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– Sylvia Bellio

Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais comum ver diversas plataformas e serviços digitais ganharem espaço na vida das pessoas e das empresas — gerando um debate sobre regulamentação que parece não ter fim.

No final de dezembro, a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) foi instituída por decreto pelo presidente Lula, com o objetivo de propor medidas de segurança cibernética no país. Prevenir, detectar e combater ataques de hackers contra a infraestrutura crítica nacional e os serviços essenciais são algumas das atividades propostas pelo órgão.

Também foi criado o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), que será responsável pela avaliação e sugestões de medidas para o PNCiber e para a Estratégia Nacional (e-Ciber) e o Plano Nacional de Cibersegurança (p-Ciber). 25 membros devem compor o órgão, com representantes do governo, sociedade civil, setor privado e instituições tecnológicas.

A contribuição da criação do órgão também se deu após a primeira-dama, Rosângela da Silva (Janja), ter suas redes sociais invadidas por hackers. No momento do episódio, a primeira-dama exigiu punição para o caso e citou outras menções maldosas referidas à ela.

Cibersegurança e futuro da tecnologia no Brasil

De acordo com Sylvia Bellio, especialista em cibersegurança e infraestrutura de TI, há medidas que podem ser adotadas para enquadrar melhor e regulamentar o uso da tecnologia. “Quanto antes isso for feito, melhor serão os resultados”, diz.

No país, o tema da cibersegurança tem ganhado cada vez mais destaque — já que o país  sofreu 23 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, somente nos primeiros seis meses de 2023, de acordo dados do relatório divulgado pela Fortinet, empresa global de segurança cibernética.

Para a especialista, a conscientização sobre segurança no ambiente digital deve ser uma preocupação de todos, tanto empresas quanto pessoas físicas. “Vivemos em um mundo cada vez mais conectado, com dados sensíveis sendo expostos diariamente — enquanto ameaças cada vez mais rebuscadas emergem”, ressalta.

Sylvia vê com bons olhos a criação do comitê e diz que as expectativas estão altas em torno do avanço da tecnologia e do desenvolvimento de mecanismos de regulação da IA no Brasil. “Quando discutimos sobre medidas de prevenção e cuidados do âmbito digital, sugestões e alternativas são bem-vindas, mas, ainda assim, devemos buscar por formatos assertivos que possam trazer resultados positivos”.

Quais serão os impactos da PNCiber?

A especialista acredita que a criação do órgão trará vários benefícios, que vão desde a prevenção, detecção, combate aos ataques cibernéticos e até redução no número de casos. Com isso, espera-se que com o tempo, seja possível:

  • Desenvolver medidas e prepará-las para lidar com tecnologias adversas
  • Fortalecer e preservar a integridade digital do Brasil
  • Estimular a adoção de práticas preventivas de proteção
  • Reduzir os números de golpes virtuais no território brasileiro

De acordo com Sylvia, as empresas também devem ser impactadas positivamente, com respostas e soluções cada vez mais rápidas diante dos golpes cibernéticos.

Regulamentação da IA na Europa

Em uma tentativa de limitar o uso da inteligência artificial (IA), a União Europeia fechou acordo histórico no dia 8 de dezembro, com lei que prevê regulamentar o uso dessa tecnologia. Desta forma, a Europa já caminha para ser a primeira grande potência mundial a decretar leis que regem a IA.

Apenas alguns dias após a notícia, o Papa Francisco solicitou um tratado internacional para que a IA e outras tecnologias possam ser utilizadas de forma ética e saudável, sem interferir ou prejudicar os valores humanos.

No início do ano, uma foto do Papa usando um ‘casacão’ branco de luxo viralizou nas redes sociais. A imagem foi alterada com o auxílio da IA e veiculada nas principais mídias, revelando como a proliferação de conteúdos falsos está cada vez mais recorrente e sem rédeas.

Para Sylvia Bellio, a IA e outras tecnologias são a chave para o futuro. “Não podemos deixar de mencionar que, claramente, essas ferramentas mudaram a forma como realizamos nossas atividades, otimizando serviços e agilizando diversos processos. Mas, também estamos falando de um instrumento que está sempre em evolução e pode causar alguns riscos”, ressalta.

“Estamos entrando em uma nova era, precisamos nos atentar e nos blindar contra os perigos digitais, sem deixar de aproveitar e utilizar essas novas ferramentas a nosso favor”, finaliza.