"Uma tendência já estabelecida para o setor de refrigeração em data centers, é a utilização de Free Cooling; tendência essa ainda não percebida por muitas organizações como um fator importante na redução do consumo de energia e na decisão sobre a localização climática de seus data centers, visando um maior tempo de uso do ar frio exterior", aponta Manoel Pedrosa, Director for Brazil and South America da AIRSYS Refrigeration Engineering Technology. Segundo ele, não basta apenas equipar as máquinas com algum sistema mecânico de Free Cooling, que pode ser de modo direto, indireto ou adiabático. O essencial é que sua especificação seja estabelecida através de estudos prévios e que tais equipamentos disponham de controladores inteligentes, cujos softwares tenham sido especialmente desenvolvidos para a confiabilidade operacional e o melhor aproveitamento do sistema Free Cooling, sem afetar a qualidade da refrigeração do data center. "A tendência da utilização destas aplicações é crescente, mas ainda depende da especificação que os usuários adotem nos seus projetos", completa.
Em entrevista, o especialista fala sobre a atuação da AIRSYS no mercado brasileiro, confira.
DatacenterDynamics: Qual o tamanho do mercado de equipamentos de eficiência energética para data centers no Brasil?
Manoel Pedrosa: A nossa estimativa é que a partir de 2021 poderemos considerar um mercado acima de R$250.000,000 em projetos novos e em retrofits de instalações antigas. Poderíamos afirmar que todos os projetos já em operação, além dos novos em implantação, estão aptos e poderão ser reavaliados sob o aspecto de eficiência energética.
DCD: Este é um segmento em evolução no país?
M. P.: Sem dúvida, além do crescimento em números de novos data centers, a eficiência energética é uma questão de lucratividade e de sustentabilidade. E se esta ênfase em eficiência ainda não o é para todos, deverá ser em curto prazo! É uma questão de sobrevivência para os provedores de serviço de data centers e de ambientes de telecom. Com maior eficiência de refrigeração de seus ambientes o PUE e o custo operacional (Opex) mais baixo, reduzem significativamente os seus custos, e consequentemente promove maior competitividade em seus negócios.
DCD: Como estão as vendas nessa área este ano?
M. P.: Não como o esperado e estimado em 2018 para este ano. No entanto, este ano de 2020, devido à pandemia de Covid-19, será um ano ainda imprevisível; haverá adiamentos de projetos, e a nossa área de engenharia se dedica atualmente a análises de projetos para os novos investimentos e retrofits, que poderão ser retomados a partir da segunda metade do ano.
DCD: Qual a expectativa para os próximos anos? Positiva ou negativa?
M. P.: Positiva para o Brasil e para a América Latina. Acreditamos que, superado este momento negativo atual, as vendas voltarão ainda mais fortes, uma vez que ainda haverá um amplo espaço para recuperação do que foi adiado.
DCD: Quais as diferenças de funções e aplicações desses produtos?
M. P.: Os equipamentos de refrigeração de precisão da AIRSYS foram projetados para a era da sustentabilidade e para proporcionar baixo custo operacional aos seus clientes, são confiáveis e energeticamente eficientes. Todas as nossas soluções incorporam funções para o maior aproveitamento da máquina com uma ampla variedade de opções de acordo com cada projeto, aplicação e localização. Suportados por softwares como CFD (Computer Fluid Dynamics) e BIM (Building Information Modelling) as aplicações são amplas, com soluções adequadas para qualquer demanda de refrigeração de precisão.
DCD: Que normas técnicas regem este setor? O mercado está bem organizado neste sentido?
M. P.: As normas técnicas, atualizadas recentemente, já reconhecem temperaturas mais elevadas dentro do ambiente de data center, já considerando inclusive o avanço tecnológico dos equipamentos eletrônicos, que suportam temperaturas maiores. A questão Normativa não é um impedimento à adoção de soluções de maior eficiência energética.
DCD: Há problema de falta de qualidade nesse setor? Que tipo de problema, ou riscos, a falta de qualidade pode trazer nesse caso?
M. P.: Sim, sem dúvidas. O pior caso que pode acontecer com o cliente final é a tentativa de adoção destas tecnologias sem o estudo adequado, desconsiderando situações que podem ser inadequadas ao ambiente, ou mesmo com a utilização de equipamentos que não são adequados à dissipação de calor sensível. Nestas situações, o data center não operará satisfatoriamente, podendo ter desde problemas de acesso dos usuários e até mesmo interrupção de funcionamento como um todo. Por estes motivos que sempre sugerimos aos nossos clientes e interessados, um estudo completo para atender aos requisitos de confiabilidade operacional, disponibilidade e economia de energia.
DCD: Que medidas poderiam ser tomadas para superar esses entraves?
M. P.: Comprar soluções de baixo custo Opex ao invés de máquinas de baixo custo de aquisição.
Como já mencionado, a realização de um estudo prévio da operação para evitar que situações críticas não previstas possam diminuir a disponibilidade e comprometer as condições operacionais do data center.
DCD: Que fatores normalmente impulsionam as vendas de equipamentos de eficiência energética? Qual a influência da qualidade da energia distribuída no Brasil e do clima (época do ano) nas vendas desses equipamentos?
M. P.: Em primeiro lugar identificar empresas clientes em potencial com disposição para buscar a melhor solução para o seu projeto. As opções de máquinas são muitas, mas a melhor solução implica em análise de opções de solução e de seus resultados antes mesmo de construir o data center e adquirir os equipamentos. Fazer concorrência de máquinas com base em uma só uma opção de solução vai prevalecer o custo Capex e/ou a marca na decisão do cliente.
Outro fator é a influência da performance de cada equipamento ofertado, bem como a sua eficiência energética e a sua contribuição para reduzir o TCO (Total Cost Ownership).
Mas isto por si só não basta. A decisão do que vender e do que comprar deveria ser baseada em uma análise global e de todo o sistema, mesmo antes de detalhar o projeto.
O clima do local ao longo do ano pode corroborar ou não na decisão de ofertar o equipamento Free Cooling.
Com relação a energia, o valor por Kwh deve ser avaliado e tem influência direta na aplicação de alternativas de redução do consumo no pré-projeto.
EMPRESA
DCD: Que linhas de produtos a AIRSYS oferece para o mercado de data center?
M. P.: A AIRSYS disponibiliza uma linha completa de produtos para ambientes críticos, desde pequenos selfs remotos para ambientes menores, como CPDs até Selfs, Fan Coils e Chillers de precisão de alta capacidade para data centers de qualquer capacidade, passando por equipamentos Wall Mounted, InRow, Caixas de Free Cooling Inteligentes e ar condicionado e trocadores de calor para gabinetes externos para a área de Telecom.
DCD: Qual a participação da empresa nesse mercado?
M. P.: Atualmente possuímos um Market Share estimado entre 10 e 15%.
DCD: Qual o volume de vendas da empresa nessa área? O volume de vendas tem aumentado nos últimos anos? Qual a tendência para os próximos anos?
M. P.: Planejamos um faturamento para 2020 da ordem de R$ 10 milhões. O faturamento vem gradativamente aumentando desde que iniciamos as vendas no Brasil há três anos. Vale acrescentar que as nossas vendas preferencialmente são realizadas com base em soluções de eficiência energética e não pela simples oferta de máquinas. Temos produtos operando há três anos em grandes, médios e pequenos data centers, com desempenho extraordinário no que concerne à Eficiência Energética e confiabilidade operacional. O crescimento da AIRSYS no Brasil é contínuo e com base nas suas soluções projetamos um crescimento de 7% ao ano, nos próximos dois anos.
DCD: Quanto a empresa normalmente investe em pesquisa e desenvolvimento de produtos nessa área?
M. P.: Ao redor de 10 a 15% de seu faturamento. Temos uma equipe de 49 pessoas, voltada para Pesquisa e Desenvolvimento, que exclusivamente se dedicam ao desenvolvimento de novos produtos e da contínua atualização tecnológica de nossa linha de produtos.
DCD: Quais foram os últimos lançamentos da empresa nessa área? Quais serão os próximos lançamentos?
M. P.: Para o mercado brasileiro, lançamos Chillers de precisão para data centers, que possuem opção de operação em modo Free Cooling, permitindo maior controle na temperatura de água gelada e redução do TCO, como também a nossa linha de Fancoils de precisão modulares para altas capacidades. Mas gostaria de destacar que o nosso maior lançamento agora em curso é a mudança do foco da AIRSYS nas suas ofertas. Em substituição à venda de produtos estamos propondo a venda de soluções completas para data centers com fornecimento turnkey, quando desejado pelo cliente. Com ênfase na melhor solução de refrigeração, com a maior eficiência energética possível e baixo custo Opex. Com base no objetivo ou projeto básico do cliente, em cada localização e, com otimização do espaço físico.