Falar de Data Centers é sinônimo de crescimento e de novos projetos. É indiscutível a evolução da indústria nos últimos quatro anos, se tornando inclusive uma das que avançam com mais rapidez. Isso é possível graças às pessoas, que são as que estão à frente das construções e operam os novos Data Centers. Mas o ritmo de evolução é tão rápido que os profissionais atuais não podem acompanhar.

A pouca quantidade de profissionais qualificados é apontada frequentemente como um problema que deve ser resolvido de forma prioritária em América Latina e na indústria de Data Centers de forma geral, principalmente nos mercados receptores das últimas ondas de investimentos que incluem a instalação de hiperescalas, como o caso de Brasil, México, Espanha, entre outros.

Nos próximos 5-10 anos, cerca de 15% da indústria se aposentará, deixando um grande vazio de talento qualificado e com experiência. Há uma escassez de determinadas habilidades em várias áreas do Data Center. A indústria precisa de mais talento urgentemente.

O setor é consciente desta ausência. O 88% dos participantes, em umaenquete feita pelo DCD e o DCD>Academy em espanhol, concorda que existem estes “vazios” em termos de pessoal. Ao ser uma indústria relativamente nova, em contínuo crescimento e pouca especialização formal acontece esta situação. Além disso, as universidades não estão focadas em proporcionar conteúdos relacionados com essa área, nem mesmo uma estrutura formal como ocorre em outros setores. Essa escassez é complementada com formações de missão crítica e aprendizagem integral.

Quais soluções são propostas?

Nos mercados anglo-saxões, a escassez de certas habilidades em áreas do Data Center está sendo compensada com a transferência de habilidades de outros setores. Por exemplo, na área operacional buscamos pessoal ex militar com estes antecedentes. Isso também pode ser opção para o mercado brasileiro e da América Latina. De fato, dois de cada três participantes da enquete acham possível a transferência de habilidades de um setor para outro, e consideram o setor energético o mais viável para esta transferência de habilidades profissionais, de acordo com 70% dos participantes. A este, seguem o âmbito da pesquisa e do desenvolvimento (49%), o acadêmico (33%), o militar para um 28% e o bancário para 16%, entre outros.

A grande incidência de erro humano se reflete na escassez de habilidades na gestão e na operação do Data Center.

A transferência de habilidades não é uma alternativa nova. Como destaca Pablo Diantina, analista do DCD: “No México e na Espanha, por exemplo, a construção de novos Data Centers está aumentando exponencialmente, exigindo mais profissionais para desenhar, construir e operar as instalações. A formação de novos talentos é desproporcional à demanda atual. Esse é o panorama da indústria e é crucial acelerar o desenvolvimento de novos talentos”.

De acordo com Diantina, precisamos de uma formação continuada ou transferir habilidades e/ou profissionais de outros setores.

Antecipação é a chave

Brasil, México e Espanha foram apontados como mercados onde haverá um aumento da demanda de talentos com a construção de grandes instalações. É preciso se antecipar às necessidades de talento antes da aposentadoria de um porcentagem desses profissionais. É o que mostra a enquete do DCD e DCD>Academy.

A primeira medida proposta seria fazer acordos entre instrutores, instituições de ensino e universidades para programas de especialização. Outra iniciativa seria a criação de carreiras e formações técnicas profissionais para estruturar formalmente estas profissões que hoje não encontramos no âmbito das universidades. Além disso, é preciso acelerar o processo de transferência de habilidades nas operações com instrutores e professores. Isso pode ser feito em parceria com as universidades, com professores que colaboram com os temas por mais de 30 anos.

O processo de atrair talentos para a indústria é uma “estrada cheia de obstáculos”. O principal desafio é habilitar o conhecimento e a capacitação (tanto dos professores, instrutores e acadêmicos, como das empresas que contratam os talentos) e, na mesma medida, a formação de novos profissionais.

O terceiro desafio é acelerar a formação dos talentos para substituir os futuros aposentados e atrair os jovens para essa indústria, implantando por exemplo um plano de carreira com formações e outros tipos de incentivos. O desconhecimento do setor é outro fator que complica a chegada de novos profissionais.

Além de todos os pontos mencionados anteriormente, o desafio de muitas empresas não é apenas contratar e formar profissionais, como também fidelizá-los.

As necessidades de formação para enfrentar os desafios atuais

Na opinião de 69% dos participantes da enquete, é preciso investir na formação de melhores práticas de eficiência energética, já que é uma das principais preocupações da indústria do Data Center.

A falta de pessoas capacitadas para a construção de Data Centers é visível na infraestrutura de redes

Por outro lado, Pablo Diantina destaca que “a indústria do Data Center é sinônimo de missão crítica, e a capacitação em engenharia de instalações de missão crítica é uma prioridade para 63%”.

Incrementar os conhecimentos sobre o desenho dos Data Centers (61%) também deveria estar no topo da agenda no planejamento de capacitação das empresas, tanto para os profissionais em exercício como para os novos profissionais. Já as certificações atualizadas da equipe (60%) são também essenciais dada a natureza dinâmica e de constante inovação dessa indústria.

Por Alexandra Gheorghiu