Nenhuma indústria é imune à crise climática. Até certo ponto, a indústria tecnológica que, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, é responsável de 2% a 3% das emissões globais de gases de efeito de estufa, teve mais facilidade do que a maioria em termos de responsabilização. Vejam, por exemplo, as indústrias de produção de energia e aviação. É fácil identificar emissões e impor restrições para conseguir redução de emissão de carbono.

No entanto, a situação mudou para todas as indústrias, incluindo a de tecnologia, impulsionada por uma combinação de regulamentação, sensibilização dos consumidores e pressão dos investidores.

Apesar das boas intenções, a implementação de uma abordagem coesa à sustentabilidade pode ser um campo minado, com muitos fatores que devem ser levados em consideração, incluindo a conformidade com as emissões de Âmbito 1 e 2 e uma série de outras normas e acrônimos.

É fácil deixar-se levar por essa complexidade e é importante que as empresas permaneçam proficientes em suas abordagens às estratégias de redução de carbono e conformidade.

Em um esforço para reduzir as emissões (e serem vistas fazendo), muitas empresas aderiram a esquemas de compensação de carbono como um componente essencial dos programas ESG. Esses esquemas permitem que as empresas comprem “créditos de carbono” para compensar as suas emissões. Plantar árvores e outras atividades que sustentam esses esquemas ocorrem frequentemente em países distantes das operações da empresa e sofrem muitas críticas.

Embora possam alegar ter algum impacto, pelo menos na redução da taxa de emissões mundiais de carbono, como aponta um artigo recente do The Guardian baseado em uma pesquisa, eles têm falhas graves, sendo improvável que 90% por cento dos créditos florestais analisados representem uma redução genuína das emissões de carbono.

O aumento do exame da compensação de carbono causa cinismo e uma crença crescente de que se trata de uma forma de greenwashing. Isto acontece ao mesmo tempo em que cresce uma sensibilização maior às questões ambientais e as restrições regulamentares, e é provável que a nova legislação aborde o greenwashing. O que está claro é que o setor da tecnologia precisa abordar as causas profundas do problema, que incluem as emissões diretas de carbono, as emissões relacionadas à cadeia de abastecimento e o consumo de energia.

Controlando as emissões do data center

Os data centers são apenas uma parte do cenário tecnológico, mas são muito importantes quando se trata de emissões de carbono. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), os data centers representaram de 1% a 1,3% da demanda final global de eletricidade em 2022.

Como resultado da nossa demanda insaciável por dados e pelo fato de o número de data centers em todo o mundo continuar a crescer, é inevitável que continuem a contribuir significativamente às emissões globais de carbono. Em 2020, o mundo produziu 64,2 zetabytes de dados e, até 2025, esse número deverá triplicar para 181 zetabytes. Na verdade, essa pode ser uma estimativa baixa, dada a rápida ascensão da IA generativa e a quantidade de novos dados que irá criar.

A boa notícia é que muita coisa pode ser feita agora pelos operadores de data centers para reduzir suas emissões – e há algumas evidências que sugerem que isso já acontece. Por exemplo, a AIE observa que o uso de energia dos data centers (excluindo criptografia) teve um crescimento modesto desde 2010, atribuídas a melhorias de eficiência em hardware e refrigeração de TI.

O Energy Innovation Policy & Technology, um think tank apartidário sobre políticas energéticas e climáticas, calculou que o armazenamento é responsável por cerca de 11% do consumo de energia do data center. Embora seja um número relativamente modesto, comparado com os sistemas de refrigeração e fornecimento de energia (43%) e servidores (43%), ainda é significativo – e é algo que o setor de armazenamento de dados deve abordar.

Elenco aqui três maneiras de diminuir a pegada de carbono dos data centers em curto prazo:

  1. Tecnologia de armazenamento com maior eficiência energética. A gama de armazenamento totalmente em flash geralmente usa menos energia, ocupa menos espaço e exige menos resfriamento do que o armazenamento baseado em disco. Na verdade, as opções baseadas em flash usam de cinco a 10 vezes menos energia do que sistemas de disco rígido comparáveis. Além disso, algumas soluções totalmente em flash são mais eficientes porque o hardware e o software são projetados em conjunto para otimizar o flash. Além disso, como não possuem peças móveis quando implantadas em data centers, é necessário menos resfriamento.
  2. Adotar modelos de armazenamento como serviço (STaaS) baseados no consumo, que impulsionam a eficiência energética usando apenas o necessário. As ofertas de serviços de assinatura permitem que as organizações paguem pelos recursos de que necessitam sem precisar operar e gerenciar o que não está sendo usado: maximizando o investimento e reduzindo o consumo de energia.
  3. Aproveitar o hardware com design modular que permite a substituição e atualização de componentes específicos em vez de sistemas inteiros. Isto reduz as emissões em toda a cadeia de abastecimento, ao mesmo tempo que envia menos resíduos eletrônicos para aterros.

Como indústria, a tecnologia pode agir e reduzir as emissões de carbono, ao mesmo tempo que continua a inovar e a dar resposta à demanda cada vez maior de armazenamento de dados.

É preciso acabar com a incapacidade de abordar as causas profundas do problema com iniciativas que só mascaram o tamanho do problema, além do greenwashing. Esse é um problema do qual podemos nos encarregar e resolver juntos.