Oferta de serviço em que o provedor de nuvem cuida de todo o processo, desde atualizações periódicas até backups para garantir que o sistema de banco de dados permaneça disponível e seguro 24 horas por dia, 7 dias por semana, o mercado de Banco de Dados como Serviço está entre os mercados de software como serviço (SaaS) de evolução mais rápida, com expectativa de crescimento de US$ 320 bilhões até 2025. Serviço de banco de dados gerenciado, o DBaaS é uma oferta de Computação em Nuvem, que permite que usuários acessem e usem um sistema de banco de dados na cloud sem comprar, configurar seu próprio hardware, instalar seu próprio software ou gerenciar o banco de dados por conta própria, o que permite que os clientes aproveitem os benefícios da Computação em Nuvem para demandas de armazenamento, pesquisa e acesso de dados de seus aplicativos.

Quais são os principais benefícios do DBaaS e por que esta oferta deve crescer no Brasil?

Leandro Lopes: O primeiro benefício, claramente é a redução de custo e complexidade na infraestrutura que suporta bancos de dados. Redução também no risco, no tempo que é gasto para a execução de diversos bancos de dados e as empresas, como já falamos, cada vez mais estão crescendo não só em quantidade de dados, mas também em diferentes tipos de ferramentas de bancos de dados. A possibilidade de permitir que desenvolvedores ou áreas que necessitam consumir esses dados tenham uma resposta mais rápida sem ter de estar a todo momento solicitando suporte dos DBAs e criando uma situação de gargalo é algo muito positivo de fato.

O DBaaS permite dar uma resposta muito mais rápida a essas áreas de suporte aos negócios e também uma solução de DBaaS, quando bem aplicada, permite que a empresa e os decisores optem por onde é mais interessante para executar esse banco de dados, seja na própria nuvem privada, seja em alguma outra Nuvem Pública.

Qual é o nível de adesão hoje por parte das empresas brasileiras de DBaaS?

L. L.: Não existe nenhum estudo brasileiro sobre isso. Mas por experiência própria, de conversas com clientes e interações profissionais, é um nível de adesão ainda baixo, ou seja, é um mercado que tem muito potencial de exploração e de crescimento. A grande maioria dos clientes utiliza ferramentas dos seus próprios fornecedores de bancos de dados. Então aquele cliente, por exemplo, que roda em cima de determinada tecnologia geralmente centraliza toda gestão em cima de ferramentas daquele fornecedor. Conforme ele vai trazendo novos bancos de dados para dentro do seu ambiente porque as aplicações estão demandando, ele acaba criando uma complexidade de gestão. É aí que está a oportunidade do DBaaS.

Quais são as principais dúvidas das empresas quando pretendem adquirir o DBaaS?

L. L.: Depende muito do seu interlocutor. Se a gente está falando com um corpo mais técnico, por exemplo um DBA, ele sabe das complexidades e das dificuldades, mas aquele modelo é o que ele está acostumado há cinco, dez anos. Aí chega dúvida das necessidades operacionais de DBaaS, um caminho novo para ele.

Quando a gente fala com um decisor de negócio, ou seja, a pessoa que está olhando a TI como um todo e busca otimizar processos, a questão sempre é um pouco mais o benefício que ele vai ter – qual o investimento e qual o retorno. E aí a conversa muda muito mais para agilidade, tempo de resposta, atender as demandas dos desenvolvedores por ambientes de dados muito mais rápidos, então você vai ter muito menos atrito entre seus próprios times. Porque é muito normal em algumas situações, a demanda dos desenvolvedores cresce, os DBA naturalmente não conseguem dar conta porque a estrutura é engessada, as ferramentas são complicadas, eles têm as tarefas do dia a dia que já tomam muito tempo, então fica acumulando e acaba gerando atrito entre as equipes. Você tem os desenvolvedores insatisfeitos com as entregas dos DBAs e DBAs achando que os desenvolvedores sempre pedem muita coisa.

Então para quem gerencia os negócios, você vai falar de uma ferramenta que vai remover esse atrito entre áreas, vai entregar mais agilidade para os processos e vai atender as demandas de negócio numa velocidade muito mais interessante.

Em que aspecto o papel do administrador do banco de dados (DBA) está mudando e o futuro do data base as a service (DBaaS)?

L. L.: Hoje o papel do DBA vem ganhando destaque, pois ele tem que lidar com o desafio de dados crescentes, de múltiplas aplicações. Muitas vezes cada uma das aplicações dita o tipo ou o modelo de banco de dados que vai ser utilizado.

Sob o ponto de vista do desafio do DBA no dia a dia, eu destacaria que ele continua gastando grande parte do tempo em tarefas repetitivas, que tem muito a ver com geração de ambientes para desenvolvedores trabalharem nas melhorias das aplicações ou até mesmo para desenvolver novos packs ou novas versões e aplicações que demandam um banco de dados. O DBA, por gerenciar esse banco de dados, é quem fica responsável por organizar esses ambientes para desenvolvedores.

Outro desafio é manter a qualidade do serviço, porque todo banco de dados, de alguma maneira, é um suporte a alguma aplicação. É o DBA que garante que esses dados estejam em alta disponibilidade, muitas vezes replicados para múltiplos sites.

Sobre o futuro do DBaaS, penso que ele será de alguma forma mandatório por ser um caminho sem volta. Trata-se de uma ferramenta de apoio de gestão aos bancos de dados que vai agregar muitos benefícios não só para os DBAs, que terão mais facilidade de gestão, poderão utilizar ambientes em Multinuvem e utilizar a plataforma certa para a execução dos bancos de dados em si.

As ofertas de DBaaS disponíveis no mercado são limitadas. Isso faz com que clientes abram mão do controle de seus bancos de dados ou que mudem para ambientes de nuvem não adequados às suas necessidades?

L. L.: Na verdade, não necessariamente limitadas, mas em muitos casos elas são “proprietárias”. Hoje nas principais ofertas de DBaaS, você elege uma nuvem qualquer para te ofertar uma solução DBaaS e acaba tendo a penalidade de estar limitado a ter que executar tudo naquela nuvem. Vou escolher a oferta “x” - você vai ter que migrar 100% e seus databases para lá e ficar 100% lock-in com a nuvem escolhida.

Há também algumas outras ferramentas que são específicas do fornecedor, do próprio fabricante do database. Qual o problema aí? É ficar travado na tecnologia de banco de dados. Hoje raramente a empresa vai estar na mão de uma solução de banco de dados, então quando você vai atrás de uma oferta de Database as a Service do fornecedor, cada um vai ter a sua tecnologia.

No final, o database vai atender só aquela tecnologia específica.

Existem ferramentas que atendem um mundo de Multicloud e permitem a gestão de databases em diferentes nuvens, mas essas soluções muitas vezes estão focadas e centradas 100% em soluções na Nuvem Pública. Portanto, são ferramentas que buscam unificar a gestão de diversas nuvens, mas ofertam isso somente para o mundo de nuvem pública. E aí que entra o que chamamos de plataforma híbrida de gestão ou de Database as a Service, que na minha visão, é a melhor oferta hoje porque permite que você opte por ambientes na sua própria nuvem privada ou ambientes em cloud. E o melhor, é uma opção vai possibilitar o gerenciamento de uma diversidade de bancos de dados disponíveis no mercado.

Como o DBaaS precisa evoluir para melhor atender clientes e o que procurar ao selecionar as soluções atuais?

L. L.: Eu entendo que a melhor oferta para os clientes hoje, é a possibilidade de ter o poder de adotar uma solução de DBaaS que não vai prendê-lo a uma única nuvem, em um único engine de database, que é basicamente uma só ferramenta de banco de dados e que também não vai vinculá-lo a uma nuvem somente. Dessa forma, é possível ofertar uma gestão híbrida e independente, que vai eliminar a questão de lock-in, podendo determinar qual banco de dados vai querer utilizar e em qual nuvem, incluindo naturalmente a sua própria Nuvem Privada, que é o conceito de DB as a Service para nuvens híbridas.

A função do DBaaS mudou, incluindo a crescente importância do suporte aos desenvolvedores?

L.L.: Eu diria que uma das razões de serviços como o DBaaS terem surgido foi efetivamente os desenvolvedores, porque eles estão aprimorando as aplicações existentes, criando e desenvolvendo novas aplicações e todas - não vou dizer 100%, mas a grande maioria das aplicações - necessitam de algum tipo banco de dados. E tudo isso está conectado efetivamente à questão de Negócios. Ou seja, quem demanda rapidez no desenvolvimento? A área de Negócios. Cada dia mais as empresas precisam ser criativas para se diferenciar dos concorrentes, tem de criar produtos, novas plataformas, novas campanhas e tudo isso demanda o quê? Aplicações mais ágeis, novas aplicações ou modernização das existentes. E isso exige ambientes, para que o desenvolvedor possa responder à demanda de Negócios e, naturalmente, banco de dados, que por ser parte das aplicações, necessita ser ágil e estar pronto rapidamente para quem está desenvolvendo.

Quais ferramentas e sistemas as empresas podem utilizar para otimizar as operações?

L. L.: A TI tem uma necessidade cada vez maior de responder de maneira rápida às demandas. A área de TI basicamente tem que atender a área de Negócios, então as operações necessitam ser cada vez mais simples, ou seja, quanto mais eu consolidar ferramentas que tenham uma gestão simplificada e que trazem otimização, que reduzem o meu tempo de entrega de projetos e de áreas de infraestrutura, desenvolvimento, melhor. Não citaria "quais ferramentas", mas sim ferramentas que tragam uma simplicidade, agilidade e também uma independência dos clientes para elegerem qual a melhor tecnologia para aquela demanda específica. É o que vejo diretores e os CIOs buscando.

As complexidades do gerenciamento de bancos de dados em várias nuvens e considerações para administradores de banco de dados ao enfrentar esses desafios?

L.L.: Quando você opta por executar os bancos de dados nas nuvens, e estou olhando mais a questão de Nuvem Pública aqui para dar o contexto, você acaba ficando preso àquela nuvem. E aí, por exemplo, se você opta em ter uma solução de DBaaS na nuvem pública, mas ao mesmo tempo você quer usar as ferramentas deles e não ficar na mão de somente uma nuvem e ir para um ambiente multicloud, você acaba tendo uma complexidade gigantesca, porque cada solução vai te ofertar uma única ferramenta de gestão para aquele ambiente, então você cria uma complexidade e uma dificuldade operacional incrível. Isso tira um pouco da facilidade do cliente de ter um painel único de gestão em que ele determina o local em que isso será executado tendo somente um ponto único de operação. Então, quando você fala de um ambiente Multicloud para dados, para bancos de dados especificamente, se você opta em diversas nuvens, você vai ter uma complexidade de gestão enorme. Esse é um desafio que vai engessar muito os processos, principalmente dos DBAs.