooling em diversos países tropicais", destaca o Gestor de Missão Crítica da Conbras.

José Starosta acrescenta que, a necessária fonte elétrica de contingencia de maior confiabilidade ao Cooling, traz oportunidades aos UPS – DRUPS rotativos de grande porte. “Existe um interessante ponto de equilíbrio relacionado ao aumento das temperaturas dos ambientes e a tolerância dos servidores às temperaturas e a busca pelos fabricantes de sistemas mais eficientes. Acredito em aumento de eficiência de Cooling baseado em automação especifica”, completa.

Conclusão

Não sabemos ao certo o que vai acontecer este ano. Mas o que temos certeza, e é isso que os especialistas de TI, com quem conversamos nos informaram, é que eles estão preparados para cumprir seus objetivos e enfrentar o que for necessário; porque se eles conseguiram manter a os serviços de TI mais fortes do que nunca, apesar da situação que vivemos em 2020, as previsões não podem ser mais otimistas para todos.

Teremos que esperar até o final do ano para saber se acertamos nos pontos que foram listados. Mas o que temos certeza é que as empresas de TI estão preparadas para continuar dando tudo de si para que 2021 seja um sucesso de conectividade para todos.