Lançado, neste domingo (28), a partir do Satish Dhawan Space Centre (SHAR), em Sriharikota - Índia, o Amazônia 1 é o primeiro satélite de observação da Terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. A iniciativa marca dois avanços tecnológicos do país: o domínio completo do ciclo de desenvolvimento de um satélite — conhecimento dominado por apenas 20 países no mundo — e a validação de voo da Plataforma Multimissão (PMM), que funciona como um sistema adaptável modular, que pode ser configurado de diversas maneiras para cumprir diferentes objetivos.

O Amazonia 1 fornecerá imagens para o monitoramento ambiental e da agricultura em todo o território brasileiro com uma alta taxa de revisita. Servirá ainda para o monitoramento da região costeira, reservatórios de água, desastres ambientais, entre outras aplicações. Os dados estarão disponíveis tanto para comunidade científica e órgãos governamentais quanto para usuários interessados em uma melhor compreensão do ambiente terrestre. Este satélite também é o primeiro construído a partir da Plataforma Multimissão (PMM), estrutura inovadora desenvolvida pelo INPE, capaz de se adaptar aos propósitos de diferentes missões e, assim, reduzir custos de projetos espaciais.

O satélite

O Amazonia 1 é um satélite de órbita polar que irá gerar imagens do planeta a cada 5 dias. Para isso, possui um imageador óptico de visada larga (câmera com 3 bandas de frequências no espectro visível – VIS – e 1 banda próxima do infravermelho – Near Infrared) capaz de observar uma faixa de 850 km com 64 metros de resolução.

Sua órbita foi projetada para proporcionar uma alta taxa de revisita (5 dias), tendo, com isso, capacidade de disponibilizar uma significativa quantidade de dados de um mesmo ponto do planeta. Esta característica é extremamente valiosa em aplicações que necessitem de uma rápida resposta, pois aumenta a probabilidade de captura de imagens úteis em situações de cobertura de nuvens.

O Amazonia 1 consolida o conhecimento do Brasil no desenvolvimento integral de uma missão espacial utilizando satélites estabilizados em 3 eixos, visto que os satélites de sensoriamento remoto anteriores foram desenvolvidos em cooperação internacional com outros países.

Tal competência global em engenharia de sistemas e em gerenciamento de projetos coloca o país em um novo patamar científico e tecnológico para missões espaciais. Isso significa autonomia para atuar em missões dessa categoria e capacitação para avançar para outros tipos de missão. Significa também a possibilidade de trabalhar em todas as etapas e em todos os subsistemas de uma missão dentro de parcerias nacionais.

Além disso, a disponibilidade de uma Plataforma Multimissão qualificada em voo permitirá seu reuso em outras missões, nacionais ou em parceria internacional. Com isso, a indústria espacial brasileira terá como herança de voo equipamentos fabricados para o satélite, o que abre perspectivas para fornecimento a outros países e agências espaciais.