Um Data Center eficiente, com informações em tempo real para resolver qualquer problema de forma proativa, gerenciando a complexidade da infraestrutura, mantendo a satisfação do cliente e reduzindo a pegada de carbono. É assim que podemos descrever um Data Center plenamente automatizado?
Segundo a Ernst & Young Global Limited, em seu relatório "Transformação com Digital Sense", 80% das empresas na América Latina reconhecem que as estratégias de automação e conectividade representam um catalisador de desenvolvimento para o futuro.
Mas embora a automação traga muitos benefícios para os Data Centers, de acordo com Pilar Alcazar, VP de Vendas e Marketing da Bjumper, as empresas ainda não visualizam estrategicamente as operações dos Data Centers automatizados como uma competência crítica dessas empresas.
Com informações avançadas sobre áreas como níveis de umidade e temperatura, os operadores podem se beneficiar de maior visibilidade, bem como de um melhor equilíbrio das cargas de trabalho, custos e eficiência energética em todo o Data Center.
A Alphabet, empresa matriz do Google, é uma das empresas que conseguiu automatizar o monitoramento em um Data Center. Ela conseguiu reduzir o consumo de energia dos dados em 40%, com um mecanismo de recomendação de Inteligência Artificial baseado em nuvem que utiliza dados de sensores em tempo real para prever padrões futuros de consumo e identificar como economizar energia.
Outro exemplo é a Fujitsu, que economizou anualmente $230.000 em custos de energia ao instalar sensores sem fio para coletar dados ambientais e otimizar as condições em seus Data Centers.
De acordo com o relatório Bjumper e DCD 2022 sobre investimento em ferramentas de automação para Data Centers, vemos que cerca de 20% das empresas têm seus sistemas automatizados.
"Há uma real consciência das camadas de definição do projeto, ou seja, os responsáveis dentro do Data Center, que propõem projetos de automação. Eles estão cientes da melhoria na operação que isto significa. Mas em camadas mais relacionadas ao local onde o investimento é feito, ainda há uma grande falta de consciência de que a infraestrutura física ainda é a base que suporta o serviço digital", diz Pilar Alcazar.
Ela acrescentou: "Para um CEO, é muito mais fácil investir milhões em tecnologias relacionadas a bancos de dados ou questões mais próximas ao serviço digital. Eles dirão: "Mas até agora funciona, não é?". Esta barreira do "até agora está funcionando" é difícil de superar por aqueles que vivem o dia-a-dia e são puramente responsáveis pelo Data Center. Esta é a barreira que se encontra, de como obter este financiamento".
Tendências de automação
Pilar Alcazar diz que, embora no passado tenha sido feito muito trabalho dentro dos Data Centers, em termos de projeto e construção eficiente, nos últimos anos, a sensibilidade dos gerentes dos Data Centers tem sido muito mais focada na melhoria da gestão.
"Até o momento, a administração tem sido muito manual. E a gestão baseada em múltiplas fontes de informação. Cada departamento administra sua parte do Data Center de uma maneira muito individualizada. Portanto, as tendências atuais são no sentido da unificação das informações para a tomada de decisões", explicou ela. Segundo a especialista, cada vez mais clientes compreendem que "embora existam fontes diferentes, elas não podem ser separadas umas das outras, mas precisam coordenar como são colocadas em contexto com as diferentes fontes de informação".
Outra tendência de automação, de acordo com Pilar Alcazar, é a gestão de ativos de TI. Ela explica: "É muito difícil fazer uma boa gestão de ativos de TI. É por isso que uma das tendências é automatizar a gestão desses ativos de TI, principalmente através de tecnologias de identificação de ativos, como o NFC, uma tecnologia de curto alcance. Neste caso, trata-se de fazer a identificação de ativos através de etiquetas que são passivas. O custo destas etiquetas é realmente baixo. Elas permitem escrever, apagar e reescrever o dado de um ativo de tal forma que você possa até mesmo rastrear um movimento no Data Center através desta tecnologia NFC".
Finalmente, a VP de Vendas e Marketing da Bjumper aponta para a eficiência energética. "Um dos grandes custos no Data Center continua sendo o lado energético, portanto a terceira tendência é a automação das máquinas climáticas de acordo com as exigências da carga de TI”.
"Precisamos saber o que pedir para a Inteligência Artificial".
Pilar Alcazar analisa que a inteligência artificial poderá ser usada para questões preditivas no Data Center, mas é necessário ter um modelo de dados para que a ferramenta possa tirar conclusões.
"Toda a parte analítica será baseada em Inteligência Artificial". Já temos o ChatGPT, poderíamos até escrever este post através de um ChatGPT. Este tipo de tecnologia virá para a indústria do Data Center, mas hoje eu acho que não temos dados para esta Inteligência Artificial. Há muitos dados que não são classificados. E para que a IA utilize os dados encomendados, é preciso saber o que perguntar a esta ferramenta", explicou Alcazar.
Jesús Peñalver, Especialista Técnico da Toshiba, diz que a IA e a robótica são as grandes tendências em automação. "Robótica para realizar serviços básicos, tais como troca de unidades e memórias em equipamentos de TI. AI para otimizar a temperatura de operação dos Data Centers e alertar sobre padrões meteorológicos que podem causar tempestades severas, para citar alguns usos. As vantagens residem na capacidade de maximizar as eficiências, eliminando os preconceitos humanos que podem nos impedir de extrair essas eficiências".
Peñalver acrescenta: "Outra vantagem - e desafio - é que ele pode ser operado com menos pessoal. Vantagem porque, nesta economia dos EUA, não há pessoas qualificadas suficientes; no entanto, para outros países como os da América Latina ou de outras partes do mundo, há necessidade de desenvolver mais oportunidades de emprego e treinamento técnico para a população. A automação encurta esta necessidade nestes países".
Segundo Peñalver, é possível prolongar a vida útil de um Data Center com automação. "Embora haja um risco de sobre-automação. Ou seja, planejar mudanças a cada seis meses e não ter o feedback do fator humano para ver que, na realidade, a mudança pode ser a cada oito ou nove meses”.
Salto geracional em infraestrutura
Diretor de Operações da Global Switch, Pedro Muñoz destaca a evolução da automação em Data Centers. "Os profissionais acumularam um know-how de 25 anos de experiência e há um salto geracional nas infraestruturas que estão sendo desenvolvidas durante o ano passado e os próximos anos, cujo motor é a sustentabilidade, e terá que ser a base da economia digital nos próximos 20 anos".
Para Muñoz, a automação em um Data Center não só não deve diminuir a segurança, mas, pelo contrário, multiplicá-la. "Para isso, o nível de tal automação deve estar de acordo com as premissas de ser adequado, bem concebido e projetado, assim como implementado".
Perfil do trabalhador
De acordo com Pedro Muñoz, o perfil dos trabalhadores dos Data Centers deve se adaptar à realidade da automação. "Não será necessário contratar pessoal adicional, ao contrário, será necessário menos pessoal. Mas precisaremos adaptar o perfil dos funcionários a tal nível de automação, e treiná-los neste ambiente com maior capacidade de análise e diagnóstico".
Muñoz afirma que a Inteligência Artificial fornecerá aos operadores essa análise e diagnóstico de tudo o que acontece de forma automatizada no Data Center. "A pergunta é, como deve ser o perfil do profissional do Data Center automatizado e artificialmente inteligente", questiona.
De acordo com pesquisa realizada pela Harvard Business Review Analytic Services e NTT DATA em 2022, entre 316 executivos na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México, sobre investimentos em tecnologias emergentes nos próximos doze meses, do ponto de vista de obstáculos, o mais relevante é a falta de talento e experiência e o déficit de habilidades (73%).