Sede de um dos principais ecossistemas tecnológicos do país, a cidade do Recife vai receber um investimento de mais de R$ 110 milhões (US$ 20 milhões), o que aumentará a competitividade da prestação de serviços em sete estados do Nordeste, além de aproximar grandes players de TIC de Pernambuco. O aporte na construção de um novo data center (Tier 3 com 400 racks) e uma landing station para o cabo submarino anunciado em 2019 pelo Governo do Estado será realizado pelo consórcio de investidores Recife Co., em parceria tecnológica com a Seaborn Networks, empresa sediada em Boston, Massachusetts (EUA). As obras serão iniciadas em maio do próximo ano, com perspectiva de início das operações em janeiro de 2022.

A atração do data center é o segundo passo do consórcio de investidores após o anúncio do cabo submarino, que vai conectar Pernambuco à internet global de alta performance e, consequentemente, reduzir o custo pela contratação de conexão de baixa latência. De acordo com o projeto, o data center será acoplado às instalações da Estação de Aterrissagem (CLS - Cable Landing Station) da derivação do cabo submarino do SeaBras-1, projeto que exigiu tratativas por mais de dois anos entre o governo estadual, Prefeitura do Recife e empresários. O investimento de US$ 20 milhões vai complementar os US$ 40 milhões que serão aportados na construção do cabo, a partir de agosto de 2021 - empreitada também bancada pela Recife Co., em parceria com a Seaborn Networks. 

O data center é classificado como um projeto “Green Solution”, por conta do baixo consumo de água para os refrigeradores de ar e menor consumo energético para esse tipo de empreendimento. Com a economia recifense representada quase 60% pelo setor de serviços, a expectativa dos empreendedores é que sua construção, aliado ao cabo submarino, passe a ser uma vantagem competitiva de Pernambuco sobretudo para atrair empresas que ainda não estão instaladas no Recife, mas dependem de comunicação direta com as Américas, Europa e Ásia.

A expectativa é que o novo data center funcione como fator de atração para grandes players de tecnologia aportarem no Porto Digital, parque tecnológico de classe internacional que em 2019 abrigava mais de 339 empresas, gerando mais de 11,6 mil empregos diretos. O faturamento do Porto, no ano passado, foi de R$ 2,35 bilhões.  Para se ter uma ideia, o polo pernambucano de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é o terceiro maior contribuinte de ISS (Imposto Sobre Serviços) do Recife, atrás de saúde e educação. 

“Sem dúvida alguma, a chegada desses dois ativos a Pernambuco irá proporcionar um incremento nos negócios do Porto Digital, ajudando a atrair novas empresas e startups para o nosso parque tecnológico, o que vai gerar um aumento significativo de empregos e faturamento no ecossistema da tecnologia da informação e da economia criativa no Recife e em todo o Estado”, comenta o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena.

O Projeto

O data center da Recife Co. atraído para Pernambuco funcionará como um complexo de três pisos, dividido da seguinte forma: no térreo, haverá uma área dedicada ao desembarque do cabo submarino SeaBras-1,  estrutura de 500 quilômetros que colocará o Recife em conexão direta com São Paulo e Nova York, duas das maiores capitais financeiras das Américas. A conexão que chegará à capital pernambucana fará uma “ponte” com a já existente estrutura de 10,5 mil Km de cabos do SeaBras-1, que começa em NY e vai até Praia Grande (SP) pelo fundo do mar.

Este piso abrigará uma parte do complexo denominada “Cable Landing Station”. No mesmo nível ficarão as construções para os equipamentos da subestação, moto gerador, sistema de energia ininterrupto, central condicionadora de ar e equipamentos de energia para o cabo submarino. Além disso, a sala de Telecom para entrada e saída de cabos de fibras óticas, escritórios, salas de reunião, recepção, depósito e construções auxiliares. 

O primeiro e segundo andares, por sua vez, serão compostos de “data halls” (salas para abrigar os servidores das empresas contratantes). Eles serão preenchidos em quatro fases, cada uma com 100 “racks” para servidores e cada rack com potência média permitida de 10KW cada um. Com a ocupação plena com todos os “data halls”, o consumo de energia será 5MW. De acordo com a Recife Co., a infraestrutura do data center será suprida por duas linhas independentes de energia elétrica de alta tensão de 13,8 KV. 

Operação da Seaborn no Brasil

O SeaBras–1, cabo submarino construído pela Seaborn Networks e Alcatel-Lucent Submarine Networks, é composto de seis pares de cabos de fibra óptica e tem capacidade para transportar dados a 72 terabits por segundo, ao longo de 10,8 mil quilômetros no Oceano Atlântico. O investimento foi de US$ 500 milhões. A conexão interligando o cabo ao Recife, por sua vez, será construída a partir de um consórcio liderado pela Recife Co. A previsão é que as operações sejam iniciadas em julho de 2022.