“Na América do Sul, particularmente no Brasil, o papel dos data centers é fundamental, pois estes continuam a ser os grandes centros de dados que servirão de prontos de distribuição para as bordas, local que pensamos que deverão ter menos capacidade de processamento de dados se comparado a um data center. Acreditamos que o principal desafio está nas redes metropolitanas, em fazer o gerenciamento da interface data center – pontos de distribuição (com capacidade 5G)”, aponta Crisóstomo Mbundu, gestor de produtos da Angola Cables, operadora de telecom que vem apostando no Brasil, fazendo do país seu principal mercado, projetando suas soluções desde Fortaleza para clientes na América do Norte e na África.

“O mercado brasileiro é de extrema importância para a Angola Cables. O Brasil funciona como shortest-path (caminho mais curto) para atingir as américas e vice-versa, garantido interligação para Ásia. Ou seja, nos referimos a uma infraestrutura global que coloca a América Latina cada vez mais próxima de continentes tecnologicamente evoluídos e em vias de desenvolvimento, tais como Estados Unidos, Europa, Asia e África com necessidades importantes de conteúdos locais”, destaca o gestor.

5G: Data Centers serão essenciais para suportar a nova geração da internet? Por quê?

Os data centers representam por norma o local onde os dados são armazenados, pela sua importância ímpar em acelerar a digitalização de qualquer economia, os data centers continuam a representar uma grande parte da economia partilhada, pois nestes ambientes operadores de internet desde ISP, CDN OTT, IXPs e outros podem tirar benefícios de infraestrutura de alta disponibilidade, com o mínimo de investimento próprio a medida do crescimento do seu negócio. Apesar do 5G aproximar cada vez mais o conteúdo ao usuário final, de maneira em que as antenas de disseminação de frequências hertzianas passam a suportar transmissões de grandes volumes de tráfego, como se fosse um pequeno mini data center.

5G: o que a nova conexão de internet traz de diferente?

O 5G tem um impacto muito grande na qualidade da internet de forma global, sendo que com esta tecnologia as transmissões por frequência são reforçadas com alto throughput e largura de banda, menor tempo de acesso aos conteúdos (latência), gerando impacto positivo para a indústria de comunicação, Telemedicina e qualquer outra área sensível a latência. Acreditamos que esta evolução tecnológica irá reforçar a ideia de alimentar mini data centers ou seja, a Edge Computing. Logo, vem aí uma mudança já propagada nos dispositivos de interação humana – digitalização, assim como na capacidade das antenas em transmitir o sinal.

O que é preciso fazer para que os data centers sejam capazes de lidar com o novo fluxo de dados, que é esperado com a implementação do 5G no Brasil?

Pelo que verificamos, o desafio para os data centers continua sendo manter a neutralidade entre operadores, garantir maior capacidade de conectividade de forma a escoar de maneira eficiente o volume de tráfego para a computação de borda.

Juntamente com o 5G, que outras tecnologias virão embarcadas como novas tendências?

A evolução tecnológica nunca é isolada, ou seja, é um conjunto de fatores que concorrem para um mesmo fim, sendo assim, além da estrutura de backbone que interliga os data centers redes metropolitanas e as antenas em Edge Computing, há uma evolução significativa na capacidade horizontal na estrutura da telecomunicações ponto-a-ponto, ou seja, verifica-se tendências acentuadas em Internet das Coisas, carros autônomos, robótica, Big Data. Por outro lado, vemos de igual modo os celulares e smartphones cada vez capazes de transmitir por segundo várias unidades de Gbps.

A baixa latência trazida pelo 5G exigirá sites de Edge Computing para se tornar tangível?

A grande valia do 5G é exatamente a Edge Computing, que tem como diferencial aproximar o conteúdo da borda (mini data center) o mais próximo possível do usuário final. Portanto, estamos falando exatamente em reduzir latência e aumentar a capacidade de tráfego enviado e recebido por segundo. Estamos falando da revolução tecnológica na palma da mão.

Que peso tem a chegada do 5G para o desenvolvimento de projetos da Angola Cables?

O 5G para Angola Cables é uma forma de entender a capacidade tecnológica concentrada nos data centers tanto no Brasil como na África, portanto para o caso específico, representa ganhos significativos na capacidade de interligar múltiplas localizações, operadores e negócios.