“O estado do Rio de Janeiro é o segundo maior mercado do Brasil, atrás somente do estado de São Paulo. Para a Piemonte Holding, era quase obrigatório estar presente aqui. Além disso, as sedes da Piemonte e da Elea Digital ficam no Rio de Janeiro, então, quando esta transação for concluída, será nosso data center ‘de casa’", comenta Alessandro Lombardi, CEO da Piemonte Holding, em entrevista para a DatacenterDynamics.

Grupo financeiro focado na digitalização da economia, desde 2019, a Piemonte investiu no Projeto Elea Digital, holding de data centers que é um dos principais projetos de investimento em infraestrutura digital na América Latina, que tem como principais serviços as ofertas de Colocation e conectividade. Com mais de 10MW instalados, os data centers da Elea estão localizados em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Brasília (DF) e, agora, no Rio de Janeiro (RJ).

DatacenterDynamics: O que levou a Piemonte Holding a realizar a aquisição do data center da Globo?

Alessandro Lombardi: É um ativo que estava em nosso radar desde que iniciamos, em 2018, nosso investimento em infraestrutura e tecnologia digital. A malha de fibra ótica que serve a metrópole do Rio, os cabos submarinos e a intensa atividade de peering são os fatores que mais nos atraíram no Rio de Janeiro.

DCD: Como esta nova aquisição se encaixa no projeto da Elea Digital de criar uma federação de data centers no Brasil?

A. L.: Ao chegarmos no Rio de Janeiro, depois de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Brasília, fechamos uma área de abrangência circular capaz de servir as regiões de maior densidade demográfica deste país de proporção continental que é o Brasil. Já é de conhecimento público também que olhamos com grande interesse para o Nordeste, e nossa expansão está apenas começando.

DCD: Quais são os principais destaques deste data center em relação aos outros que a Piemonte já possui?

A. L.: A Globo fez um investimento que consideramos state of the art. Não somente pelo fato de ser um data center Tier III, mas pela atenção e o carinho que foram colocados na projeção do ativo; na excelência de performance operacional, que é considerada um modelo; e, principalmente, pela potencialidade de conectividade da região.

Importante lembrar que a maioria destes investimentos foram executados em vista das Olimpíadas do Rio, em 2016. Naquela ocasião, o objetivo pensado foi o de construir uma infraestrutura de conectividade única, com o intuito de fazer transmissões ao vivo do Parque Olímpico para o mundo inteiro. A Piemonte Holding acredita que esta infraestrutura é um legado que precisa ser quase obrigatoriamente protegido e também, na medida do possível, melhorado e ampliado.

DCD: Apenas poucos meses após a compra dos data centers da Oi, a Piemonte já realiza esta nova aquisição de um centro de dados. Como você define este rápido processo de expansão da empresa?

A. L.: É o que estava nos planos da Piemonte Holding. Tendo em vista que queremos ser um projeto pioneiro e líder no setor de infraestrutura, o crescimento e a expansão são uma necessidade. Há quem prefira partir do zero, anunciar novos data centers para que sejam construídos e estejam prontos em alguns anos, mas nós preferimos partir do que já está disponível, para melhorar. Entendemos que isso vai acabar ajudando, com as devidas proporções, a infraestrutura digital do país como um todo.

DCD: A intenção é ampliar o data center?

A. L.: Com certeza. O imóvel foi pensado para ter uma capacidade duas vezes maior do que a atual e, obviamente, não é foco estratégico da Globo fazer mais investimentos no site para alocar eventual capacidade ociosa para terceiros, o que deverá ser feito por um operador qualificado e experiente como a Piemonte Holding.

Portanto, a ideia é duplicar a capacidade do ativo o mais rápido possível. Assim que as aprovações dos reguladores chegarem (visto que a transação ainda está pendente de aprovação no CADE e de execução documental), vamos iniciar o investimento necessário para ampliar o data center.

DCD: Quantos racks o data center possui? A intenção é ampliar em quantos racks?

A. L.: Um dos grandes diferenciais deste data center é a densidade dos racks, bem acima da média que nós vemos sendo utilizada no Brasil. O data center chega a ter uma densidade de 7kw por rack quando, em nosso entendimento, a média nacional é em torno de 3kw por rack.

DCD: Uma cidade que desponta no Brasil é Campinas, a Piemonte Holding tem interesse em algum projeto lá?

A. L.: Quem opera no nosso setor não pode evitar de ter interesse em Campinas. Entretanto, é uma região que se desenvolveu como cluster de hyperscalers, e nosso foco estratégico atual é o de ampliação da presença geográfica e de conectividade.

DCD: Como a Piemonte Holding avalia a cidade de Campinas e região para o setor de data center?

A. L.: Consideramos muito boa. É uma cidade aonde queremos muito estar, apesar da inflação nos preços dos ativos que, inevitavelmente, os grandes competidores do hyperscale acabaram trazendo.