A matriz energética brasileira, especificamente a elétrica, é bastante conhecida por ser em sua maioria renovável. Segundo a ANEEL, em 2020 quase 60% da capacidade instalada eram UHEs (Usinas Hidroelétricas). Essa característica também possui suas desvantagens: desde o início do ano, especialistas do setor de energia mostravam-se preocupados com as previsões meteorológicas para 2021, com indicativos de um longo período de estiagem, aumentos nas temperaturas médias e baixos índices pluviométricos. Agora em setembro, as previsões se confirmam e o governo inicia suas campanhas para reduções no consumo. Para quem não se lembra, 2001 tivemos um dos piores momentos da história da produção de energia no Brasil, com apagões programados e uma meta de redução de 20% no consumo de energia do país para evitar o colapso do sistema.

Na contramão de toda essa crise, o setor de data center se manteve em franca expansão. A epidemia de Covid-19 gerou um aumento de demanda muito relevante durante 2020 e não há nenhuma perspectiva de redução deste crescimento. No Brasil, segundo a empresa de consultoria Frost & Sullivan, a capacidade instalada de data centers já chegou a 438 MW. Atualmente, estima-se que somente os data centers consomem entre 1-2% da energia elétrica produzida no mundo.

A energia é um recurso escasso e dada a relevância do consumo energético dos data centers no mundo, vários países do mundo já regulamentam requisitos de eficiência energética para data centers. Nos Estados Unidos, por exemplo, as normas ASHRAE 90.1 e 90.4 já apresentam como requisitos obrigatórios o uso de economizadores em algumas regiões do país. Inclusive, vários estados lá utilizam a norma como uma base legal e não permitem construções novas que não estejam em conformidade com essa norma. Na Europa, todos os anos é atualizado o Código de Conduta Europeu para Data Centers, um documento sólido com diversas diretrizes sobre eficiência energética. Em breve veremos iniciativas parecidas no Brasil, infelizmente por necessidade e não por consciência.

Enquanto essas iniciativas não chegam por aqui, nosso mercado está recebendo um "incentivo" em busca da eficiência energética. É uma mistura explosiva que contém o diesel com aumento médio de 25% no ano, a energia com aumento 3 vezes maior que a inflação, instabilidades políticas e riscos de apagões a depender da estação chuvosa que se aproxima.

A refrigeração do data center consome, em média, 30% de toda energia consumida por um data center. Nessa área existem diversas oportunidades de melhoria que vão desde simples modificações operacionais até retrofits em sistema. Grande parte dessas oportunidades podem ser aproveitadas sem investimentos vultuosos, trabalhando parâmetros e interações entre os diversos ativos do ecossistema do data center, gerando eficiência sem sacrificar a disponibilidade. Para isso, é necessário acompanhamento e assessoria de pessoas qualificadas, com expertise nas peculiaridades do nosso mercado.

Pesquisas recentes mostram que metade do mercado tem dificuldades em contratar mão de obra qualificada para seus data centers e esse número vem sistematicamente crescendo. Um olhar técnico e qualificado sobre os sistemas de infraestrutura do data center pode ser a chave para reduzir o consumo e ficar menos exposto neste cenário de crise, além de uma vantagem competitiva em seu custo após a o término da crise.