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Fernando Santos da CloudHQ

O DCD>Connect São Paulo retorna ao Brasil para a sua segunda edição, nos próximos 7 e 8 de novembro, no Sheraton São Paulo WTC Hotel. O evento reunirá a mais de 800 executivos da cadeia de fornecimento e design de Data Centers.

No dia 8 de novembro, às 10:30 am, Fernando Santos (Project Manager da CloudHQ) participará do painel: "Quais estratégias são necessárias para acelerar o processo de construção de data centers no Brasil?". Para discutir sobre a temática, DCD entrevistou Fernando dias antes do evento.

Quais estratégias são necessárias para acelerar o processo de construção de Data Centers no Brasil?

Padronização e industrialização são essenciais. A construção no Brasil, particularmente a civil, ainda inclui muitas atividades de fabricação no canteiro, algumas essencialmente artesanais. É essencial que a pré-fabricação seja mais amplamente explorada no Brasil; o canteiro-de-obras deve se tornar um local de montagem, ao invés de fabricação. Data Centers apresentam a oportunidade de serem projetos muito propícios à padronização, seja ela de especificações de equipamentos e componentes, de modulação de projeto, e de sistemas construtivos. É preciso estabelecer padrões na indústria, desde as especificações de projeto à definição de técnicas construtivas, para que toda a cadeia de fornecimento ganhe velocidade.

Quais são os principais fatores que tornam o Brasil um mercado tão atrativo para investidores de data centers?

A atual alta na demanda por Data Centers, obviamente, que é impulsionada por fatores como o tamanho da população consumidora, demandas decorrentes da LGPD, e relativa estabilidade geopolítica.

No contexto global, o Brasil é ainda um mercado novo para os Data Centers de maior capacidade, os do tipo hyperscale como os desenvolvidos pela CloudHQ, portanto o potencial de crescimento é muito elevado. Temos aqui espaço em abundância a um custo viável, em localidades que não são atingidas por intempéries naturais significativas. O Brasil tem também oferta de energia elétrica com fontes estáveis (especialmente na Rede Básica, um dos diferenciais da CloudHQ) e, em grande parte, de origem renovável de fonte hídrica, solar e eólica, aspecto cada vez mais relevante para os clientes. Além desses, o câmbio favorável ao dólar e as taxas de juros brasileiras podem resumir os principais atrativos para investidores.

Quais estratégias podem ser adotadas para otimizar a sustentabilidade no processo de construção dos data centers?

A intensificação da pré-fabricação é a principal delas, na minha visão. É da natureza do processo de construção consumir energia e gerar resíduos, portanto o caminho é organizar o sistema de produção para que as atividades de transformação primária se deem em ambientes mais bem controlados, nos quais haja maior eficiência no uso dos materiais, energia e mão-de-obra, e maior facilidade no reaproveitamento de excedentes. Na prática, estamos falando de concentrar a fabricação dos componentes em ambientes tipicamente industriais ou em shops bem equipados nas obras. É necessário também pensar não só na sustentabilidade do ponto de vista ambiental, mas também na sustentabilidade da cadeia produtiva. Nesse sentido, vejo como crucial o investimento na formação e especialização de mão-de-obra, em todos os níveis.

Como a crescente demanda por serviços de Data Centers no Brasil afeta o tempo de entrega destas construções?

Um efeito imediato é o aumento no prazo de entrega dos equipamentos críticos, como geradores e chillers, no entanto esse é um fenômeno global e vai levar ainda algum tempo até que os prazos sejam regularizados. Mais preocupante é o fato de que no Brasil há poucas empresas e profissionais com expertise em Data Centers.

O mercado terá que se adaptar, mas as barreiras de entrada são altas, portanto até que surjam e se estabilizem mais fornecedores adequados, quem já conta com parcerias sólidas com projetistas e construtoras, como a CloudHQ, estará em vantagem. Disponibilidade de energia é também um ponto de atenção, pois não é fácil e nem rápido obter os acessos e acordos necessários para suprir um Data Center de larga capacidade. Essa é uma outra corrida, e os desenvolvedores que já não tiverem seus devidos acessos à energia seguros vão perder competitividade. Analisando esses fatores, prevejo que, infelizmente, vai ter muita empresa prometendo e não entregando, devido ao maior risco de atrasos, com exceção dos desenvolvedores que, como nós da CloudHQ, vem fazendo seu dever-de-casa com a devida atenção.