“Noto que há uma tendência de vermos mais mulheres em cargos técnicos em telecomunicações, bem como uma preocupação crescente em dar mais espaço a elas em posições de gestão de equipes e gerenciais; diferente do cenário anterior em que ocupavam quase que somente funções operacionais e de suporte”, aponta Talita Favoreto, Global Solutions Engineer da Furukawa Electric LatAm.

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Talita Favoreto

Para ela, as barreiras que a mulher tem que transpor para entrar e se consolidar no mercado de TI começam na infância. “Percebo que somente há poucos anos começaram a mudar os tipos de estímulos que as meninas recebem no seu cotidiano e em relação ao que almejam para a fase adulta. Como geralmente não são estimuladas, não desenvolvem curiosidade ou atração por assuntos mais tecnológicos. Então eu considero isso uma primeira barreira”, pontua a engenheira, que juntamente com a Fellow de Comunicação, Marketing e Treinamento de Parceiros e Clientes na Furukawa Electric LatAm, Esmeralda Rodrigues, conversou com a DCD sobre o crescimento da presença feminina no setor de telecomunicações.

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Esmeralda Rodrigues

DCD: Existe igualdade salarial entre homens e mulheres no setor de TI e Telecom?

Esmeralda Rodrigues: Na Furukawa, não há diferença salarial entre homens e mulheres que desempenham funções similares.

DCD: O preconceito está somente na área de TI e Telecom?

Talita Favoreto: Não só na área de TI, mas também em outras áreas em que historicamente a presença masculina é maior existe preconceito arraigado, ainda que discreto. E como não há tantos exemplos femininos reais para nos inspirarmos, somos mais frequentemente assombradas pela síndrome do impostor.

DCD: Como profissional do setor, como você avalia o investimento em redes ópticas no Brasil?

Esmeralda Rodrigues: A pandemia de Covid-19 vem acelerando os investimentos em redes ópticas para atender ao aumento da demanda por internet determinada pelo home office (com videoconferências, uso de serviços de nuvem, etc.), aulas online e pela própria intensificação do acesso a conteúdos de entretenimento, como Netflix, por exemplo. No início da pandemia, os provedores de serviços (ISPs) chegaram a retrair seus investimentos, que logo foram retomados porque a demanda por internet continuou aumentando. Hoje tanto os ISPs como as operadoras de telecom estão investindo na expansão de suas redes ópticas para atender essa demanda. Além disso, a tecnologia 5G, que deve começar a ser implantada no Brasil em breve, vai demandar muita fibra óptica. Como as redes 5G terão uma capacidade e velocidade de transmissão muito maior, a fibra óptica será fundamental para conectar as células wireless, garantindo a alta capacidade e velocidade propiciadas pelo 5G.

DCD: De onde vem a demanda por redes ópticas?

Esmeralda Rodrigues: Algumas origens importantes das demandas por redes ópticas: redes internas de cabeamento estruturado, em que a fibra substitui os pares trançados de cobre, ocupando menos espaços nas infraestruturas físicas e preparando a rede para suportar evoluções tecnológicas; redes externas das operadoras de telecomunicações e dos provedores de internet, alcançando distâncias maiores, mais segurança e largura de banda, com produtos mais compactos; data centers, que processam e armazenam todas as informações da computação em nuvem, e precisam acompanhar o crescimento dessas demandas e a evolução dessas aplicações.

DCD: Como a Computação em Nuvem tem influenciado os investimentos em fibra?

Talita Favoreto: Os diferentes tipos/tamanhos de data centers se interconectam, de modo a possibilitar que a informação de qualquer lugar seja transmitida para qualquer outro. Com o aumento e desenvolvimento de aplicações baseadas na nuvem, vem a necessidade de menor latência e maiores largura de banda e disponibilidade. Essas necessidades são atendidas pela implementação de redes ópticas, que permitem maiores taxas de transmissão para aplicações atuais e futuras, por distâncias maiores e ocupando menos espaço nas infraestruturas físicas.

DCD: A tecnologia de comunicação óptica já chegou ao ápice ou ainda deve evoluir nos próximos anos?

Talita Favoreto: As fibras ópticas hoje existentes possibilitam implementar tecnologias que ainda não foram adotadas largamente. Além desse potencial de expansão tecnológica das fibras desenvolvidas até agora, a tendência é que elas sigam evoluindo, suportando redes de comunicação ainda mais avançadas no futuro.

DCD: Como o conceito de Redes Definidas por Software tem mudado o mercado?

Talita Favoreto: Para os Data Centers, algumas vantagens trazidas pela SDN são: redução de investimentos (Capex) em hardware, que tem o custo reduzido devido à virtualização da sua inteligência; desvencilhar-se da dependência de um único fabricante, redução de custo operacional (Opex) devido à automação, escalabilidade de expansão.

DCD: Quais aplicações devem exigir aumento da rede de fibra nos próximos anos?

Esmeralda Rodrigues: As atuais demandas por redes ópticas devem continuar crescendo nos vários segmentos: data centers, provedores de internet, operadoras de telecomunicações, redes internas de empresas.

DCD: A Furukawa pretende continuar investindo no Brasil ou devido a crise está encaminhando investimentos para outros países da América Latina?

Esmeralda Rodrigues: Sim, a Furukawa continua investindo no Brasil, onde mantém três unidades industriais: em Curitiba/PR, Sorocaba/SP e Santa Rita do Sapucaí/MG. Além disso, a empresa também possui fábricas de cabos ópticos em Berazategui, na Argentina; em Palmira, na Colômbia, e em Mexicali, no México.

DCD: Quais foram os investimentos da Furukawa no Brasil nos últimos dois anos?

Esmeralda Rodrigues: A Furukawa investiu mais de R$ 30 milhões em 2020, durante a pandemia, na ampliação de duas de suas fábricas no país - de fibra óptica (em Sorocaba) e de conectividade (Furukawa Industrial Optoeletrônica - FIO), em Curitiba. Um dos objetivos do investimento foi, justamente, ampliar a capacidade de produção para atender ao aumento da demanda do mercado.

No caso da unidade industrial da FIO, o investimento incluiu a mudança para novas instalações, em janeiro de 2021, que abriga uma nova área de produção de equipamentos ópticos ativos, atendendo à demanda do mercado por soluções cada vez mais completas - no conceito one-stop-shop. A nova fábrica funcionará também como um show room das mais modernas tecnologias de conexões ópticas e de processos de Indústria 4.0.