Por Silvia Fernández, DataCenterDynamics

Se falamos de automação do Data Center, nos referimos ao processo de gestão do fluxo de trabalho por meio de algoritmos inteligentes. Contar com um sistema deste tipo é cômodo, já que as tarefas são delegadas a máquinas que realizam o trabalho com precisão, oferecendo uma mínima porcentagem de falha.

A automação permite redução de custos, diminuição dos riscos e mais sustentabilidade. A sociedade avança cada vez mais rápido a esse panorama, já que o volume de dados é cada vez maior.

Para Pilar Alcázar, Sales and Marketing Director da Bjumper, o processo de automação é utilizado para reduzir o erro humano.

“O sistema permite que as empresas e os gestores minimizem riscos e custos, porque ao reduzir riscos estão reduzindo de forma paralela os custos associados aos mesmos. Nesse sentido, também posicionamos nossa empresa no mercado, já que se o serviço de um Data Center cai, são geradas importantes perdas econômicas e de mercado, prejudicando a reputação da marca”, disse.

Pilar Alcázar destaca que “minimizar riscos, reduzir custos operativos e aumentar ingressos (já seja melhorando a posição da empresa no mercado ou solucionando problemas) são os pilares fundamentais da automação”

David Fernández, Solution Manager DC/IT & Cloud na Huawei Technologies, diz que a automação consegue antecipar possíveis falhas futuras e evitar que ocorram. “A automação serve para a manutenção preventiva do funcionamento do Data Center, incluindo o armazenamento de energia, o estado da climatização, o controle de acesso, etc. Tudo isso é analisado em tempo real, e detalha o estado dos sistemas, mostrando se algo vai falhar”, explica.

Vantagens e aspectos para levar em consideração

A automação permite acelerar os processos de resposta na gestão de dados diante de situações imprevisíveis. Isso favorece a integração de tarefas que costumam ser repetitivas se nos referimos a gestão, supervisão e manutenção dos próprios Data Centers.

Se o trabalho fosse realizado por pessoas, provavelmente o processo seria mais lento e haveria mais possibilidades de falha.

Diante disso, podemos dizer que contar com um sistema automatizado permite:

  • Reduzir erros
  • Aumentar a capacidade de produção
  • Conseguir uma rápida escalabilidade de maneira fácil
  • Diminuir o tempo de gestão dos processos
  • Reduzir custos, contribuir com a economia de recursos
  • Melhorar o tempo de resposta para acessar aos dados críticos da empresa
  • Liberar trabalhadores, que poderiam ser dedicar a outras tarefas dentro do Data Center

Pedro Muñoz, Diretor de Operações da Global Switch, explica que a automação pode ser usada tanto no âmbito dos processos de gestão como nas próprias infraestruturas.

“O objetivo é reduzir a intervenção humana, traduzindo em uma maximização da eficiência e a eliminação do risco de perda do serviço. Os Data Centers são estruturas complexas onde se registram e analisam numerosos dados. Sua gestão exige muitos recursos e especialização”, disse Pedro Muñoz.

Entre os ajustes que podem ser feitos, no que diz respeito à climatização, é possível medir a temperatura de uma sala e, com base a isso, ajustar a velocidade do ventilador em tempo real de acordo com as necessidades. Dessa maneira, não é necessária a vinda de um técnico, medir a temperatura de forma manual e ajustar manualmente o ventilador.

“Data Center é a indústria menos automatizada”

Sales and marketing Director de Bjumper, Pilar Alcázar opina que as infraestruturas que hospedam dados ainda não veem a automação como um processo essencial.

“Indústrias como a de logística está hiper automatizada, o mesmo acontece com a agricultura, com os drones. Infelizmente, a indústria do Data Center é a que está mais perto da tecnologia, mas ao mesmo tempo é a menos automatizada. Na minha opinião, isso acontece pela rapidez do seu crescimento nos últimos anos, que não deu margem a pensar nos requerimentos”, afirma Alcázar.

Segundo a diretora da Bjumper, administrar o crescimento dos Data Centers apenas de forma manual não é viável. “No mercado, a gestão é automatizada porque passou por outro processo considerado essencial, que é o desenho. Durante a última década, foi desenhado um ambiente crítico e chegou o momento de que vejamos que os serviços hospedados são cada vez mais críticos e a competitividade exige uma correta automação”.

De acordo com relatório de investimentos em ferramentas de automação para Data Centers elaborado pela Bjumper e pelo DCD, cerca de 20% das empresas têm seus sistemas automatizados, o que comprova que a automação ainda não chegou completamente a indústria do Data Center.

Por onde começar?

Automatizar consiste em derivar tarefas a máquinas para que trabalhem de forma independente. Entretanto, o fato de que seja uma máquina ou um algoritmo que realize o trabalho, não quer dizer que devamos deixar de lado a função. Não será necessário contratar pessoal extra para administrar essas tarefas, mas sim será determinante adaptar o perfil dos empregados a semelhante nível de automação, já que esta deve ir ao lado do homem.

A formação será imprescindível para dotar o pessoal de uma maior capacidade de análise e diagnóstico. É o que defendem Pedro Muñoz e Pilar Alcázar.

“As empresas não podem permitir que o conhecimento do estado da empresa dependa de terceiros e não esteja dentro da própria organização. As empresas são as responsáveis de que a informação esteja disponível para as pessoas, e que os trabalhadores possam se aposentar ou desfrutar das férias sabendo que ninguém vai embora com o conhecimento da sua infraestrutura”, afirma Alcázar.

Tendências atuais e futuras

A Inteligência Artificial (IA) ganha cada vez mais relevância no processo de automação dos sistemas, já que o objetivo é que os Data Centers sejam mais robustos e inteligentes. É necessário avançar para uma automação inteligente, em que os sistemas aprendam a interpretar os dados que forem registrando e atuando de acordo, evitando processos quadriculados e pré-estabelecidos.

A IA permite que as empresas realizem uma operação inteligente e automatizada, baseada no compilado de dados.

Para Huawei, existem duas tendências atuais. As ferramentas de gestão informatizada (DCIM) são uma delas. David Fernández, Solution Manager DC/IT & Cloud na Huawei Technologies, inclui toda a gestão dos equipamentos que englobam o Data Center. “São incorporados elementos que permitem outras coisas, como conseguir compilar todos os dados dos sensores dos dispositivos, e sobre isso tomar decisões de forma autônoma ou preventiva. A outra tendência consiste na aplicação de algoritmos de Inteligência Artificial”.

Atualmente, a maioria dos responsáveis dos Data Centers pensa na automação do clima, segundo indica Pilar Alcázar. De acordo com ela, a gestão do clima é entendida em um sentido que dá liberdade ao software para controlar a temperatura de ar frio nas instalações, para assim reduzir os custos da fatura de energia.

“A automação ainda é vista como algo futuro”. Alcázar considera que o ambiente do Data Center não é precisamente um local em que a implementação da tecnologia seja ágil, e menos ainda de uma tecnologia disruptiva que muda totalmente a forma de trabalho.

“Há interesse, mas também existe o medo. Além disso, há a resistência à mudança. Esse passo deve ser um processo estratégico da empresa e deve contar com o apoio da direção”, afirma a diretora da Bjumper.

Sustentabilidade

Pedro Muñoz relaciona as tendências atuais da automação com a sustentabilidade. Ele detalha que o avanço no último ano foi substancial, já que os profissionais acumularam um know-how de 25 anos de experiência. “Estamos vendo um salto geracional nas infraestruturas que foram sendo desenvolvidas durante o ano passado e que serão implementadas nos próximos, cujo motor é a sustentabilidade. Essa será a base da economia digital pelo menos para os próximos 20 anos” ressalta o Diretor de operações da Global Switch.