Assunto recorrente no setor de Data Center, a Eficiência Energética está sempre em pauta quando o assunto é redução de custo e excelência operacional. Dentro dos Data Centers, a maior parte da demanda de energia vem da alimentação dos servidores que, por sua vez, produzem calor e precisam ser resfriados.

Globalmente, alguns especialistas estimam que os Data Centers podem usar até 400 terawatts-hora (TWh), o que representa cerca de 2% da demanda mundial de eletricidade. Isso gera uma quantidade substancial de gases de efeito estufa: algumas estimativas dizem que os Data Centers respondem por até 3% das emissões globais de carbono, o que é aproximadamente igual à produção da indústria aérea global.

Para reduzir a pegada de carbono dos Data Centers, é necessária uma combinação inteligente de inovação e tecnologia para alcançar zero emissões líquidas. Atualmente há algumas soluções eficientes disponíveis no mercado, entre elas as baterias de íon-lítio.

Em entrevista, a coordenadora de Engenharia de Data Center do Itaú-Unibanco, Natália Fogaça Cavalieri, fala sobre os desafios de equilibrar a eficiência energética do Data Center diante do aumento da demanda e da implementação de novas tecnologias.

Como equilibrar a eficiência energética do Data Center diante do aumento da demanda e da implementação de novas tecnologias?

Atualmente, entendo que além do desafio da eficiência energética pelo aumento de demanda, temos também o desafio pela sua diminuição nos sites on-premise devido à migração dos workloads para nuvem, diminuindo a quantidade de carga nos Data Centers, e consequentemente, aumentando o PUE. E a implementação de novas tecnologias de facilities tem sido crucial para garantir esse equilíbrio, aumentando a eficiência energética.

Alguns especialistas afirmam que a eficiência energética terá um papel vital nos Data Centers pós-pandemia. É isso mesmo? Por quê?

Sim, estamos com um cenário de consumo muito maior de serviços digitais, devido, por exemplo, ao trabalho home office e plataformas de e-commerce, fazendo com que haja mais dados processados, armazenados e trafegados e, teoricamente, isso representa um aumento do consumo de energia. Além do fato da pandemia coincidir com outros fatores que aumentaram e aumentarão muito a demanda pelos serviços de Data Center, como o 5G e os Edge Data Centers.

Outro fator que aumentou a demanda por serviços de Data Center após a pandemia foi a aceleração na migração de workloads para o cloud, empresas que desejam mudar da infraestrutura on-premise para a contratação de infraestrutura como serviço.

Com esses cenários de aumento de demanda, somando ao fato de que existem lugares em que já não há mais disponibilidade de energia para Data Centers, a solução é ter cada vez mais iniciativas de eficiência em Data Center, principalmente em refrigeração. Outras duas soluções que também auxiliam na eficiência são os Data Centers hyperscale (com melhor utilização do espaço, energia e refrigeração) e o uso de energias renováveis, sobretudo a solar.

Além de reduzir as emissões de CO2, a eficiência energética dos Data Centers no mundo pós-pandemia se tornou uma questão de competitividade no mercado?

Com o cenário de aumento de demanda somado à saturação do sistema elétrico em algumas localidades, a eficiência energética torna-se ainda mais crucial para as empresas se manterem competitivas no mercado, garantindo que possa ter evoluções tecnológicas sem colocar a disponibilidade em risco.

Um investimento viável por alguns especialistas são as baterias de íon-lítio usadas para a energia de backup, em comparação com as baterias VRLA?

Não há dúvidas sobre as diversas vantagens das baterias de íon-lítio, tais como maior densidade energética (ocupando menos espaço), carregamento mais rápido (maior confiabilidade em recuperação), não emissão de hidrogênio nos ciclos de carga (segurança e simplificação da operação) e um ciclo de vida mais longo.

Por outro lado, do ponto de vista ambiental, a reciclagem de baterias de íon-lítio apresenta maiores custos e processos mais complexos. São mais difíceis de se produzir, gastam mais energia na produção, possuem organização química mais complexa e impõe vários desafios na cadeia de distribuição. Outro fator que joga contra é o seu alto custo de investimento se comparado com as baterias VRLA.

Ou seja, acredito que cada empresa deva ponderar os prós e contras dentro da própria realidade para decidir o melhor tipo de bateria a ser utilizado nos seus Data Centers, levando-se em consideração aspectos de investimento e necessidades operacionais.