Não é de hoje que o uso da tecnologia vem causando verdadeiras revoluções nos mais diversos mercados. Startups tornam-se empresas milionárias com a descoberta e utilização de novas tecnologias ou aplicando inovações para a transformação de realidades já consolidadas.
 
Conhecido por seu tradicionalismo, o mercado do futebol ainda resiste à incorporação de certas tecnologias e novos instrumentos aos seus processos. Ferramentas como o VAR (Árbitro Assistente de Vídeo), utilizado efetivamente na Copa de 2018, ainda dividem opiniões e causam polêmicas entre os amantes do esporte.
 
Essa realidade engessada deve mudar nos próximos anos com o crescimento das sportstech, empresas de inovação voltadas ao esporte. Ainda em disparidade quando comparadas a outros nichos, elas representam apenas 62 das 12 mil cadastradas na base de dados da Associação Brasileira de Startups, enquanto as de educação e finanças representam mais de 750 e 490, respectivamente, das empresas associadas.
 
O mercado das sportstech é promissor. Dados do setor mostram um crescimento de 34,5% em 2018 nos investimentos nesse tipo de empresa nos Estados Unidos, somando US$ 1788 milhões. Já na Europa, o mesmo estudo realizado pela SportsTechX, identificou um aumento de 27% nesses investimentos, representando um montante de € 363,9 milhões nos últimos dois anos.
 
Dessa maneira, é possível presumir que o mercado do futebol brasileiro participará dessa transformação tecnológica por seis motivos:
 
1. A paixão pelo esporte
 
O povo brasileiro é apaixonado por futebol. Prova disso são os dados divulgados pelo Google, que revelam que em 2018, dentre os 5 eventos mais buscados no site, 3 estavam relacionados ao futebol - Copa, Copa São Paulo de Futebol Júnior 2018 e Campeonato Brasileiro.
 
2. O tamanho do país
 
A proporção continental do Brasil faz com que o país seja um mercado cobiçado. Estamos entre as 10 maiores economias do mundo, com o 9º maior PIB do planeta de acordo com o FMI, com mais de 210 milhões de habitantes, ecossistema favorável ao crescimento e à inovação.
 
3. A presença no digital
 
Não é surpresa que o universo digital e as inovações tecnológicas caminham lado a lado. Considerando essa analogia, o Brasil é um país extremamente relevante no ambiente digital, sendo o terceiro em número de usuários no Facebook e o segundo no Instagram em todo o mundo.
 
4. A necessidade de modernização
 
Apesar de inseridas em uma indústria que movimenta milhões anualmente, as federações e instituições ligadas ao futebol, em sua maioria, ainda são geridas de forma arcaica, manual, sem o auxílio da tecnologia. A modernização dos processos poderá trazer ainda mais ganho para o mercado.
 
5. A atração de novos investimentos
 
Projetos como o que tramita na Câmara e propõe que os times de futebol possam ser transformados em sociedades empresariais, além da liberação de apostas esportivas para o próximo ano, deverão atrair grandes investimentos e faturamento no setor, submetendo os clubes a um amplo processo de transformação.
 
6. O potencial do esporte
 
De acordo com a FIFA, o Brasil conta com mais de 30 milhões de praticantes de futebol e representa mais de 15% do mercado global do setor. Números que o atestam como país do futebol e possivelmente também, da tecnologia nessa área.
 
*Bruno Pessoa é CEO e co-fundador da Tero, plataforma digital que conecta atletas brasileiros a oportunidades de carreira.