A demanda mundial de profissionais de Data Center será de 2,3 milhões em 2025, de acordo com pesquisa do Uptime Institute. A escassez de talentos no setor pode restringir o crescimento da indústria. A falta de profissionais ocorre num momento em que a tecnologia avança em ritmo acelerado e a dependência de serviços digitais continua aumentando.
DCD conversou com especialistas da indústria sobre quais estratégias devem ser criadas para lutar contra a crise de talento.
Para Andrés Mendoza, Regional Technical Manager da ManageEngine Colômbia, há dois fatores muito importantes a respeito da problemática. “O primeiro é a escassez de mão de obra capacitada, ou seja, não encontro a pessoa ideal para o tipo de projeto, tecnologia ou plataforma que vou investir no Data Center. Outra questão é como manter o talento existente? Há muitas empresas que captam talentos de outras organizações. E com isso, a pergunta deve ser: ‘os empregados da minha empresa estão satisfeitos e felizes?’”.
Atrair jovens
Alex Sasaki, Diretor de Aplicações de Tecnologia e Gestão de Vendas da Vertiv América Latina, afirma que a estratégia deve iniciar pela atração de novos talentos para o mercado. “Ao contrário de outras regiões, onde os profissionais mais qualificados são experientes e próximos à aposentadoria, a América Latina tem uma oferta de mão de obra mais jovem, que pode ser treinada e desenvolvida. A falta de profissionais qualificados na nossa indústria já era um problema existente, porém devido à grande expansão de investimentos neste segmento, alavancada também pela pandemia, agravou ainda mais a situação”.
Sasaki complementou: “O Data center é um ambiente extremamente complexo que demanda profissionais de diversas especialidades. Portanto, em um ambiente eclético é importante mapear e desenvolver planos de capacitação específicos para as diversas atividades dos Data Centers desde o design até a gestão e operação”.
Diretora de Vendas da Equinix para América Latina, Yesenia Meneses destacou que também é importante atrair mais mulheres para o setor. “A comunidade de data centers deve convidar ao gênero para que participe em maior proporção. Em Equinix, estamos fazendo isso. Na nossa empresa, metade da equipe é formada por mulheres. Necessitamos mulheres. Em México, também há organizações que incentivam a que as mulheres estudem engenharia”.
Plano de retenção especial
Juan Felipe Echeverri, Coordenador de Data Center na GTD Colômbia, disse que o setor precisa de um plano de retenção especial. “É um ponto-chave, que as empresas necessitam fazer zoom e começar a incluir dentro dos objetivos e metas gerais, de maneira um pouco diferente para a equipe dos Data Centers. As organizações não realizam um plano de retenção que evite que os especialistas, que contam com o conhecimento, migrem para outras empresas”.
Echeverri complementou: “Hoje em dia, essa questão é tratada de forma muito geral, para todas as pessoas da empresa, onde devemos abrir um espaço exclusivo para o pessoal da operação do Data Center, quando os profissionais são nossos; porque quando temos empresas de terceirização, nesse caso o que devemos fazer é exigir que os contratados tenham e apresentem esse tipo de planos de retenção e que devemos acompanhá-los, mas acredito que hoje em dia isso não está sendo feito”.
Capacitação continuada
Leandro Sulinscki, VP de Gente e Gestão da Scala Data Centers, também destacou as estratégias que devem ser criadas para qualificar, investir e reter aos profissionais de Data Centers. “A Scala acredita que a educação é transformadora. Por isso, ela está no centro da nossa estratégia de atuação, sendo essencial para os investimentos que fazemos em qualificação e retenção de talentos, bem como para beneficiar a sociedade ao contribuir para a formação de profissionais qualificados e para a melhoria da sociedade como um todo. Essa é a base do nosso Programa de Formação de Engenheiros, que hoje concede 52 bolsas de estudos integrais de bacharelado em engenharia elétrica, mecânica e civil para jovens em situação de vulnerabilidade social”.
Possibilidade de crescimento
Pablo Casado De Las Heras, Head of Global Data Center & Core Sites da Telefónica, está de acordo com a existência de um plano de formação para os trabalhadores da indústria do Data Center. “Deve existir um (plano de formação) para cada posto. Além disso, é importante haver um plano geral que permita tanto a formação continuada dentro de cada role como a existência de carreiras profissionais que ajudem ao trabalhador no seu crescimento dentro das organizações”.
Boa remuneração
Alex Sasaki da Vertiv América Latina também destacou a remuneração entre os pontos importantes para reter aos profissionais dos Data Centers. “Em função da vasta oferta de empregos, além de salários e benefícios atrativos, é importante conectar as metas pessoais e de carreira destes profissionais com os objetivos da companhia para que eles se mantenham engajados”.
Ambiente híbrido ou remoto
Andrés Mendoza, Regional Technical Manager da ManageEngine Colômbia, também destacou outros dois fatores. “Fizemos uma pesquisa com os nossos funcionários, perguntando se, caso tivessem que mudar de emprego, qual seria o primeiro fator a ser considerado? E o fator mais importante dessa lista foi se eles tinham a possibilidade de trabalhar num ambiente híbrido ou 100% remoto, por exemplo. O segundo fator foi o fato de a organização oferecer treinamento contínuo, tanto em tecnologia quanto em habilidades interpessoais”, explicou.
Segundo Mendoza, é importante trabalhar as habilidades interpessoais dos profissionais. “O talento, na organização, geralmente está realizando tarefas rotineiras e repetitivas. De repente, a organização cresce e o transforma em chefe, sem nenhuma experiência em gerência média ou liderança. Portanto, essas habilidades interpessoais precisam ser trabalhadas. O que recomendamos às organizações é que façam um plano estratégico de treinamento contínuo, não apenas em tecnologia”.
Ele acrescenta: “As certificações técnicas são muito importantes, mas, ao mesmo tempo, é preciso treinar os funcionários em habilidades interpessoais, como o gerenciamento de problemas humanos. Não apenas em termos de incidentes num Data Center, mas também no gerenciamento de recursos humanos”.
O Regional Technical Manager conclui afirmando que é importante não negligenciar os talentos existentes. “Com relação à busca, há algo que recomendamos e fazemos na nossa empresa: muitas vezes, sair para o mercado em busca de talentos pode ser um desafio. Porque talvez a tecnologia tenha acabado de ser lançada e eu não vou encontrar um especialista com 5 anos de experiência em questões de contêineres, por exemplo. Não posso exigir um nível de senioridade quando a tecnologia ainda não estava disponível. O que sugerimos é pegar os recursos, que têm a base de conhecimento, e começar a treiná-los e capacitá-los no que eu preciso. Não negligencie os talentos existentes”.
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Episode Formação e Talento Episódio 2