A indústria de data center deve responder à crise climática global com construções sustentáveis certificadas. Principalmente com uma infraestrutura projetada e instalada de forma escalável e de alta eficiência, com uma operação definida com métricas relacionadas ao projeto, com a automação dos processos operada de forma coerente e consistente, é o que aponta José Starosta, CEO da Ação Engenharia, especialista em Qualidade de Energia, Eficiência Energética e Cargas Críticas..

Starosta ressalta que é possível “descarbonizar” a infraestrutura digital dos data centers antes de que sejam sentidos os impactos das mudanças climáticas.  "Com retrofits adequados buscando sistemas de alta eficiência, escaláveis e de fácil gestão", destaca o especialista, que em entrevista traz mais informações sobre o tema.

DatacenterDynamics: No Brasil, a utilização de energias renováveis como alternativa de geração para data centers pode ser um tendência?


José Starosta:
A matriz da energia elétrica do Brasil consiste em 70% de geração hidráulica (sustentável), 30% de outras fontes com maior participação das térmicas a gás e ainda um pouco de óleo e carvão. A energia eólica cresceu em importância em 2018/2019, mas energia solar ainda é incipiente.


Naturalmente, o que se espera é que as eólicas aumentem a produção e busquem o lugar das térmicas. Contudo, a participação de 70 das hidráulicas torna o assunto bastante confortável. Apesar disso, as PV devem traçar estratégias em conjunto com sistemas de storage, semelhantemente a banco de gelo em data center. Contudo a instalação de PV, na própria instalação em data center não parece viável.

Uma saída interessante é o data center comprar energia de terceiros, 100% renovável se utilizando do ambiente de comercialização livre (mercado livre). Outra alternativa é fazer o que a Honda automóveis fez, se associando a uma usina eólica no Sul do país, compensando sua produção industrial. Este modelo sim é possível hoje no Brasil.

DCD: Qual é a melhor maneira do data center incorporar a eficiência energética na estratégia de negócios?

J. S.: Adotar estratégia de gestão da energia (por exemplo com a ISO 50001), auxiliando por estratégia de melhoria contínua da

Certificação de Eficiência Energética para Data Centers (CEEDA), por exemplo. As métricas tendem a mostrar a evolução dos resultados. Muito além do PUE. Processos de M&V da EVO são também muito boas ferramentas.
Com a utilização de um fornecedor Cloud, as organizações perdem a transparência do seu real impacto energético.

DCD: Como as empresas podem demonstrar que sua opção por Outsourcing traz benefícios ao meio ambiente? A quem se deveria atribuir a emissão de CO2 nesse caso?

J. S.: Quando se define o fornecedor Cloud é possível, no caso do Brasil (apesar de eu não ter visto isso ainda) se definir contratualmente o % de fonte de energia renovável, assim como se negociam os indicadores de confiabilidade, como Tier, etc.
Me parece interessante que se definam  “servidores equivalentes” ou sistemas de “storage equivalentes” para o rateio das responsabilidades. Mas isso dependerá se o data center será de colocation ou de ADM.