Na cúpula climática COP28 da ONU em Dubai, a Agencia Internacional de Energia Atômica (OIEA) e o Governo dos Estados Unidos pedirão um papel maior da energia nuclear na transição para abandonar os combustíveis fósseis.

O pavilhão Atoms4Climate da OIEA na cúpula, que será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, receberá eventos que defenderão o valor da energia nuclear com baixas emissões de carbono para garantir a energia, os alimentos e a água.

John Kerry, o enviado climático do Governo dos Estados Unidos, deve revelar um plano para coordenar os esforços globais para desenvolver a energia de fusão, de acordo com diversos relatórios. A fusão pode gerar energia sem muitos dos inconvenientes dos atuais reatores baseados em fissão, mas ainda está distante de ser comercialmente viável.

“Terei muito mais a dizer sobre a visão dos Estados Unidos sobre associações internacionais para um futuro inclusivo de energia de fusão na COP28”, disse Kerry em um comunicado na rede social X, antigo Twitter, após uma visita à filial de fusão do MIT, a Commonwealth Fusion Systems em Massachusetts.

Os Estados Unidos assinaram em 8 de novembro um acordo com o Reino Unido para trabalhar conjuntamente na fusão.

Promovendo os programas de energia de fissão convencional, o Diretor Geral da OIEA, Rafael Mariano Grossi, disse: “Pela primeira vez na história da COP, os países nucleares podem dizer sim, estamos aqui, sim, a energia nuclear é parte da solução à crise climática que temos”. Grossi pronunciou um discurso transmitido ao vivo na sexta-feira, 1 de dezembro, às 12h (hora local).

Grossi argumentou que a utilização de energia nuclear atual deve aumentar para cumprir os objetivos de zero emissões líquidas. Junto com o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro belga Alexander De Croo, anunciará uma cúpula sobre energia nuclear a ser realizada em Bruxelas no próximo ano.

A COP28 é o primeiro “balanço global” sobre o progresso ao cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris para limitar as emissões se carbono. Deve ser uma leitura deprimente, já que o progresso ao zero líquido é lento demais. As emissões de carbono continuam aumentando e a ONU diz que “os compromisses assumidos pelos Governos até agora estão muito abaixo do necessário” para se chegar ao zero líquido para 2050 e limitar o aquecimento global em 1,5°C.

“A energia nuclear, que representa por volta de 10% de geração elétrica mundial e proporciona por volta de um quarto da eletricidade baixa em carbono do mundo, tem um papel fundamental a desempenhar em um futuro líquido zero”, diz a OIEA. “A energia nuclear oferece acessibilidade, resiliência e segurança do fornecimento energético e pode ser utilizada junto com as energias renováveis para conseguir as emissões líquidas zero.

Em uma experiência de fusão no ano passado, o Laboratório Lawrence Livermore conseguiu a “ignição”, em que uma reação de fusão produziu brevemente mais energia do que a fornecida por um laser. A energia utilizada para criar o raio laser, entretanto, superou amplamente a produção de energia, e as experiências de fusão ainda lutam para conter o plasma de alta energia necessário para gerar energia e transforma-la em eletricidade.

Enquanto isso, as indústrias petrolíferas tradicionais terão uma voz poderosa na COP28, com a revelação feita pela BBCde que o presidente da conferência, Sultan Al Jaber, que também é diretor Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), planeja fechar acordos petrolíferos na COP28, apesar da mensagem clara da ONU de que o desenvolvimento de petróleo e gás deve parar.