Fernanda Spinardi, Head of Customer Solutions Management na AWS, será uma das participantes do painel online “Data Centers e IA no Brasil: Como nos adaptamos a essa nova realidade?”, ao lado de Marcel Saraiva, Sales Manager da divisão Enterprise da NVIDIA no Brasil e Emanuel Gustavo Barcarolo, Senior Data Center Specialist na Mendes Holler Engenharia.
O painel faz parte da programação do broadcast gratuito DCD>Construção e Escalabilidade, no dia 16 de abril a partir das 9 am (horário de São Paulo). Para assistir ao broadcast, registre-se gratuitamente clicando aqui.
O evento abordará as tendências no design e na construção de Data Centers no Brasil, assim como os desafios e as soluções para impulsionar ainda mais a indústria. DCD conversou com Spinardi antes da sua participação no painel.
Como você analisa o panorama da IA no Brasil? Como o Brasil, e mais especificamente a indústria de Data Centers, está se adaptando a essa nova realidade? Vivemos uma corrida contra o tempo para nos adaptarmos à IA?
Há um grande interesse das empresas brasileiras pela Inteligência Artificial (IA). Prova disso é a pesquisa recente que fizemos com a Access Partnership que traz que quase 100% dos empregadores e funcionários conseguem identificar pelo menos um benefício da Inteligência Artificial generativa (IA) para o trabalho, sendo que 97% dos empregadores e 94% dos funcionários esperam usar “de alguma forma” ou “extensivamente” a IA generativa nas suas organizações nos próximos cinco anos.
Como plataforma de serviços de computação em nuvem, a Amazon Web Services (AWS) tem a inovação no DNA e trabalha para oferecer os melhores serviços a seus clientes. Temos investido fortemente no desenvolvimento e implantação de inteligência artificial (IA) e machine learning (ML) por duas décadas, tanto para operações voltadas para o cliente quanto para internas. Hoje temos mais de 100 mil clientes no mundo, milhares no Brasil, usando IA da AWS.
Temos um compromisso de longo prazo com o país. Desde o início das nossas operações aqui, em 2011, investimos mais de R$19,2 bilhões para construir, conectar, operar e manter os nossos Data Centers na região. O impacto na economia brasileira é estimado em R$24,1 bilhões, uma vez que houve um efeito cascata positivo em várias indústrias, principalmente por meio de empresas locais.
A região América do Sul foi a 8ª do mundo. Neste período, a AWS ajudou no nascimento e fortalecimento de empresas e serviços que eram inimagináveis na época, como os aplicativos de delivery e os bancos digitais. Alguns clientes facilmente reconhecíveis, entre enterprises, startups e setor público, incluem Itaú, Mercado Livre, PicPay, iFood, Nubank, Arezzo&Co, Gympass, Grupo Ânima Educação, Governo do Estado de São Paulo, Hospital Sírio-Libanês e Datasus.
Fernanda, como a AWS vem se preparando para todas essas mudanças que traz a Inteligência Artificial para a indústria?
Estamos prestes a ver a próxima onda de adoção generalizada de Inteligência Artificial (IA) e machine learning (ML), com a oportunidade de reinventar cada experiência de formas inimagináveis. O compromisso da AWS é impulsionar essa próxima onda de inovação ao torná-la fácil, prática e econômica para os clientes.
Fazemos isso ao democratizar o acesso aos Foundational Models (FM). A IA é baseada em modelos de ML, que consistem em grandes modelos pré-treinados em vastas quantidades de dados: os FMs. Com isso, levaremos a tecnologia a clientes de todos os tamanhos e a desenvolvedores com vários níveis de habilidade. Este é o sentido da democratização: permitir que mais pessoas e organizações tenham acesso à IA e à IA generativa, mesmo que não sejam experts no assunto.
Entre as ferramentas disponíveis aos nossos clientes estão o Amazon Bedrock, que torna os FMs da AI21 Labs, Anthropic, Stability AI e Amazon acessíveis via API. O Amazon Bedrock é o caminho mais fácil para uma experiência sem servidor de IA generativa usando FMs. Já o Amazon CodeWhisperer é um parceiro de codificação em IA que apoia a produtividade. Ele utiliza FMs para gerar sugestões de códigos em tempo real baseados em comentários em linguagem natural e códigos prévios do ambiente de desenvolvimento.
Quais conselhos você daria para as empresas que estão implementando a IA?
Já tivemos um vislumbre da economia de tempo e gastos, somados ao aumento na produtividade e à imensidão de possibilidades de criações e tarefas que a inteligência artificial pode realizar. E estes são ainda os primeiros passos de uma maratona de inovação, desenvolvimento econômico e social.
Mas é preciso ter clareza de qual desafio a IA irá resolver. Vou trazer exemplos dos nossos clientes: o banco Itaú precisava melhorar a velocidade, a flexibilidade e a escalabilidade da sua infraestrutura de ML para os seus mais de 1.100 usuários da tecnologia. O Itaú, que já estava na nuvem da AWS, usou o Amazon SageMaker Studio, um ambiente de desenvolvimento integrado que fornece uma interface visual única baseada na Web para acessar ferramentas para execução de todas as etapas de desenvolvimento de ML e acelerar os processos. O tempo de desenvolvimento do modelo caiu de 6 meses para 5 dias.
A Bravante RCC, empresa de robótica do Grupo Bravante e especializada nas indústrias naval, portuária e de petróleo e gás, utiliza IA para localizar oleodutos desativados. A análise de documentos pela IA generativa ajuda a determinar a localização exata dos dutos que deverão ser removidos, uma exigência da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com isso, o uso eficaz da solução de IA generativa deve reduzir a carga dos engenheiros topógrafos, economizando horas humanas. Outro foco importante é a redução de erros de planejamento e erros de descomissionamento que podem causar perdas de mais de US$ 250 mil, cada um, além de impactos sociais e ambientais.
Cito também o Gimba, líder de varejo no fornecimento de materiais essenciais e suprimentos, que conta hoje com cerca de 30 mil itens e é responsável pelas cadeias de suprimentos de 300 das 500 maiores empresas do Brasil. A empresa substituiu o processo manual de inserção e atualização de produtos no catálogo por uma ferramenta de IA generativa. Com o Amazon Bedrock, o tempo dedicado ao cadastro de produtos caiu 84% - de 13 minutos para 2 minutos por item. A tecnologia é hoje responsável pela inclusão de cerca de 300 novos produtos/mês.