Os data centers esforçam-se continuamente para tornarem-se mais eficientes. No caso de data centers de hiperescala, o aumento da automação pode estar desperdiçando tempo na prática de profissionais de segurança que patrulham milhares de metros de perímetros de data centers.

A Novva Data Centers, liderada pelo ex-CEO da C7 Wes Swenson e apoiada pelo CIM Group, tem uma área geral de 100 acres em West Jordan - Utah - EUA, um campus que tem mais de 1.500.000 metros quadrados de espaço. A primeira fase, envolvendo um data center de 28.000 metros quadrados, foi concluída no final de 2021 e inclui uma subestação de 120 MW, bem como um edifício de escritórios de 7.500 metros quadrados para a sede da Novva.

Para cobrir tanto espaço, a Novva está recorrendo a drones e robôs autônomos. A empresa optou pelo robô Spot da Boston Dynamics para patrulhar salas de dados, bem como drones de segurança semiautomatizados (também conhecidos como veículos não tripulados Ariel, ou UAVs). “Quando você administra um campus de 100 acres, precisa ter uma visão geral da operação”, diz Wes Swenson, CEO da Novva Data Centers.

Drones decolam da área do data center

Em 2021, a Novva implantou dois drones da Nightingale Security e planeja ter quatro no campus de Utah. “Na maioria das vezes, ele apenas faz o seu trabalho e depois retorna de forma autônoma ao local de pouso”, conta Swenson. Equipados com câmeras 4K, LiDAR e infravermelho, os drones realizam verificações regulares de perímetro autônomo, além de responder a alertas. Os drones executam cerca de 10 missões predefinidas, fornecem verificações de perímetro, inspeções de instalações e podem reagir automaticamente a determinados alertas.

“Temos detectores em nossas cercas que detectam qualquer tipo de vibração e um algoritmo que detecta se essa vibração é devido à velocidade do vento ou alguma outra interferência”, diz Swenson. “Se pensarmos que é alguém tentando pular a cerca ou cortá-la, o drone aciona automaticamente o sensor”.

Robôs em data centers continuam sendo um nicho: embora possam ser usados ​​durante a fase de construção, o uso de drones em data centers para segurança e inspeção contínua é raro. Além da Novva, a Nightingale Security está trabalhando com uma grande empresa do Vale do Silício que administra seus próprios data centers, há cerca de dois anos, e está em processo inicial de negociação com uma empresa de comércio eletrônico em Washington - EUA.

Outra empresa que vem considerando o uso de drones em suas instalações, é a operadora de data center BSC. Hector Castenada, diretor sênior de TI da BCS, conta que a empresa espera implementar um projeto piloto em um data center perto de sua sede no Texas ainda este ano.

Além dos drones de segurança onipresentes, Castenada está considerando o uso de drones para inspeção de instalações, para que os engenheiros visitantes possam inspecionar chillers ou outros equipamentos no telhado sem precisar subir, bem como levantamento mais amplo de terrenos e data centers.

“Enquanto o projeto ainda está em fase de pesquisa, espero ver cerca de dois drones de segurança permanentes em cada instalação, garantindo que um possa patrulhar enquanto o outro recarrega, juntamente com máquinas menores que os engenheiros podem trazer ao local para inspeções. "Definitivamente vejo isso se tornando o padrão na indústria daqui alguns anos", afirma.

Integração de data centers e máquinas

A Nightingale Security oferece seus drones, estação base e software como um pacote, juntamente com uma assinatura anual ou em regime de aluguel. Swenson diz que a Nightingale Security foi a empresa que ofereceu à Novva o conceito mais próximo de um pacote completo, em relação à soluções pontuais.

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“A maioria das empresas de drones são basicamente empresas de aeronaves de controle remoto”, diz Jack Wu, fundador e CEO da Nightingale Security. “Elas estão apenas construindo algo baseado na tecnologia RC (controle remoto), que existe há décadas. Nós focamos em casar tecnologia autônoma, com software robótico e infraestrutura robótica”.

Os drones melhoraram aos trancos e barrancos, nos últimos anos. Eles agora podem permanecer no ar por longos períodos e podem voar de forma autônoma em condições difíceis. Mas o software e o ecossistema de suporte mais amplo não são tão avançados. Para que os data centers se tornem mais automatizados, os robôs implantados precisarão se integrar facilmente aos sistemas de gerenciamento existentes, algo que hoje ainda é embrionário.

"A automação é uma grande tendência. Nos próximos anos, veremos robôs terrestres, drones e outros sistemas automatizados. No futuro, todos esses processos serão integrados. Isso não está muito longe", avalia o fundador e CEO da Nightingale Security, acrescentando que o mundo está na fase de descoberta, onde os clientes aprendem e entendem os possíveis casos de uso de diferentes robôs, enquanto as empresas de robótica vêm trabalhando para que cada plataforma funcione corretamente, de forma independente.

“Estou ansioso para no futuro usar drones não apenas para segurança de perímetros, mas também para fazer interface com um chiller ou gerador externo; dispositivos externos e equipamentos críticos externos”, destaca o diretor sênior de TI da BCS, Hector Castenada.

“O que buscamos hoje, são capacidades de integração com o nosso BMS (sistema de gestão de edifícios). No momento, estamos pesquisando qual drone integrar com sistemas de gerenciamento de vídeo como o Genetec. Atualmente, a Azur Drones da França parece ser a única empresa com uma integração anunciada publicamente com a Genetec”, diz Castaneda, acrescentando que a BCS também vem focando na Wingtra, empresa que oferece drones de asa fixa com decolagem vertical.

É preciso treinamento

Embora diferentes empresas de drones tenham processos diferentes, antes da implantação, a Nightingale Security tem como premissa chegar a um local, pesquisar o ambiente, mapear edifícios e possíveis obstáculos e ajudar no treinamento da equipe local.

O CEO da Nightingale Security, Jack Wu, diz que o processo normalmente leva cerca de uma semana.

“Mas é preciso deixar claro que cada local tem as suas particularidades com diferentes padrões de vento, diferentes temperaturas e também diferente rotina de uso; alguns usam o drone de 12 a 13 vezes por dia, outros usam duas vezes por dia”, ressalta.

O sistema de software inclui limites predefinidos em torno da altitude e áreas de exclusão aérea. Na Novva, os drones não voam sobre a subestação local e nem se aproximam de edifícios vizinhos. A Nightingale Security ajuda a definir essas restrições iniciais, mas o cliente pode alterá-las conforme necessário.

A Nightingale Security colocou a DCD no comando de um drone em uma demonstração ao vivo, permitindo que este escritor pilotasse um drone pelas instalações da empresa na Califórnia a partir do conforto de um apartamento em Londres. Mover a máquina foi um simples caso de apontar e clicar e, apesar de meus melhores esforços, não consegui travar ou passar pelas zonas de exclusão aérea. Durante o voo, o drone conseguiu identificar e marcar veículos no estacionamento da empresa fora do horário normal de expediente.

“O drone em si requer muito pouca intervenção humana, uma vez pré-programado”, diz o CEO da Novva Data Centers. “E mesmo assim oferece todos os tipos de salvaguardas; zonas de pouso de emergência, zonas de exclusão aérea e zoneamento de altitude.”

“Futuramente temos a expectativa de replicar a utilização de drones em outras instalações e construir uma estrutura de treinamento para cada data center. É algo que podemos replicar mais facilmente", conta o CEO da Novva Data Centers.

No entanto, o CEO da Nightingale Security deixa claro que os drones de sua empresa são complementares aos humanos, e não substitutos.

“Não estamos aqui para substituir toda segurança humana porque há muitas coisas que os humanos podem fazer e nós não. Robôs são bons em tarefas repetitivas, ambientes perigosos e a capacidade de serem muito lucrativos, mas não podem atender telefones e não podem fornecer direções."

Construindo uma base para seus robôs

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O CEO da Nightingale Security descreve a estação base como um dispositivo de computação baseado na edge; a estação armazena os feeds de vídeo e outros dados coletados pelos drones e executa as imagens coletadas, por meio de algoritmos de Machine Learning, por exemplo, para detectar carros ou pessoas.

“Você tem um grande PC dentro, toneladas de memória, toneladas de armazenamento e muita potência para processar esses números”, explica o CEO da Nightingale Security, acrescentando que processar e armazenar fluxos de vídeo na base economiza custos na nuvem e oferece maior segurança.

Quando perguntado se os drones ajudaram a prevenir ou corrigir quaisquer incidentes, o CEO da Novva Data Centers contou que até aquele momento a empresa não tinha pegado ninguém tentando entrar em suas dependências, mas que o drone fez amizade com alguns pássaros.

“Às vezes temos algumas aves de rapina que acham o drone bastante interessante quando está voando; temos algumas águias e alguns falcões que acham interessante, mas na maioria das vezes eles mantêm distância.”

Quando o uso de drones em data centers faz sentido para os negócios

O CEO Nightingale Security, Jack Wu, sugere que campi menores que 30 acres provavelmente não precisarão de um drone para patrulhar, já que pessoas e câmeras podem fazer esse trabalho suficientemente bem. Para campi maiores, onde pode levar minutos para atravessar o local, mesmo em um carro, os drones oferecem uma patrulha mais eficiente e é uma opção de resposta mais rápida.

"Se o perímetro é muito grande, não faz sentido colocar câmeras porque é muito caro, avalia ele, acrescentando que não se trata apenas de câmeras, é também preciso manter a energia elétrica do local funcionando.

Embora grandes locais industriais remotos sejam adequados para drones, pode não fazer sentido implantar um drone em um hotel no centro de uma cidade. Wu observa que quanto mais urbano for um local proposto, mais difícil será obter a aprovação regulatória local para voar.

“Se o seu data center estiver em uma área super metropolitana residencial, seria um pouco arriscado enviar um drone para espaços apertados”, acrescenta Swenson. “As pessoas ficarão preocupadas, podem sentir que estão sendo espionadas, o que acarretará em ligações de reclamações constantes para a empresa.”

Quando se trata do ROI (Return Over Investment), Swenson admite que a empresa ainda está "tentando definir" um número para o valor dos drones.

"Vemos isso como outro aspecto de nosso monitoramento atual. Ele nos dá uma cobertura mais completa, mais rápida e em um padrão consistente e repetível. Não está no estágio em que estamos substituindo uma coisa por outra. Em última análise, nosso ROI tem foco em trazer maior tranquilidade".

Drones dentro de salas de dados

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No futuro, Jack Wu afirma que os sistemas serão mais independentes e menos dependentes de um painel e interfaces que necessitam de cliques. “No futuro os sistemas serão operados por voz e não clique”, avalia o CEO da Nightingale Security.

Castenada diz que, se o projeto piloto for bem, ele gostaria que a BSC começasse a usar fones de ouvido como o HoloLens da Microsoft para controlar os drones. Ele também quer compartilhar as imagens feitas pelos drones com os clientes.

“Gostaríamos de introduzir transparência. Um cliente quer ver as suas instalações e nós gostaríamos de lhe oferecer um portal seguro para que possam ver e observar a sua propriedade.”

Atualmente a Novva Data Centers possui apenas drones de tamanho médio que operam ao ar livre, mas no futuro, a empresa quer ter microdrones dentro de salas de dados, talvez de oito a 10 microdrones voando por prédio.

“No momento, estamos experimentando drones menores com 10 centímetros de diâmetro”, conta Swenson. “Eles operam dentro da área do data center e monitoram anomalias em uma visão aérea”.

"Atualmente não há muitas soluções robustas no mercado, mas certamente haverá muito mais no futuro", afirma o CEO da Novva Data Centers.

* Dan Swinhoe, editor da DatacenterDynamics Londres.