Dando início a Era da Edge Computing no país, que exige latências menores, a Quântico Data Center escolheu o Parque de Inovação de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), para realizar a aproximação de um grande data center de seu processamento de borda. A iniciativa sai do eixo Rio-São Paulo e a previsão é que sejam investidos um total de R$ 350 milhões, ao longo dos próximos 10 anos, sendo R$ 35 milhões neste ano.
A expectativa é que o data center se torne um driver na atração de novos investimentos para o Sul do país e consolide o perfil de inovação da região.
De acordo com o IBGE, o PIB do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em 2018 somaram R$ 700 bilhões (10,15% do PIB Nacional). Já a Abes Software informa em seu estudo, “Panorama e Tendência de 2019”, que a participação da região Sudeste no fornecimento de Software e Serviços no Brasil, de 2012 para 2018, caiu de 65% para 60%, enquanto na região Sul cresceu na mesma proporção.
Em entrevista exclusiva, Gustavo Dal Molin, COO da Quântico Data Center, empresa que irá construir o site, fala sobre a iniciativa que colocará o Rio Grande do Sul na rota definitiva de data centers de grande porte. Confira.
DatacenterDynamics: Gostaria que listasse as razões para a construção do novo data center.
Gustavo Dal Molin: “Em 2023 a economia digital vai superar a economia não digital” (Ricardo Villate – vice-presidente da IDC na América Latina). A Cloud vai dominar até os ambientes corporativos, sendo a tecnologia que terá a maior parte dos investimentos das corporações em 2020: 24,5% dos projetos (Previsão da consultoria IDC para a América Latina).
A parte física da nuvem fica melhor atendida em data center especializado e com escala, que viabiliza a Cloud Exchange, com mais confiabilidade, menor latência e o menor custo possível. A região Sudeste já possui uma boa infraestrutura de data center, o que não ocorre fora deste eixo.
A Equinix em seu comunicado para os investidores prevê que em 2020:
a) Infraestrutura distribuída e Edge Computing irão acelerarar a adoção híbrida de multicloud;
b) IA e IoT impulsionarão novos requisitos de interconexão e processamento de dados na edge;
c) A regulamentação de dados influenciará as estratégias empresariais de TI (121 países pelo mundo estão regulando o trado dos dados, como o LGPD no Brasil).
DCD: A decisão de instalar o data center em Canoas foi baseada em quais critérios?
G. M.: Os critérios foram:
1) Localização próxima do centro de porto alegre, para atender a cidade;
2) Localização estratégica bem no meio do eixo industrial do Rio Grande do Sul para atender toda a região;
3) Incansável apoio da prefeitura de canoas, que não mediu esforços para ajudar na viabilização;
4) Disponibilidade de Energia;
5) Fácil acesso de conectividade;
DCD: Quantos metros quadrados terá o data center? Destes, quantos correspondem a salas técnicas?
G. M.: Na fase 1 terá um prédio de Data Hall de 3.000m², sendo 1.300m² dedicado para locação aos clientes.
DCD: Que características técnicas (refrigeração, elétrica, monitoramento ou outros) você destaca no projeto?
G. M.: Data Center Tier III:
Refrigeração: sistema Chiller/Fancoil com economizador de energia;
Elétrica: condicionamento de energia de alta eficiência;
Monitoramento do Ambiente: Sistema DCIM altamente integrado e acessível pelos clientes;
Controle de Segurança Física: Monitoramento CFTV de Alta Definição e Controle de Acesso com pelo menos cinco níveis.
DCD: Com relação ao cabeamento, o data center terá um anel de fibra óptica?
G. M.: Anel com múltiplas fibras monomodo.
DCD: O data center está preparado para a alta densidade e para a cloud computing? De que forma?
G. M.: Sim. O data center pode ser dividido em módulo de 16 Racks, com energia e refrigeração de alta densidade em corredores enclausurados ou múltiplos disto.
DCD: Qual foi o sistema de refrigeração utilizado? Foi planejado o uso de freecooling ou economizadores?
G. M.: O sistema de refrigeração será baseado em Chiller com Condensação a Ar e Fancoil, com freecooling.
DCD: Foram seguidas recomendações da ASHRAE de subir a temperatura para 27º para conseguir o PUE inferior a 1,5?
G. M.: Sim, trabalharemos dentro do range recomendado pela ASHRAE (23⁰C para Alta Densidade até 27⁰C Baixa Densidade).
DCD: Critérios ambientais serão levados em consideração na construção do novo data center?
G. M.: Sim. Teremos Usina Fotovoltaica própria de 1.2MW, sistema de reaproveitamento de água da chuva, sistema de Cogeração a partir da Segunda Fase e diretrizes da USGBC para Green Building.
DCD: Que certificações o novo data center terá?
G.M.: Inicialmente teremos a certificação Uptime Tier III, ISAE 3402, SSAE 18 e ISO14.000.
G. M.: Já existe uma demanda de Colocation para o data center?
Sim. Mas ainda não podemos informar de quanto é esta demanda.