O grupo espanhol ACS realizou uma reunião com investidores e analistas em Madri (Capital Markets Day) para apresentar o seu Plano Estratégico 2024-2026, período em que a empresa pretende gerar entre 3,3 e 4 bilhões de euros (18 e 22 bilhões de reais) de caixa operacional líquido, manter uma remuneração atrativa para os seus acionistas com um dividendo anual igual ou superior a 2 euros (11 reais) por ação, e aumentar o investimento em projetos de infraestrutura críticos e de próxima geração. O grupo espera conseguir alcançar entre 850 milhões e 1 bilhão de euros de lucro atribuível até 2026 (4,7 e 5,5 bilhões de reais).

O Plano Estratégico consolidará seu modelo de negócios que combina rentabilidade por dividendo e crescimento, coeso e integrado, capaz de atender tanto à demanda por infraestruturas de nova geração quanto àquelas em que a ACS já está trabalhando.

Nessa linha, o CEO do Grupo ACS, Juan Santamaría, explicou aos investidores que as linhas do novo Plano Estratégico passam por consolidar a liderança do Grupo nos mercados de elevado crescimento em que opera e continuar a minimizar os riscos associados à sua atividade através de um modelo de negócio colaborativo com maior peso em projetos de elevado valor agregado.

Além disso, a ACS se concentrará em manter o crescimento lucrativo por meio da geração ativa de caixa e da gestão de balanços para apoiar a diversificação, simplificação e crescimento de todas as empresas do Grupo envolvidas no desenvolvimento de infraestrutura de próxima geração.

As metas financeiras e de negócios da ACS preveem um crescimento da receita entre 6% e 10% ao ano no período, atingindo entre 43 e 48 bilhões de euros (237 e 265 bilhões de reais) em 2026, uma recuperação de 35% em relação a 2023. Ao mesmo tempo, espera-se que o fluxo de caixa operacional líquido cresça significativamente nestes três anos, atingindo entre 3,3 e 4 bilhões de euros, mais 50% do que no triénio anterior (2021-2023).

Essa geração de caixa permitirá à empresa remunerar os seus acionistas com mais de 2 bilhões de euros (11 bilhões de reais) no período e realizar investimentos para continuar a crescer.

Plano ambicioso de investimento em infraestruturas

Entre 2024 e 2030, o grupo poderá investir até 1,8 bilhão de euros (9,9 bilhões de reais) na criação de um portfólio de infraestruturas industriais e de transportes. Com isso, o valor da participação da empresa nesses ativos pode chegar a 4 bilhões de euros (22 bilhões de reais).

A empresa também destinará um investimento de até 4 bilhões de euros até 2030 para o desenvolvimento e operação de infraestrutura em setores de nova geração, com uma avaliação da participação da empresa de 9 bilhões (50 bilhões de reais).

Nesse sentido, o Grupo prevê investir até 2 bilhões de euros (11 bilhões de reais) para participar na criação de um portfólio de Data Centers e infraestruturas relacionadas com inteligência artificial e 5G, com uma meta de Data Center de 1GW até 2030. O valor da participação da empresa neste segmento pode subir para 5 bilhões de euros (27 bilhões de reais) até 2030.

Por outro lado, o grupo estabeleceu como meta alocar cerca de 1,5 bilhão de euros (8,2 bilhões de reais) para participar no desenvolvimento de linhas de transmissão e infraestruturas fotovoltaicas e eólicas que possam ter uma capacidade de 5GW. O valor da participação da empresa nestas infraestruturas poderá atingir os 3 bilhões de euros (16,5 bilhões de reais) até 2030.

Como parte de seu compromisso com a transição energética, a ACS também planeja investir em hidrogênio verde e na criação de usinas de reciclagem de baterias.

Além disso, a empresa vai promover o desenvolvimento de infraestruturas de mobilidade sustentável, uma área em que poderá investir 360 milhões de euros (2 bilhões de reais) e cuja quota poderá atingir 1 bilhão de euros (5,5 bilhões de reais) até 2030.

Por outro lado, o Grupo vai acelerar o negócio de obtenção de minerais críticos para o avanço da transição energética, como o lítio.

A ACS estima que o crescimento nos mercados em que está presente e o investimento em setores de nova geração permitirão à empresa duplicar o seu valor, que atualmente se situa nos 14 bilhões de euros (77 bilhões de reais), acima da capitalização do grupo.

O plano de investimentos será possível graças ao alto volume de geração de caixa, ao desinvestimento de negócios não estratégicos e à manutenção da alavancagem em níveis controlados que permitirão a manutenção do grau de investimento. Ao mesmo tempo, a empresa aproveitará a diversificação de seus negócios, sua presença em setores de alto crescimento e seu posicionamento em mercados em expansão, como América do Norte e Ásia-Pacífico.

Simplificação operacional e nova estrutura organizacional do Grupo

O plano estratégico aprofunda a integração e simplificação operacional do Grupo. Nesse sentido, a ACS adotou uma nova estrutura organizacional, coesa em consonância com seu modelo de gestão, que proporcionará uma visão mais clara dos vetores de crescimento da ACS e contribuirá para uma ótima alocação de capital. Todas as atividades da empresa estão organizadas a partir de 2024 da seguinte forma:

  • Soluções integrais com duas empresas principais, Turner e CIMIC, atualmente respondem por 65% do lucro antes de impostos.
  • Investimentos em Infraestrutura, que inclui a Abertis e empresas de desenvolvimento de infraestrutura greenfield, como a Iridium, HOCHTIEF PPP Solutions e Pacific Partnerships.
  • Engenharia e Construção, que inclui a Dragados e suas subsidiárias, bem como a Flatiron e a HOCHTIEF Europe.

Soluções integrais

Turner

O crescimento no negócio de infraestrutura de próxima geração será impulsionado, entre outros, pela Turner, uma empresa de soluções integradas de engenharia nos Estados Unidos. A empresa, que aumentou suas vendas em mais de 6% ano a ano em 2023, para 17,5 bilhões de dólares (90 bilhões de reais), é caracterizada por um modelo de contratação de risco limitado e uma conversão de caixa de >100%.

De acordo com o Plano Estratégico, os projetos relacionados à infraestrutura de alta tecnologia devem representar mais de 40% de sua carteira de pedidos até 2027, contra 25% atualmente.

Os planos da Turner também incluem continuar impulsionando o negócio de soluções abrangentes para melhorar a rede de suprimentos no setor de construção, o que gerará sinergias com outras empresas do Grupo ACS.

O crescimento em setores de alta tecnologia e a incorporação de novos serviços de alto valor agregado permitirão à empresa aumentar suas margens, atingindo uma margem de lucro antes de impostos de mais de 3,5% em 2026.

Por outro lado, a Turner continua a analisar aquisições estratégicas para expandir a sua presença e expansão na Europa, um mercado em que estima haver oportunidades em projetos de alta tecnologia com um investimento de cerca de 20 bilhões de dólares (103 bilhões de reais).

CIMIC

O posicionamento da ACS na Ásia-Pacífico é liderado pela CIMIC, que desenvolve a sua atividade nos negócios de soluções abrangentes para infraestruturas de próxima geração; recursos naturais; e engenharia e construção. A empresa alcançou um faturamento de 13.3 bilhões de dólares australianos (44 bilhões de reais) em 2023, o que representa um crescimento anual de 20%.

Os planos da CIMIC preveem um aumento do peso dos projetos em setores de nova geração, que em 2023 cresceram mais de 50% face ao ano anterior.

Por outro lado, e alinhada com as outras empresas do Grupo ACS, a CIMIC continuará a promover a mitigação dos riscos associados à sua atividade através de modelos de colaboração com clientes e terceiros. Esses contratos de baixo risco já representavam 80% do total no final de 2023, percentual que continuará crescendo para melhorar a visibilidade e a gestão dos projetos, bem como as margens da empresa.

Em paralelo, a CIMIC continuará a promover e apostar na integração e colaboração mais estreita entre as suas diferentes empresas líderes: UGL, Sedgman, Leighton Asia, Thiess e CPB Contractors.

Infraestruturas

Abertis

O plano estratégico da Abertis prevê que a empresa gere 27 bilhões de euros (149 bilhões de reais) em caixa até 2033, o que lhe permitirá manter uma distribuição de dividendos de 600 milhões de euros (3,3 bilhões de reais) por ano até 2038 e ainda maior depois disso. O Grupo ACS detém uma participação direta de 30% na Abertis e uma participação indireta através de 20% na HOCHTIEF.

Os fluxos de caixa da Abertis também permitirão que a empresa continue reduzindo sua alavancagem e mantenha seu grau de investimento. Entre 2018 e 2023, a Abertis reduziu sua relação dívida líquida/Ebitda de 6,6 para 6,3 vezes o indicador.

A empresa espera aumentos anuais de tráfego de mais de 2,7% entre 2024 e 2026 e um aumento anual nas taxas de mais de 3,4%, o que permitiria à Abertis aumentar o EBITDA de sua carteira atual a taxas de mais de 7% ao ano no período, sem considerar prorrogações de contratos existentes ou a necessidade de realizar novas operações de compra de ativos. No entanto, a Abertis também contará com uma ambiciosa estratégia de crescimento inorgânico. Nessa linha, o plano de investimento aprovado pelos acionistas contempla um desembolso de até 1,3 bilhão de euros (7,2 bilhões de reais) em 2024 para oportunidades de aquisição.

Iridium, HOCHTIEF PPP Solutions e Pacific Partnerships

O investimento do Grupo em infraestruturas greenfield será realizado principalmente através da Iridium, HOCHTIEF PPP Solutions e Pacific Partnerships, empresas com um portfólio de 97 ativos que atualmente têm um valor aproximado de 2,7 bilhões de euros (15 bilhões de reais).

Em paralelo com a construção e operação de rotas de transporte rodoviário, ferroviário e metropolitano e a gestão de serviços e equipamentos públicos, como hospitais e estacionamentos, essas empresas vão acelerar o investimento em infraestruturas de nova geração em setores como as renováveis, o hidrogênio verde, a digitalização, a mobilidade sustentável e a extração de minerais críticos para fazer avançar a transição energética.

Com a sua estratégia, a ACS promoverá sinergias com outras empresas do Grupo, como a Turner e a CIMIC, para cobrir toda a rede de valor destes negócios.

Engenharia e Construção

Através dessa linha de negócios, o Grupo ACS também combinará o desenvolvimento, operação e investimento em ativos de nova geração com a execução de projetos de infraestrutura essenciais, tanto na engenharia civil quanto na construção, principalmente por meio da Dragados, Flatiron e HOCHTIEF Europe.

Nessa linha de negócios, o Grupo priorizará o desenvolvimento de projetos em mercados de alto crescimento com moedas sólidas – com foco na América do Norte e Europa – e a minimização do risco associado aos projetos por meio da assinatura de alianças com clientes e terceiros.