As perspectivas para o mercado de TI na América Latina a partir de 2024 são muito positivas, pois se espera um crescimento de 5% no setor, acompanhado pelo fortalecimento de diversas tecnologias e com impacto no Produto Interno Bruto (PIB) da região, impulsionando um crescimento positivo. Os dados foram apresentados no FutureScape: Latin America IT Industry Predictions 2024 da IDC.

De acordo com as previsões da consultoria, o setor de TI (excluindo dispositivos) crescerá cerca de 11%, o que é muito positivo no ambiente atual. “Crescer 11% em 2024 é, sem dúvida, um marco importante nas perspectivas que os usuários finais terão em relação a determinadas tecnologias”, diz Alejandro Floreán, vice-presidente de Consultoria e Estratégia da IDC América Latina.

Em termos de crescimento da indústria de TI nos diferentes países da região, a Argentina crescerá 7%; enquanto o México, após um aumento de 22% em 2023, crescerá apenas 10% no próximo ano. Ao mesmo tempo, o Brasil crescerá 12%; enquanto Peru e Chile terão crescimento de 11%, respectivamente. A perspectiva é bastante promissora se comparada a países que têm uma economia mais estável e madura, como os EUA, que crescerão apenas 9% em 2024.

10 previsões da IDC para o mercado latino-americano de TI e Telecomunicações, a partir de 2024

  1. Aumento do investimento em iniciativas de Inteligência Artificial

Até 2027, as 5.000 maiores empresas da América Latina dedicarão mais de 25% de seus gastos máximos de TI a iniciativas de IA, impulsionando um aumento de dois dígitos na taxa de inovação de produtos e processos.

O resultado dessas iniciativas se refletirá na satisfação dos clientes, melhorando a geração de receita. Quanto à automação robótica de processos (RPA), o impacto será sentido otimizando fluxos de trabalho, reduzindo erros e melhorando a eficiência operacional, como é o caso dos Chat Bots. A gestão de dados será extremamente importante na implementação dessas ferramentas.

“Quando pensamos no impacto na TI, é muito importante pensar que haverá um foco na gestão de dados, já que a confiabilidade e a objetividade dos modelos serão diretamente impactadas pela qualidade das informações que implementamos nesses modelos”, afirma Diego Anesini, vice-presidente de Data e Analytics da IDC América Latina.

  1. A IA criará mais possibilidades, mas também algumas dificuldades

Com os fornecedores de tecnologia dedicando 50% dos investimentos em P+D, equipe e CAPEX à IA/automação até 2026, os CIOs terão dificuldades para alinhar a seleção de fornecedores e as prioridades de operações de TI com novos casos de negócios.

Até 2026, pode haver uma lacuna significativa entre a oferta de oportunidades de IA e a capacidade de adaptação do mercado, impactando tudo, desde dispositivos e software até data centers. Em alguns casos, a IA até ultrapassará a nuvem como um impulsionador de inovação, continuando a ser um pilar fundamental no setor de TI. Portanto, haverá uma maior oferta na criação e aprimoramento de ferramentas que ajudarão uma organização a ser mais competitiva, gerando um possível risco de perda de custos e controle de dados.

Por esse motivo, recomenda-se que as empresas peçam aos seus provedores de TI planos de treinamento sobre novas ofertas, estabeleçam regras claras sobre o uso de dados, código e consumo e, por fim, estabeleçam um centro de excelência em IA para estudar a evolução da oferta e o impacto na organização.

  1. Maior custo de infraestrutura e acesso à informação

Até 2027, um terço das empresas enfrentará custos incertos de infraestrutura e acessibilidade, levando a medidas paliativas que tornarão os objetivos econômicos da logística de nuvem e dados mais difíceis de alcançar.

O custo da infraestrutura e do acesso à informação será um desafio para as organizações, pois gerará maior pressão para alterar planos de negócios e restringir o investimento em recursos. Além disso, pode haver risco de acúmulo de dívida tecnológica, devido às fortes mudanças e CAPEX necessários para os processadores.

“Será muito importante ter controle de custos para manter uma relação razoável entre o investimento e seu retorno”, diz Diego Anesini.

  1. Expandir as carteiras de dados

Em 2024, os fornecedores em todo o espectro de hardware, software e serviços expandirão agressivamente seus portfólios de dados privados e de código aberto, tornando as decisões de parceria estratégica mais voláteis.

Para o C-Level, os dados serão de grande importância para desenvolver casos de uso de IA generativa e expandi-la na organização. Os Large Language Models (LLMs), assim como os dados, serão ativos muito importantes na hora de avaliar quanto vale uma empresa. Alguns fornecedores de tecnologia estão expandindo seu portfólio de dados para setores específicos que têm presença tecnológica.

A recomendação da IDC é priorizar o uso de dados internos e de terceiros e diretrizes de compartilhamento para todos os dados corporativos gerenciados pela organização, garantindo o acesso de longo prazo a essas informações.

  1. Baixo financiamento para habilidades de TI

Até 2027, o financiamento abaixo do ideal de iniciativas de habilidades em comparação com os gastos em produtos/serviços impedirá que 75% das empresas recebam o valor total dos investimentos em IA, nuvem, dados e segurança. Isso significa que as empresas continuam a ter dificuldades quando se trata de encontrar pessoas com as habilidades certas para as posições certas.

84% dos profissionais de TI em todo o mundo reconhecem que o treinamento em TI é um imperativo estratégico e que o investimento em treinamento não indica um crescimento exponencial em termos de gastos com tecnologia. Pietro Delai, diretor de Soluções de Negócios da IDC América Latina, comenta que “ironicamente, será a IA generativa que ajudará as empresas a treinar trabalhadores de tecnologia de uma maneira muito mais eficiente”. Por isso, “é essencial promover uma cultura de aprendizagem dentro da organização”.

  1. Novos recursos para IA

Até 2028, 35% dos compromissos de serviço incluirão entrega generativa habilitada por IA, desencadeando uma mudança de serviços entregues por humanos para estratégia, mudança e treinamento para preparar as organizações para “IA em todos os lugares”.

Surgirão novas funções para os fornecedores de IA: a função de consultor, que precisará identificar casos de uso e será tão relevante quanto a de consultor de negócios, devido à importância que a IA adicionará ao negócio até 2028; o papel do gestor, que deve desenvolver habilidades de equipe e gerenciar mudanças; e, por fim, o papel sentinela, para avaliar riscos, possibilidade de viés, toxicidade do processo, vazamento de dados e direitos autorais.

As empresas precisam avaliar a experiência e a abordagem de seus fornecedores de serviços para aproveitar ao máximo o alinhamento da IA generativa com o negócio. “A implementação da IA não deve sistematizar o que existe, mas sim beneficiar as mudanças”, diz Delai.

  1. A importância da automação

Até 2027, 80% da infraestrutura, segurança, dados e aplicativos dependerão de plataformas de controle avançado para a entrega coordenada de serviços baseados em IA, mas apenas metade das empresas os usará de forma eficaz.

Uma das mudanças mais significativas na TI é a ampliação da entrega de tecnologia como serviço: software, hardware e serviços, o que torna mais necessário o uso de ferramentas avançadas de controle para melhorar a resiliência dos negócios digitais, reduzindo gastos operacionais.

Delai ressalta que “o crescimento da equipe operacional não resolverá os problemas, por isso a automação deve ser sempre considerada um ponto chave”.

É aconselhável reorientar as práticas operacionais de TI para o desenvolvimento de habilidades estratégicas que serão importantes para trabalhar de forma otimizada com automação.

  1. Mais atenção a mercados carentes por meio da IA

Até 2026, todas as novas marcas, produtos e serviços de TI voltados para segmentos de clientes/pessoas carentes serão baseados na forte integração de vários serviços de IA que oferecem novos recursos a custos mais baixos.

Novos sistemas de informação integrados com IA terão como alvo segmentos pouco atendidos pelas empresas, melhorando assim a experiência e a automação, proporcionando maior eficiência e impacto nos custos operacionais. Isso causará uma conexão com diferentes segmentos do mercado que não são atendidos regularmente.

Alejandro Floreán menciona que “a governança de dados e uma estrutura mais eficiente serão fundamentais para o sucesso do negócio. Buscar plataformas integradas, não isoladas e transparentes, é um bom caminho”.

Um aspecto relevante é que faltam talentos para trabalhar com IA e sua integração com diversos serviços que atendem esses segmentos. Essa será uma das principais barreiras para alcançar a integração plena e completa dos serviços de TI nas empresas.

  1. Novas experiências e casos de uso

Até 2027, 40% das 5.000 maiores empresas da América Latina aproveitarão experiências ubíquas, análises de ponta e inteligência artificial generativa para permitir que os clientes criem suas próprias experiências, melhorando os resultados e o valor desejados pelos clientes.

“Toda a inteligência gerada, bem analisada, nos permitirá criar novas experiências e casos de uso que talvez não existam atualmente. Estudar e investir estrategicamente em serviços de IA generativa terá um enorme impacto em diferentes equipes dentro de uma organização. Priorizar a proteção da privacidade de dados, tanto para clientes quanto para parceiros de negócios, será, sem dúvida, um aspecto muito importante a ser considerado no próximo ano”, afirma Floreán.

  1. Conectividade será fundamental

Até 2028, 20% das 5.000 maiores empresas da América Latina integrarão a conectividade via satélite na órbita baixa da Terra, criando uma estrutura unificada de serviços digitais que garante acesso ubíquo e resiliente e garante a fluidez dos dados.

A criação de novas aplicações inteligentes que serão geradas como parte de toda essa explosão, não apenas derivadas da IA generativa, mas também da tendência de “near shoring” em alguns países da América Latina, gerará novas aplicações inteligentes que podem exigir menor latência para poder operar corretamente.

“A conectividade será fundamental para que todas essas previsões se concretizem. Para implementar um ecossistema de conectividade, deve ser essencial que as empresas alinhem diferentes estruturas e serviços para garantir a fluidez dos dados”, conclui Floreán.