Programa de certificação global independente, o Certified Energy Efficient Data Center (CEEDA), tem como missão reconhecer aplicações das melhores práticas de eficiência energética em data centers.

Método que trabalha baseado em uma combinação de padrões, entre eles: ASHRAE, Energy Star, ETSI, ISO, bem como o Código Europeu de Conduta e Métricas Green, a certificação CEEDA faz parte de um programa internacional, independente, sem vínculo com fornecedores ou fabricantes, que realiza uma avaliação auditada e certificada, atestando a implementação das melhores práticas em eficiência energética dentro do data center.

A certificação abrange um plano de ação operacional, que tem como finalidade melhorar ainda mais o desempenho, o que permite as organizações comparar a performance de suas instalações e demonstrar publicamente liderança em eficiência energética em data center.

Entre as premissas do CEEDA estão: verificação independente de eficiência energética e métricas de sustentabilidade; recomendações para melhorar o desempenho e harmonização das melhores práticas dentro e entre as equipes de operações do data center.

Já consolidada no Brasil, uma das empresas que conquistou a certificação no país, foi a Embratel/Claro. Após receber, em 2016, a certificação "CEEDA in Progress" para o Data Center Lapa, a Embratel atingiu o nível SILVER, após avaliação de um conjunto de critérios diferenciados, com base nas melhores práticas. As análises individuais e coletivas desses critérios forneceram a base para determinar o nível de certificação concedido.

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O processo de avaliação, que leva 12 semanas, foi realizado através de um plano de ação operacional de desempenho e permitiu a comparação das instalações em matéria de eficiência energética.

O Data Center Lapa ocupa uma área total de 7 mil metros quadrados, sendo 2 mil metros quadrados de piso de TI, possui tecnologia de ponta em toda a infraestrutura, com usina de energia própria e flexibilidade para atender ambientes com alta densidade. Localizado na cidade de São Paulo, possui capacidade para atender médias e grandes empresas de todas as regiões do país. Em entrevista, Fabiano Duarte, Diretor de Infraestrutura de Data Center da Claro, revela os benefícios obtidos após a certificação CEEDA.

DatacenterDynamics: O que a conquista da certificação CEEDA agregou para a Embratel?

Fabiano Duarte: A Certificação CEEDA trouxe uma visão focada na cultura de eficiência, na busca contínua de oportunidades de melhoria e na adoção das melhores práticas. A obtenção da certificação mostra nosso foco em ESG e chancela o compromisso da Embratel e Claro com a sustentabilidade.

DCD: Quais foram as iniciativas da Embratel para reduzir o consumo de energia e água no data center?

F. D.: Como exemplos de iniciativas realizadas no Data Center Lapa, que recebeu a certificação CEEDA, podemos citar:

- Estratégias de ocupação de distribuição de carga no piso branco

- Implementação de sistemas de captação de água de chuva

- Implementação de sistema de água de reuso

- Confinamento de corredores de rack

- Instalação de blank panels em todos racks

- Ajuste de distribuição de placas e correção de vazão de ar

- Aumento da temperatura de insuflamento de ar frio

- Controle dinâmico de temperatura de ambiente

- Gerenciamento do fluxo de ar frio

- Inversores de frequência e ventiladores de alta eficiência

- Iluminação LED, que reduz o consumo de energia

DCD: Quais foram as opções da Embratel para o sistema de refrigeração do data center?

F. D.: O Data Center Lapa trabalha com sistema de expansão indireta, funcionando em “alta” temperatura com inversores de frequência no sistema de bombas e torres. O setpoint do sistema foi ajustado para atender ao ambiente de TI, conforme recomendações da ASHRAE (Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar-Condicionado), para atingir maior eficiência. Em complemento, existe um sistema robusto de controle e regulação de temperatura nos FanCoils, além do controle da água de condensação do ambiente, evitando desperdícios.

DCD: Quanto a Embratel investiu em soluções de eficiência energética?

F. D.: Investimos em soluções para gestão do fluxo de ar, blank panels, contenção de corredores, ajustes de placas de piso elevado e redistribuição do fluxo de ar frio, aumento da temperatura de insuflamento, entre outras. Por política interna, não divulgamos valores.

DCD: Quais foram os desafios que a Embratel enfrentou para tornar o data center sustentável?

F. D.: A Embratel e a Claro possuem como política interna a sustentabilidade como um de seus princípios, tornando a implementação do projeto mais simples, seja na adoção de novas tecnologias, no investimento necessário para adequação do ambiente, ou com a implementação de diferentes metodologias, que interfiram diretamente nas questões sustentáveis.

Possuímos em nossa base dar valor para questões sustentáveis, seja com geração própria de energia, consumo adequado de recursos hídricos, aquisição de energia limpa no mercado livre, entre outros. Além disso, estamos constantemente buscando novas tecnologias que possam gerar maior eficiência e serem aderentes ao ESG.

DCD: Que benefícios a Embratel obteve após implementar as boas práticas?

F. D.: Tivemos benefícios significativos na redução do consumo de energia, redução do consumo de água, eficiência ambiental e financeira com a contratação de energia limpa, e estruturação de um processo contínuo para identificação de novas oportunidades de eficiência.

DCD: Qual é o Power Usage Effectiveness (PUE) dos data centers da Embratel hoje?

F. D.: Hoje o Data Center Lapa opera com um PUE médio de 1,5.

DCD: Em números, quanto a Embratel reduziu no consumo de energia e diminuiu seus gastos financeiros após implementar as melhores práticas?

F. D.: A redução do consumo de energia no Data Center Lapa com a implementação das melhores práticas foi em torno de 10%.

DCD: Fatores como localização, arquitetura do edifício, materiais utilizados na estrutura e iluminação influenciam no consumo energético do data center. Tudo isso foi avaliado pela Embratel antes de seus data centers?

F. D.: O data center sempre precisa ser visto como um organismo único, todos os itens precisam ser analisados em conjunto. A análise passa pelo tipo de iluminação, localização do site, tipo de material utilizado, fontes, energia limpa, consumo de água, entre outros fatores. Todos esses elementos formam e resultam no ecossistema do data center. As engenharias também precisam estar alinhadas e com o mesmo objetivo, somente assim teremos um resultado eficiente.

DCD: Quais aspectos sustentáveis você destaca dos data centers da Embratel?

F. D.: Os data centers da Embratel têm como premissa tratar de forma sustentável toda sua infraestrutura, com uma visão fim a fim, analisando a qualidade das instalações e equipamentos a serem instalados, garantindo que sejam os mais eficientes para cada cenário e projeto. Suportado por modelo de gestão, melhoria contínua, manutenções preventivas e preditivas eficientes e sistema de automação e controle, nosso data center atinge altos padrões de eficiência.

Do lado da Tecnologia da Informação, a análise dos projetos envolve também a seleção e implantação de uma infraestrutura mais eficiente, como a escolha de equipamentos que tenham baixo consumo energético. Outro aspecto importante, é a contratação de energia limpa e sustentável, além do reaproveitamento e captação de água para reuso.

DCD: A Embratel pretende certificar outros data centers?

F. D.: O processo de certificação traz um grande aprendizado que pode ser replicado para outros data centers, respeitando as características e particularidades de cada instalação. O selo da certificação está em análise para, no melhor momento, ser implementado nos demais prédios.