Foram numerosos os projetos que se destacaram na edição 2023 do DCD>Latam Awards. É o caso do projeto finalista do Banco Nacional da Costa Rica apresentado pela Green4T na categoria 2 do Enterprise Data Center Revolution.

Conforme relatado pela organização, o projeto de solução integral de TI para o Banco passou por um rigoroso processo de análise de suas necessidades computacionais, focando esse diagnóstico na migração para a nuvem, virtualização, consolidação, uso de soluções de hiperconvergência e desenvolvimento de um Data Center moderno e com altíssima disponibilidade. Esse diagnóstico permitiu ao Banco dimensionar seu Data Center de forma ajustada ao seu mix de necessidades.

Nessa entrevista conversamos com Alexander Monestel, CEO da Data Center Consultores, uma Green4T Company, para saber mais detalhes sobre o projeto.

Como os Data Centers corporativos estão evoluindo na América Latina e especialmente na Costa Rica?

Embora algumas projeções apontassem para a extinção da espécie chamada “Enterprise”, o que vemos é a falência parcial da “nuvem” e a recuperação do setor. Há muita frustração, especialmente no setor público latino-americano, que não encontrou nos serviços de nuvem e colocation a resposta para suas necessidades, especialmente por causa do grande problema de que o setor público regional não pode aceitar contratos de terceirização de Data Center por períodos superiores a cinco anos. Consequentemente, a cada 5 anos você tem que recontratar o serviço e mover seu Data Center, o que envolve enormes dificuldades, riscos e custos.

Na Costa Rica em particular, o que houve por um lado foi uma satisfação da demanda por Data Centers, ou seja, muitos projetos foram desenvolvidos nos últimos 10 anos que levaram o país a estar no top 3 de Data Centers certificados. No entanto, esse crescimento desacelerou devido à falta de empatia entre os setores público e privado.

A outra questão que afetou a indústria foram as políticas nefastas do Partido que governou o país por oito anos. Eu me refiro ao PAC, um partido de esquerda, que também adotou uma estranha caça às bruxas nos Data Centers do setor público desestimulando o desenvolvimento dessa promissora indústria. Com o novo governo, resta saber qual será sua abordagem.

Seu projeto é intitulado “Banco Nacional de Costa Rica”. Como surgiu a necessidade de promover esse projeto?

É um projeto que vem se formando dentro do Banco há mais de três décadas, ou seja, pelo menos em sua visão e necessidade geral. Há aproximadamente 8 anos, a gerência de TI do Banco desenvolveu um plano estratégico que previa o aprimoramento e fortalecimento de seus Data Centers como pilar fundamental de sua estrutura produtiva e de atendimento aos clientes, sendo este o maior e mais importante Banco do país e um dos maiores da região.

Esse processo de planejamento incluiu um diagnóstico de seus Data Centers na época, confirmando a urgência da construção de um Data Center primário em uma primeira fase, e um local alternativo na fase dois, ambos com altos níveis de disponibilidade e ambientalmente sustentáveis.

Com esse roteiro em mente, iniciou-se o processo de projeto e posterior construção deste Data Center principal.

Como tem sido a colaboração do Banco Nacional de Costa Rica com a Green4T? Qual tem sido o seu papel no projeto?

A DCC-Green4T foi a empresa contratada pelo Banco Nacional para desenvolver o projeto de engenharia do Data Center, supervisionar o processo de construção que ocorreu através de uma subsidiária do Banco (BN Fondos) e, finalmente, prestar o serviço de operação do referido projeto, trabalho que estamos desenvolvendo atualmente.

Em que consiste este projeto e quais são as principais linhas de trabalho?

De um modo geral, e sem entrar em conflito com acordos de confidencialidade, este é um Data Center de alta disponibilidade, projetado de muitas maneiras como um Data Center Tier IV, embora tenha sido, por fim, certificado como Tier III pelo Uptime Institute, vamos dizer assim, é um Tier III aprimorado.

Além de oferecer uma infraestrutura robusta e completamente redundante, algo que hoje na América Latina é quase considerado uma “commodity”, e projeto é completamente diferente de qualquer outro na região por seu foco na sustentabilidade.

Digamos que no script, esse Data Center incorpore todas as receitas de sustentabilidade que qualquer Data Center moderno contempla, ou seja:

  • Corredores encapsulados
  • Resfriamento com água gelada
  • Chillers de alta eficiência
  • Free Cooling
  • Transformadores de Potência de alta eficiência
  • Um projeto civil que garante um envoltório hermético
  • Gabinete composto por blocos preenchidos de 20 cm, que garantem um isolamento térmico significativo
  • Uso de lajes e paredes verdes para mitigar o efeito ilha de calor

Agora, o ponto em que o projeto dá o salto e se localiza em um nível acima, algo que o torna único na América Latina, é seu foco obsessivo na sustentabilidade:

  • O projeto foi certificado LEED Gold pelo USGBC, o que lhe permite estar no exclusivo clube de Data Center LEED Gold na América Latina, um clube composto por não mais de 10 projetos de Data Center na região. Além da conquista, o que é relevante é o que está escondido por trás disso, ou seja, ter um DNA completamente sustentável, um DNA que aborde questões de eficiência energética, eficiência no uso da água, sustentabilidade nos meios de transporte para chegar ao projeto, uso e reciclagem de materiais, gestão de resíduos durante e após a construção, proteção e qualidade do ambiente interno, seleção dos locais, proteção das zonas circundantes, utilização de energias renováveis, etc.
  • O projeto será o primeiro Data Center de toda a América Latina a conquistar também a certificação LEED Gold em Operação e Manutenção, ou seja, além de projetar e construir de forma sustentável, será um projeto que será gerenciado de forma sustentável ao longo de todo o seu ciclo de vida.
  • Ao mesmo tempo, o projeto está prestes a ser certificado CEEDA em operações e ISO 50001, para enfatizar constantemente a otimização de energia.
  • Será o primeiro Data Center a conquistar a certificação NET ZERO na América Latina, ou seja, alinhado aos compromissos globais de descarbonização que visam que todas as economias sejam Net Zero até 2050. O Data Center da BN buscará atingir esse marco até o final de 2024.

Quais desafios teve de enfrentar para realizar o projeto?

Muitos, especialmente quando se pretende ser inovador. No entanto, o principal desafio foi que o Banco tomará a decisão de construir o Data Center, após muitos exercícios de reflexão na internalização, principalmente descartando muitas mensagens que visam fazer as pessoas acreditarem que tudo pode ir para a nuvem, quando a experiência tem mostrado que isso não é viável. Uma vez terminado esse processo de reflexão, o projeto realmente fluiu relativamente sem obstáculos significativos, principalmente devido a um design muito revisado e meticulosamente ajustado.