"A grande verdade é que o 5G e Edge Computing, assim como o Plano Nacional de IoT, com iniciativas para redução de impostos para importação de dispositivos de automação e robótica, com diversas frentes de financiamento, estão acelerando a jornada de automação de diversos setores da economia, com foco principal na Indústria 4.0, Agro 4.0, Saúde 4.0, Cidade 4.0, Educação 4.0 e até o Turismo 4.0, com câmaras temáticas com forte participação do governo, entidades de classes, setor privado e diversos especialistas, levando a tecnologia aos cantos mais remotos do país, o que implica num crescimento vertiginoso de dados e processamento de informações, demandando a construção de data centers em diversas regiões e não apenas concentrados na região Sudeste, onde se encontram 70% dos data centers do Brasil hoje", avalia Luis Fernando Quevedo, Estrategista de TI e Palestrante, especializado em segurança cibernética, design e estratégia de Data Center, que em entrevista, fala sobre os atuais impactos no setor com a acelaração da implantação do 5G e a consolidação da Edge Computing. Leia a seguir.

Até que ponto a Edge Computing e o 5G mudaram os planos de investimentos das empresas em infraestrutura de data center?

Conforme mencionado acima, o aumento de dispositivos de Automação e Realidade Aumentada no universo do Metaverso, irão demandar elevada capacidade de armazenamento e processamento de dados em tempo real, onde não há espaço para latência de comunicação ou morosidade de processamento, com servidores cada vez mais potentes para suportar o avanço de soluções baseadas em Inteligência Artificial, Digital Twins (gêmeos digitais) e Computação Quântica, onde a infraestrutura tradicional dos data centers, não estão preparadas para suportar. A maioria dos data centers tradicionais suportam até 20, 30 KVAs por Rack ou m2 do data center, que são climatizados com soluções convencionais de circulação de ar. Contudo, estes supercomputadores, com processadores e placas aceleradoras gráficas de alta potência que demandam até 100 KVas por rack ou m2 do data center, o que somente é possível climatizar com soluções baseadas em refrigeração líquida, seja por imersão em líquido dielétrico ou líquido refrigerado circulando internamente pelos principais componentes destes servidores de alta performance (HPC), reduzindo em até 75% o consumo de energia de climatização, chegando a redução de 95% no caso de liquid cooling por imersão. Isso representa uma economia significativa nos gastos com energia elétrica, uma vez que a climatização é responsável pelo consumo de 40 a 50% da energia dos data centers, sendo uma iniciativa aderente a busca por sustentabilidade ambiental dos data centers.

Trata-se de uma mudança de mindset e não apenas técnica, revendo a infraestrutura como um todo, com soluções de storage migrando de forma acelerada de discos convencionais para memórias flash e SSDs, que além de serem mais performáticas, devem se tornar mais baratas que os HDs tradicionais antes de 2025, sendo compatíveis com adoção de liquid cooling por imersão.

Edge e 5G já mudam o cenário do mercado hoje ou isso será uma coisa futura?

Trata-se de uma jornada de modernização e transformação da indústria de data center, que vem ocorrendo de forma acelerada ao redor do mundo. Os principais fabricantes de processadores e de servidores de alta performance estão unindo esforços para suportar estas inovações. A NVIDIA, por exemplo, considera os data centers como fábricas de Inteligência Artificial, incorporando suas aceleradoras gráficas em servidores de alta performance, capazes de compartilhar seu uso entre máquinas virtuais e aplicações em contêiner, um salto tecnológico para adoção de computação gráfica tão potentes, que será praticamente impossível diferenciar uma cena digital de uma cena da vida real, com experiências cada vez mais imersivas com a próxima geração de óculos de realidade virtual. Isso também acelera a adoção de gêmeos digitais não apenas de dispositivos, mas de todo ciclo produtivo de uma indústria.

Atualmente está se criando o computador mais potente do mundo, para suportar um gêmeo digital do planeta terra, simulando condições climáticas e até mesmo o impacto de uma crise ou pandemia ao redor do mundo. Agora imagina tudo isso, com uma qualidade gráfica impressionante, como se estivesse de fato caminhando por qualquer lugar ao redor do mundo, seja visitando uma indústria, navegando por dentro do corpo humano ou aprendendo a pilotar um avião ou equipamento, por meio de Realidade Aumentada?

A nova geração de nativos digitais está transformando o mundo numa sociedade cada vez mais integrada e colaborativa, onde não há barreiras para limitar a criatividade.

Com a Edge Computing a Nuvem perde espaço?

A nuvem não vai perder espaço, mas ganhar super poderes, com novos recursos computacionais para acelerar a jornada de Transformação Digital das empresas e da sociedade, com uma crescente oferta de soluções como serviço. A Edge Computing próxima do chão de fábrica ou lavoura do futuro, irá viabilizar uma série de inovações de Automação, mas haverá uma necessidade massiva de consolidar todas essas informações, onde a Cloud Computing é fundamental.