“No Estado de São Paulo está o centro da demanda de data center e conectividade do país, a construção do SP3 como um anexo do nosso data center (SP1), atende a demanda de expansão dos nossos clientes, com conectividade direta e com baixo custo e latência. Vemos na região oportunidades muito relevantes dentro do nosso foco de atuação e investiremos em expansões adicionais, que logo serão anunciadas”, conta o CEO da Scala Data Centers, Marcos Peigo, revelando que metade da capacidade do novo data center já está negociada.
Confira aqui, outras revelações do CEO da Scala Data Centers.
DatacenterDynamics: Por que construir o SP3?
Marcos Peigo: Não bastasse a demanda que já tínhamos identificado entre nossos clientes desde que começamos a conversar com eles a respeito do lançamento da Scala, esse novo contexto trazido pela pandemia nos deixa ainda mais confiantes a respeito da consistência na demanda por infraestrutura digital, que se apresentará nos próximos meses e anos. O SP3 é só a primeira fase de várias na nossa expansão, que aumentará a capacidade disponível no Brasil, no Estado de São Paulo, mas também dará início a operações em outros países. Metade da capacidade do SP3 já foi negociada com clientes.
DCD: Em que lugar de São Paulo o novo data center será construído?
M. P.: No mesmo condomínio em que está localizado o SP1 em Tamboré, sendo considerado como um site anexo. Algumas vantagens são muito óbvias como o reduzido custo e latência para interconexão, além da otimização de equipes e custos, sendo todos esses aspectos revertidos em benefício aos nossos clientes.
DCD: Quanto será investido na construção do novo data center?
M. P.: Nesta etapa, um pouco mais de 200 milhões de reais.
DCD: Além da ANSI / TIA-942-B rated 3 que outras certificações a Scala Data Centers pretende solicitar?
M. P.: ISO 27001, ISAE 3402.
DCD: Como a Scala Data Centers avalia o setor de data center brasileiro?
M. P.: Em franco processo de expansão e amadurecimento. Temos hoje poucos players de classe mundial, se comparado com outras regiões como América do Norte e Europa e uma capacidade ainda inferior à demanda. Prova disso é a quantidade de novos data centers que foram construídos nos últimos anos.
DCD: Pós Pandemia que cenário a Scala Data Centers enxerga para o setor?
M. P.: Acreditamos que o setor se desenvolverá de maneira mais acelerada. Ao considerarmos que as jornadas de migração para cloud das grandes empresas ainda está em sua fase inicial (cerca de 80% das cargas empresariais ainda não evoluiu para modelos de cloud) e que o rollout das redes 5G habilitará uma série de novas aplicações nas pontas, com um incremento substancial na quantidade de dados gerados e manipulados já teríamos uma demanda crescente para ativos de data center de primeira linha. Mas o cenário pós pandemia adiciona mais variáveis de incremento da demanda, com comportamentos alterados nas casas e nas empresas, demandando uma sociedade muito mais conectada e acostumada com serviços digitais.
DCD: Gostaria que listasse alguns dos clientes da Scala Data Centers?
M. P.: O Grupo UOL e suas afiliadas (Compasso, PagSeguro, PagBank e o portal) e empresas líderes de vários segmentos como, por exemplo, a B2W e Inbev, além de clientes hyperscalers que não podemos divulgar. Temos hoje uma carteira com 280 clientes.
DCD: Quantos metros quadrados o data center terá?
M. P.: São 5.200 m² de área construída adicionais.
DCD: Que características técnicas (refrigeração, elétrica, monitoramento ou outros) você destaca no projeto?
M. P.: Sistema de refrigeração de expansão indireta com chillers dotados de sistema de free-cooling, fancoils com inteligência de controle em rede e ventiladores de vazão variável e de alta eficiência. Sistema elétrico em topologia cather N+1 com um gerador a mais que dará uma confiabilidade maior que Rated-3 no sistema elétrico, sistema de diesel projetado para mais de 60 horas de combustível. UPS de alta eficiência com baterias de Ion-Lithium, sistemas de transferência de cargas com ATS e STS. Sistema de combate a incêndio dotado de dois níveis de detecção, sendo um deles o VESDA e combate por gás IG-541, que segundo a NFPA-2001 é denominado de Clean Agent Fire Extinguishing System. Sistemas de CFTV com mas de 120 câmeras digitais e sistema de vídeo análise com gravação de 120 dias, controle de acesso com duplo check de segurança de cartão mais biometria.
DCD: Qual será o sistema de refrigeração utilizado?
M. P.: Como descrito anteriormente free-cooling nos equipamentos chillers que possuem inteligência e estão conectados em rede para um total controle do melhor ponto eficiente de trabalho, segundo as condições de retorno da água e externas do ar, salas de data hall com confinamento de corredores e sem piso elevado, voltado sempre para um melhor aproveitamento e consequentemente uma melhor eficiência energética.
DCD: Serão seguidas as recomendações da ASHRAE de subir a temperatura para 27º para conseguir o PUE inferior a 1,5?
M. P.: Não nesta instalação, sendo esta uma questão de atendimento aos contratos de nossos clientes que ainda não permitem temperaturas maiores que 25°C.
DCD: Critérios ambientais estão levados em consideração?
M. P.: Sempre levamos em consideração os maiores critérios de controle ambiental e nas questões de eficiência energética, e um deles é que neste data center não iremos consumir água em nossos sistemas de refrigeração, além de contratos de fornecimento de energia com geração baseada em fontes renováveis.
DCD: Por que comprar os data centers da UOL DIVEO?
M. P.: Eram ativos premium localizados na região de São Paulo com invejável histórico – mais de 20 anos de disponibilidade ininterruptas no SP1, o maior data center comercial da América Latina em capacidade produtiva - com elevado índice de modernização em função das ampliações e adequações feitas nos últimos anos, com alto grau de ocupação e perfil de clientes (grandes empresas e provedores de serviços em nuvem) bastante aderente a nossa estratégia. Além disso, com o foco anunciado pelo UOL DIVEO na exploração de serviços, percebemos uma oportunidade muito interessante nessa aliança estratégica, nos mantendo como parceiros de infraestrutura deles para suas presentes e futuras demandas. Fez todo sentido para o lançamento da nossa plataforma.
DCD: Por que mudar o nome da marca?
M. P.: Não estamos mudando o nome da marca apenas. Construímos uma nova empresa, com o objetivo de estabelecer uma plataforma latino-americana de data centers hiperescaláveis. A aquisição destes ativos foi só um dos passos de uma estratégia mais abrangente já em curso, que tem como objetivo a busca da liderança do mercado na nossa região, alavancando a capacidade de investimentos, a experiência e o time extraordinário da Digital Colony, que controla mais de 90 data centers no mundo todo, além de mais de 200.000 quilômetros de fibra e mais de 350.000 pontos de infraestrutura de conectividade móvel.
*Tatiane Aquim é editora da DatacenterDynamics no Brasil.