As ações da Atos caíram após políticos da oposição pedirem a nacionalização da empresa, relata a Reuters.

Sugestões de nacionalização da empresa estão sendo feitas por conta de um acordo planejado que fará com que o bilionário tcheco Daniel Kretinsky adquira a empresa.

Olivier Marleix, do partido conservador Les Républicains, e o socialista Philippe Brun argumentam que a venda pode representar uma ameaça à soberania da França e pediram que uma aquisição temporária da Atos fosse adicionada ao projeto de lei orçamentária de 2024.

As declarações fizeram com que o valor das ações da Atos caísse 12%, atingindo o seu ponto mais baixo em mais de 20 anos.

“Não podemos permitir que uma empresa estrangeira assuma o controle destas atividades, que são absolutamente essenciais à nossa independência nacional”, disse Philippe Brun em uma publicação na rede social X, antigo Twitter.

A Atos anunciou planos para vender sua unidade de terceirização de TI para Kretinsky no início desse mês, junto com a notícia de que a empresa nomeou o ex-CEO da UniCredit, Jean-Pierre Mustier, como presidente.

A venda também daria a Kretinsky uma participação de 7,5% no braço de segurança cibernética e supercomputação da Atos, a Eviden.

O negócio da supercomputação está no cerne da questão. Os membros do Les Républicains argumentam que o acordo corre o risco de permitir que os supercomputadores franceses caiam em mãos estrangeiras. Além disso, os componentes da Atos são supostamente usados em sistemas de combate pela Marinha e pela Força Aérea da França.

Os dois partidos fizeram sugestões diferentes ao processo de nacionalização. O Les Républicains sugeriu um orçamento de 500 milhões de euros (2,6 bilhões de reais) para uma nacionalização total da Atos, enquanto o partido socialista sugere 390 milhões de euros (2 bilhões de reais) para nacionalizar apenas duas unidades da Atos.

Queda da Atos

O valor das ações da Atos tem registado um declínio relativamente constante desde o máximo de 101,62 euros (573 reais no câmbio atual) em 2017.

As ações da empresa despencaram em 2018, quando, apenas 10 semanas antes do final do ano, a empresa reduziu significativamente sua previsão de crescimento de receita de 2% a 3% para apenas 1%, argumentando que foi causada pelo ambiente “incerto e desafiador” da economia internacional.

A empresa passou o ano seguinte em recuperação, apenas para ver a chegada da pandemia no final de 2019 e as ações atingirem outro mínimo no início de 2020.

Em 2021 a empresa sofreu outro golpe com uma queda de 22% no valor das ações, quando os auditores encontraram erros contábeis em duas de suas companhias nos EUA – Atos IT Solutions and Services e Atos IT Outsourcing Services.

Nos dois anos seguintes, a Atos perdeu um importante contrato de 1 bilhão de dólares (5 bilhões de reais) para desenvolver o supercomputador do Met Office do Reino Unido (embora mais tarde tenha recebido 24 milhões de libras (145 milhões de reais) em compensação).

A empresa, então, viu as ações sofrerem um impacto após em 2022 anunciar que a Atos se separaria em duas empresas: Tech Foundations Co e Eviden. A TFCo deverá ser comprada pela EP Equity Investment por 2 bilhões de euros (10 bilhões de reais).

No começo de 2023, a empresa repentinamente perdeu o contrato com o serviço de pensões Nest do Reino Unido. Originalmente um contrato de 18 anos no valor de 1,5 bilhão de libras (9 bilhões de reais), apenas dois anos depois as empresas rescindiram o acordo.