A crescente integração da Inteligência Artificial e da automação nos processos operacionais dos Data Centers tem despertado um interesse significativo dentro do setor. Por isso, na segunda edição do maior evento do Brasil dedicado ao ecossistema de Data Centers, reuniremos especialistas da indústria para debater o tema.

Na entrevista a seguir, Luis Henrique Caloi, LATAM Director of Automation and AIOps na Sonda, nos adianta alguns pontos que serão amplamente discutidos no "DCD>Debate - Como a Inteligência Artificial e a automação vão moldar os Data Centers do futuro?". Confira!

Que potenciais aplicações da IA você identifica para otimizar as operações dos Data Centers?

Uma Operação de Data Center, independente da área, sempre gera muitos dados que podemos aprender com eles e tomar decisões cada vez melhores e este é o princípio básico para implementar um processo utilizando Inteligência Artificial.

Neste sentido, o potencial de aplicação é grande, seja na gestão de energia, na manutenção preventiva de infraestrutura e sistemas ou no balanceamento de carga, mas não se limitando a isto.

Não posso deixar de comentar que a IA precisa ser utilizada quando a resolução do problema realmente tem a complexidade necessária para o uso destes algoritmos. O uso da IA não é a receita certa para todas a demandas, mas quando bem aplicada, traz diferenciais que chamam a atenção.

Quais desafios técnicos podem ser enfrentados ao integrar sistemas de IA em Data Centers existentes?

Existem alguns, mas vou chamar a atenção para a qualidade dos dados. Um processo com IA só será eficiente se existir um bom algoritmo treinado em uma boa massa de dados, quando isto acontece conseguimos criar modelos que tomarão decisões eficientes. O contrário também é verdadeiro e por isto a preocupação com a qualidade da informação.

Como a automação está influenciando a concepção e o planejamento de novos Data Centers, levando em consideração os requisitos de escalabilidade e eficiência operacional?

O uso de ferramentas de automação nos data centers brasileiros continua em um processo significativo de evolução. Já é muito comum o emprego dessas ferramentas para monitorar e controlar diversos aspectos da infraestrutura de facilities, como temperatura, umidade, energia, detecção precoce de incêndios, segurança, entre outros; utilizando os sistemas bem conhecidos de BMS (Building Management System) ou BAS (Building Automation System) integrados com sistemas especializados em cada uma dessas áreas.

Outra categoria em expansão nos data centers é a automação para os processos de gestão da infraestrutura de TI, apoiada por outra tendência em crescimento, IaC (Infrastructure as Code) - uma prática de gerenciamento de TI que emprega programação para desenvolver e operar o ambiente de infraestrutura de uma organização. Com a IaC, os administradores de sistemas podem gerenciar e provisionar automaticamente recursos de tecnologia, em vez de configurar manualmente através do acesso à console de administração.

Quais são as perspectivas de longo prazo para o papel da IA e da automação na evolução contínua dos Data Centers?

Na minha opinião, não existe outro caminho que não seja cada dia mais a automação e a IA estarem presentes em mais processos dentro de uma operação de Data Center.

Independente da área, a automação e a IA oferecem uma série de benefícios importantes em comparação com a abordagem tradicional. Esses benefícios incluem uma maior eficiência e velocidade no provisionamento e gestão da infraestrutura, maior agilidade no processo de decisão, redução do risco de erros humanos, menor exposição a falhas de segurança e melhor consistência e padronização das operações.

Cada dia teremos menos profissionais trabalhando na operação do dia a dia de um Data Center e mais profissionais trabalhando para desenvolver as tecnologias necessárias para o avanço da automação e da IA.