A cidade de Fortaleza vem se destacando nas américas como um indispensável ponto de transferência de dados de alto tráfego de informações. Hoje, todo o tráfego de dados entre a América Latina e o resto do mundo passa, necessariamente, por Fortaleza. A cidade é responsável por conectar o Brasil ao mundo, com velocidade de interligação sem precedentes. Sendo assim, pode-se afirmar que a capital do Ceará se configura como um hub das telecomunicações, apresentando elevado potencial, com vantagens competitivas e comparativas para o desenvolvimento do setor de Tecnologia, Informação e Comunicação - TIC.  

Considerando o fato de que a cidade já aporta sete cabos submarinos, com previsão de instalação de mais seis, nos próximos anos, Fortaleza vem se tornando o backbone da América Latina. Isso se deve, à posição geográfica da cidade, que é favorável em relação às distâncias para outros pontos importantes do globo. 

Data Center

Segundo a Prefeitura de Fortaleza, a previsão é de que nos próximos meses, seja instalado na cidade, um data center de porte Tier III, único deste porte no Norte/Nordeste. A instalação de outros data centers de grande porte encontra-se em negociação. 

"A atração de um data center de grande porte trará resultados significativos na qualidade dos serviços de TI, ofertados na cidade, tais como: maior velocidade na transmissão de dados, maior segurança da informação e simplificação dos processos de TI", diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza, Robinson de Castro.

Segundo ele, o projeto de instalação de data centers em Fortaleza permitirá que a cidade tire maior proveito dos cabos submarinos de fibra ótica já existentes no município. 

O data center será construído na Praia do Futuro, na capital cearense. O secretário afirma que a tecnologia atual já supera, consideravelmente, os danos que possam ser provocados pela maresia.

Parceria

Sacramentada em julho de 2015, a previsão é de que a parceria da Prefeitura de Fortaleza com a Angola Cables resulte na instalação de uma estação de cabos submarinos de fibra ótica e um data center de porte internacional integrado. Com essa estrutura, Fortaleza passará a ter condições de exportar conteúdos digitais brasileiros para a América do Norte e, futuramente, para a África (Luanda). A expectativa é de que, em poucos anos, a cidade esteja interligada à Europa e Ásia, tornando-se um importante hub de telecomunicações.

Juntamente com o Google, a Angola Cables  está construindo um cabo submarino de fibra ótica que ligará o Brasil aos Estados Unidos. O secretário conta que a empresa procurou a prefeitura para auxiliar na instalação do cabo, que terá ponto de entrada e saída em Fortaleza. Além da Estação de Cabos Submarinos, a empresa está interessada em construir um data center, aproveitando o potencial que a cidade possui para se tornar um grande exportador de conteúdos digitais. 

Segundo o secretário, a Angola Cables tem a intenção de construir um segundo cabo submarino, ligando Fortaleza a Luanda; o primeiro cabo submarino do Atlântico Sul. Atualmente, a empresa encontra-se em processo de finalização do projeto arquitetônico e recebimento de licenças para a construção.

South Atlantic Cable, Monet e Brusa

A ser construído pela Angola Cables, o South Atlantic Cable será pioneiro na conexão entre a América do Sul e a África. Com o novo cabo, o tráfego de dados não mais ocorrerá pela Europa ou Estados Unidos, o que reduzirá os custos de tráfego em até 80%. 

Também sob responsabilidade da Angola Cables, o cabo Monet, aumentará o potencial de infraestrutura de telecomunicações do Brasil, e conectará Fortaleza à mais duas cidades (Boca Raton/EUA e Santos/BRA), ampliando assim a conectividade e disponibilidade de internet de alta velocidade. 

Já o Brusa, anunciado recentemente, será construído pela Telefónica e surgiu para incrementar a capacidade disponível atual entre Brasil e Estados Unidos, em três vezes; além de proteger o sistema atual, aumentando a confiabilidade e qualidade do tráfego cursado.

"Nossa expectativa é que Fortaleza possa exercer a função de um hub de dados no Norte/Nordeste, concentrando todo o tráfego de dados. Dessa forma, permitirá conexão direta com os Estados Unidos, evitando que o tráfego de dados originado nessa região seja transportado até São Paulo, volte a Fortaleza para depois ir até os Estados Unidos, aumentando a latência e gastos de transmissão", diz a Telefónica.

Segundo a empresa, a demanda de tráfego de banda larga vem crescendo consideravelmente no Nordeste e por isso,  a decisão de investir intensamente na região com redes terrestres, torres para celulares e cabos submarinos. 

"Com os cabos submarinos SAM-1 e Brusa, estamos presentes com estações em Salvador e Fortaleza."

Isenções 

Por meio da Lei 205/2015, a Prefeitura de Fortaleza lançou o Programa de Apoio a Parques Tecnológicos e Criativos de Fortaleza (PARQFOR), que estabelece redução de ISS não apenas para quem alocar data center, mas também para outras atividades relacionadas ao setor de TIC e Economia Criativa. Atualmente, encontra-se em instalação um data center e outros dois sites, em processo inicial de negociação. O objetivo é formatar um Parque de Data Centers em Fortaleza, maximizando o desenvolvimento do hub de telecomunicações. 

Desenvolvimento Tecnológico

Um dos parâmetros comumente utilizado para analisar a dinâmica das atividades econômicas de uma cidade, é o total do número de estabelecimentos. Para avaliar a relação entre as capitais, quanto ao seu desenvolvimento tecnológico, é necessário fazer a contagem dos estabelecimentos que exercem atividades relacionadas à geração de tecnologia. Os dados podem ser obtidos por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Com base nesse parâmetro, foi feito um levantamento do número total de estabelecimentos das capitais do Nordeste, cujo indicador apontou Fortaleza como a primeira capital do Nordeste em número de estabelecimentos de Tecnologia da Informação (636), superando Salvador (612) e Recife (607), de acordo com dados da RAIS em 2014.