O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), dedicado às comunicações do governo brasileiro e integralmente controlado pelo Brasil, foi lançado nesta quinta-feira (4), da base de Kourou, na Guiana Francesa. Do centro de controle local, em Brasília.

O projeto é uma parceria entre os ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e envolve investimentos da ordem de R$ 2,7 bilhões. 

Próximos passos

Nos próximos dias o SGDC passará pelas configurações finais para a entrada em operação. O processo de posicionamento orbital – a 36 mil quilômetros de altitude em relação à superfície da Terra – deve levar até dez dias. Depois, serão necessários mais 30 dias para que todos os subsistemas do equipamento sejam verificados, já na órbita final. A previsão é que o SGDC esteja em pleno funcionamento em meados de junho.

O Satélite

O SGDC é o primeiro equipamento geoestacionário brasileiro de uso civil e militar. Adquirido pela Telebras, tem uma banda Ka, que será utilizada para comunicações estratégicas do governo e implementação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) – especialmente em áreas remotas –, e uma banda X, que corresponde a 30% da capacidade do equipamento, de uso exclusivo das Forças Armadas.

Além de assegurar a independência e a soberania das comunicações de defesa, o acordo de construção do satélite envolveu largo processo de absorção e transferência de tecnologia, com o envio de 50 profissionais brasileiros para as instalações da Thales Alenia Space, em Cannes e Toulouse, na França. São especialistas da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – entidades vinculadas ao MCTIC –, além do Ministério da Defesa e das empresas Visiona e Telebras.

Esses profissionais, engenheiros e técnicos, aprenderam a operar e controlar o equipamento em solo, um trabalho que será feito por militares a partir do 6o Comar e da Estação de Rádio da Marinha, no Rio de Janeiro (RJ). Também há outros cinco gateways – estações terrestres com equipamentos que fazem o tráfego de dados do satélite – que serão instalados em Brasília, Rio de Janeiro, Florianópolis (SC), Campo Grande (MS) e Salvador (BA).

"Durante toda a construção do satélite, houve uma atuação coordenada dos engenheiros da Telebras e da Visiona que acompanharam o processo de construção do equipamento na França, além da transferência de tecnologia para as empresas nacionais que participaram desse processo. A partir da entrada em operação, os engenheiros capacitados terão todo o controle do equipamento nos centros de operação de Brasília e Rio de Janeiro", afirmou o assessor de Assuntos Internacionais da Telebras, Luiz Fernando Ferreira Silva.

Processo

A aquisição do satélite da Thales Alenia Space ocorreu após uma competição internacional, via contrato com a Visiona, uma joint venture entre a Telebras e a Embraer. A criação da Visiona, em 2012, corresponde a uma das ações selecionadas como prioritárias no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender aos objetivos e às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).

Com 5,8 toneladas e 5 metros de altura, o equipamento ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo todo o território brasileiro e o Oceano Atlântico. Ele tem capacidade de operação por até 18 anos.