O Brasil continua sendo o hub da América do Sul, liderando o mercado de data center seja em tamanho, oferta e demanda. A posição de liderança ocupada hoje pelo país, foi obtida muito em função da realização de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos 2016. Para a realização dos eventos esportivos, muitas empresas precisaram implantar uma infraestrutura robusta de data center, que estruturasse jogos globais de alta magnitude. Sendo assim, o país que anos atrás contava apenas com 20 data centers, hoje possui mais de 120, de acordo com a Cloudscene. Muitos deles de grandes provedores de Colocation, como Scala Data Centers, Ascenty, Equinix, ODATA, Lumen Technologies e HostDime; empresas que seguem investindo forte no setor, com constantes anúncios de construções de data centers hyperscalers pelo país e pela América Latina.

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Todas elas de olho nas projeções que apontam para um crescimento na região mais rápido do que em qualquer lugar do mundo. A previsão de consultorias de mercado é de que em 2021, a região LATAM atinja uma taxa composta de crescimento anual de 59%, o que significaria mais de 755 Tbps de capacidade instalada. No momento, a LATAM está em 118 Tbps.

Anderson Quirino, Diretor de Vendas da Vertiv na América Latina, destaca que o Brasil é hoje um mercado maduro com grande representatividade na região. De acordo com uma pesquisa da 451 Research, mais de 40% do revenue (receita) do segmento de data center na América Latina está no Brasil. “O país está preparado ou é o melhor preparado da região para assumir uma demanda iminente”, afirma Quirino.

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O CEO da Scala Data Centers, Marcos Peigo, reforça afirmando que o Brasil é definitivamente o maior hub de data center na região.

“O cenário que a gente vê hoje é de hyperscalers que já estavam presentes no país e continuam expandindo suas operações porque se depararam com uma previsão de demanda muito superior ao que imaginavam, o que foi acentuado pela pandemia e levou até a expansões para outros países, como México, Colômbia e Chile”, destaca Marcos Peigo, que durante sua apresentação no DCD>Brasil | Building at Scale 2021, revelou que a Scala Data Centers escolheu a Gemelo para selar um acordo de exclusividade.

“A partir de agora toda exploração de Colocation em cima de data centers modulares será feita pela Scala, que só irá explorar Colocation em data centers modulares da Gemelo, empresa que possui a maior fábrica de data center modular da América Latina”, revelou o CEO da Scala Data Centers, empresa que hoje é o mais novo player do mercado de Colocation do Brasil, criada em 2020, e comprou o UOL DIVEO e a Algar.

CLOUD E EDGE

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Avaliado em US$ 1,76 bilhão em 2020, o mercado de data center brasileiro deve atingir US$ 2,69 bilhões até 2026, segundo a Mordor Intelligence. Os números positivos são puxados pelo aumento da demanda por soluções de Computação em Nuvem, impulsionado pela pandemia da Covid-19. Outros fatores que vêm impulsionando o contínuo aumento da demanda por data centers no país são: a inserção de múltiplos fornecedores de cloud, regulamentações governamentais exigindo a permanência de dados em território nacional e a necessidade de baixa latência.

O Cloub IBM Líder, Thiago Viola, cita o resultado de uma pesquisa feita no mercado brasileiro pela IBM em parceria com a consultoria IDC, que aponta que 93% dos CEOs brasileiros reconhecem a Computação em Nuvem como a tecnologia que trará mais benefícios nos próximos 2-3 anos. O líder de Cloud da IBM explica que a empresa estabeleceu no Brasil uma Região Multizona. No ano de 2015 a IBM possuía um data center no Brasil, em Jundiaí – SP, onde rodava todo ambiente de Nuvem Pública. E no início deste ano, investiu na expansão inaugurando mais dois data centers; um em Santana do Parnaíba e o outro em Vinhedo.

"Os três data centers instalados no estado de São Paulo, caracterizam a Região Multizona, que precisa de três data centers para triangular os serviços e o atendimento de maneira robusta, segura e operacional. O Brasil é hoje uma das oito regiões multizona que a IBM povoou no mundo. O Brasil por ser um mercado extremamente consumista, em termos de tecnologia. Um mercado extremamente promissor e por isso era imprescindível ter aqui três data centers com o mais alto nível de SLA, robustez e ofereça novas possibilidades de negócios no país e na América do Sul", destaca o Líder de Cloud da IBM.

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Partindo da premissa que a resposta para um mundo hiperconectado pandêmico e pós-pandêmico é a Edge Computing, Bruno Pagliaricci, CTO da ODATA, aponta que “as mudanças enfrentadas que o mercado tem tentado se adaptar são: demandas por mais infraestrutura, mais confinamento, que podem ser supridas pela Multiway. Por mais equipamentos, supridos pela Stulz; por mais construção, por mais áreas. Data centers com alta densidade e alta capacidade, exigem de todas as empresas um replanejamento muito forte para conseguir atender a demanda, que já era grande e aumentou nos últimos 12 meses, com a pandemia”, observa o CTO da ODATA.

Marcos Sá, gerente de data center da Wiki Telecom, reforça, afirmando que é fato que a pandemia acelerou o processo digital das empresas e exigiu soluções rápidas. "É preciso planejar mais rápido do nunca, com o apoio de soluções de edge, e pensar em soluções que já estão sendo utilizadas na área de IoT, que já demandam essa crescente segurança da informação e o volume da informação porque essa demanda precisa ser atendida”, aponta.

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André Torres Bueno, IT Head do Santander, afirma que o grande diferencial trazido pela Edge Computing, além de Inteligência Artificial e outras tantas, é o 5G, que será altamente transformado em negócio como já tem sido feito no Agronegócio, que hoje já vem utilizando toda capacidade de IA através das Agritechs, com serviços assertivos para plantio, tempo de irrigação, condições climáticas fazendo com que o agricultor tenha um posicionamento mais rápido na sua tomada de decisão. O cenário atual gerou infinitas possibilidades dentro do mundo virtual: teleconferências, educação híbrida, hologramas, IA. Tudo isso baseado em Edge Computing, Cloud e 5G.

Antônio Marcos Alberti, Head of Information and Communications Technologies (ICT) Laboratory do Inatel, acrescenta que dentro da consolidação do 5G surgirão uma série de outras tecnologias. “O 5G é resultado de um processo de evolução tecnológica que está acelerando. Nós temos várias outras tecnologias surgindo dentro deste contexto, como, por exemplo, a softwearização. Muitos equipamentos estão deixando de existir e a gente passa a ter software no lugar; com a virtualização aquilo que não é virtualizável terá um representante digital. Só isso já exige uma alta de data center no core regional e na local edge”, pontua.

MOBILE EDGE COMPUTING

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Tema que já vinha em alta no setor e ganhou maior relevância após o início da pandemia, o Mobile Edge Computing (MCE) é uma iniciativa do European Telecommunications Standards Institute – ETSI, e visa fornecer infraestrutura de serviços de TI e capacidade de Computação em Nuvem na borda da rede móvel, dentro da Regional Area Network (RAN). Em linhas gerais, o Mobile Edge Computing tem como objetivo reduzir a latência e aprimorar a experiência do usuário final.

“O Mobile Edge Computing garante a evolução do Colocation, que tem uma série de vantagens, mas não está disponível em todo o lugar. Principalmente no Brasil. Hoje nos Estados Unidos qualquer cidade com mais de 200 mil habitantes tem um data center. No Brasil somente em algumas capitais. Com o Mobile Edge Computing essa realidade muda”, pontua Sidney Fabiani, CEO e fundador da Gemelo Data Centers.

A Coordenadora de Infraestrutura de Data Center do Itaú Unibanco, Bianca Barros, finaliza afirmando que o Brasil já estava em uma jornada de Transformação Digital e a pandemia acelerou ainda mais, com aumento expressivo de pessoas conectadas, consumindo em e-commerce, gastando mais tempo em redes sociais. “O home office implantado da noite para o dia gerou e continua gerando uma explosão no volume de dados, que são armazenados e processados diariamente”, pontua ela, acrescentando que as empresas (end users) com a pandemia tiveram que desapegar do controle fim a fim de suas infraestruturas; de terem data centers próprios e cada vez mais buscar soluções de cloud e edge.

*O "DCD>Brasil | Building at Scale" é um evento virtual organizado pela DatacenterDynamics e este ano foi realizado nos dias 11 e 12 de maio. Todos as declarações mencionadas no texto foram feitas por especialistas participantes do evento. Para assistir, clique aqui.