Até uns anos atrás, o mundo que era guiado pelo petróleo hoje funciona baseado em dados. A cada segundo uma só pessoa cria 1,7 MB de novas informações. O equivalente a 340 e-mails, é o que aponta a plataforma de inteligência de dados, NodeGraph. Tal constatação coloca o data center como integrante mais importante e de crescimento mais rápido da economia global.

Á medida que novas tecnologias se consolidam, como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, criptomoedas e veículos autônomos, esse crescimento é acelerado.

Embora os data centers estejam mais eficientes nos últimos anos, o crescimento dos dados tem sido massivo, especialmente durante e após a pandemia de Covid-19, o que aumenta o consumo de energia das instalações. Impulsionada por esse dilema, a indústria de data center vem buscando explorar tecnologias mais limpas, a fim de tornar suas operações mais sustentáveis.

Com o objetivo de assumir uma posição de liderança em redução de emissão de carbono, a Danfoss lançou suas metas ESG 2030 sobre descarbonização, circularidade, diversidade e inclusão.

“Essas metas são uma parte importante da estratégia de negócios da Danfoss, Core & Clear 2025. Em maio, as metas climáticas da companhia foram aprovadas pela iniciativa "Science Based Targets". As metas baseadas na ciência fornecem um caminho claramente definido para as empresas reduzirem as emissões de gases do efeito estufa, de acordo com as metas do Acordo de Paris, e ajudar a prevenir piores impactos nas mudanças climáticas”, conta Eduardo Drigo, Sales Driver LAM - Comercial Building & District Energy da Danfoss.

Há um ano a Danfoss anunciou que vem se descarbonizando ao construir data centers verdes. Como isso vem sendo feito?

A Danfoss está em uma jornada de Transformação Digital, consolidando 20 data centers globais e 135 salas de servidores em um punhado de data centers, que serão todos construídos utilizando as tecnologias verdes da Danfoss. A descarbonização dos data centers começa no lado do resfriamento. A Danfoss possui um amplo portfólio e experiência para reduzir as emissões diretas e indiretas de CO² com refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (PAG) e soluções eficazes em termos de energia. As tecnologias da companhia também são otimizadas para condições operacionais em temperaturas mais altas para permitir menos necessidade de resfriamento, reduzindo naturalmente o consumo de energia usada para resfriamento.

As tecnologias incluem chillers e bombas de calor com a tecnologia Danfoss Turbocor, que permite que os data centers sejam resfriados até 30% com mais eficiência e recuperem o excesso de calor gerado.

A expectativa inicial era de que em 2022 a sede da Danfoss fosse neutra em CO². E, em 2024, utilizando o excesso de calor, os próprios data centers da Danfoss forneçam 25% da necessidade de aquecimento da sede. Isso já vem sendo feito?

Sim, a sede da Danfoss, localizada em Nordborg, Dinamarca será neutra em termos de CO² até o final do ano. E, em 2024, o excesso de calor reutilizado dos data centers da Danfoss fornecerá 25% do fornecimento geral de calor para os 250 mil metros quadrados de fábricas e escritórios.

A Danfoss possui data center no Brasil?

Centralizado não. Há apenas salas de servidores nos prédios no Brasil, mas nada parecido com o que há na nossa sede.

No que tange ao reuso da água: como fazer com que os data centers sejam “Water Positives”?

Uma das maneiras de reduzir o consumo de água nos data centers é a utilização da sistemas de refrigeração com condensação à ar e não mais à água.
Isso também pode gerar água quente para banheiros e chuveiros da instalação, além ajudar na eficiência dos equipamentos de refrigeração.

Para estar em conformidade com o ESG, o data center precisa passar por transformações culturais e técnicas, tornando-se mais transparente para o mercado? Seria isso?

A redução do impacto da digitalização no clima é a prioridade número 1 na TI. A transformação cultural é necessária do aspecto prático, pois os data centers são grandes consumidores de energia, sobretudo para resfriar as salas os servidores e remover a enorme quantidade de calor gerada. Estima-se que 10% de toda a eletricidade seja usada no ecossistema de TI.

Para a Danfoss, os data centers do futuro serão híbridos, no qual combinaremos o melhor de dois mundos: a nuvem e o data center local. E utilizaremos o excesso de calor nas redes de energia perto de onde ele é produzido.

Até agora quantos data centers foram construídos?

A Danfoss consolidou a construção de 20 data centers globais e 135 salas de servidores.

Nos últimos meses muitas empresas vêm anunciando que até 2030 irão zerar suas emissões de carbono. Dentro do contexto brasileiro, isso é possível? Ou é apenas marketing corporativo?

A Danfoss considera que uma retomada econômica em todo o mundo, o que inclui o contexto brasileiro, precisa considerar a geração de novas oportunidades e a redução dos impactos ambientais. Para isso, as empresas precisam de planejamento e estruturação para que um contexto de retomada não apenas surja como uma necessidade para atuar da forma mais assertiva possível, mas pode significar, principalmente, outras possibilidades em sentido amplo para vários mercados. Entre elas, estão a implementação de novas tecnologias que permitem produzir com menor impacto ambiental e até mesmo geração de empregos. Historicamente, o período pós-crise mundial abre espaço para novas oportunidades. Por isso, com base em estudos, temos buscado incentivar que a retomada seja feita com um uso cada vez mais amplo de tecnologias, que já estão disponíveis e podem contribuir para reduzir emissões e criar perspectivas.

Que projetos voltados para ESG são mais viáveis para o Brasil hoje?

Ações e projetos que buscam a neutralidade nas emissões de GEE, descarbonização, eficiência energética, circularidade de resíduos pós consumo estão sendo bem aplicados no Brasil no campo da sustentabilidade e meio ambiente.

No que diz respeito ao desenvolvimento social, muitas empresas, impulsionadas pelos efeitos da pandemia, adotaram projetos que se tornaram permanentes no desenvolvimento focado nas comunidades locais onde atuam.

E no que tange a Governança, cada vez mais vemos ações no meio corporativo que visam o desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores, além de importantes marcos no compliance, ética, diversidade e inclusão por parte das companhias.

A Danfoss estimula permanentemente os colaboradores em todas as suas unidades a se desenvolver e se candidatar a novas oportunidades que surjam em suas diferentes áreas e até localidades, inclusive no exterior, o que possibilitou a formação de times multiculturais e multidisciplinares.

Para incentivar seus funcionários nesse sentido, a Danfoss dispõe de diversas iniciativas, com perfis variados, em diferentes regiões, inclusive na América Latina, que hoje está implementando dois novos programas voltados especificamente para mulheres: o “Mulheres na Liderança” (ou WIL, na sigla em inglês) e o “Mom Fellowship”.