“O 5G viabilizou os serviços de baixa latência em função dos seus elementos de rede desagregados e virtualizados, cujos workloads podem estar centralizados ou distribuídos em função dos casos de uso. Apesar da interface aérea do 5G permitir uma comunicação de baixa latência, menor que 1 ms, as aplicações devem estar mais próximas do seu usuário em função da limitação física da propagação eletromagnética. Por exemplo, na fibra, a cada 1000 km introduz uma latência de 5 ms”, explica Alberto Boaventura, Senior Manager da Deloitte, acrescentando que, outro aspecto é que os elementos de rede são virtualizados e, parte desta infraestrutura, como as estações rádio base, precisa estar distribuída, onde há uma necessidade de descentralização da capacidade computacional – no Brasil há algo em torno de 100 mil estações rádio base nas diversas tecnologias. Assim, a Edge Computing é um grande habilitador para as aplicações de baixa latência (como Digital Twin, Metaverso etc.), mas também importante para a construção da infraestrutura do 5G, trazendo uma grande necessidade de parte da capacidade computacional dos data centers tradicionais sejam mais distribuídos.

Para o Senior Manager da Deloitte, no Brasil não é diferente, a adoção do 5G vem sendo feita rapidamente. "Neste aspecto, as redes privativas 5G são um grande indutor da adoção dos Edge Data Centers. Em resumo, à medida que aplicações de baixa latência e virtualização de rede de telecomunicações (não limitado ao 5G, mas outros elementos como o vBNG, vOLT, vCPE/uCPE) exercem pressão para infraestrutura de computação mais a borda, onde os Edge Data Centers se tornarão mais populares e complementarão a infraestrutura tradicional mais centralizada".

Até que ponto a Edge Computing e o 5G mudaram os planos de investimentos das empresas em infraestrutura de data center?

O 5G e a virtualização de rede, de uma maneira geral, constituem-se em grande oportunidade para empresas que detêm infraestrutura de data center, operadoras e parcerias. Seja para abrigar os workloads de rede como novas aplicações. A Egde Computing faz parte desta infraestrutura e é o principal habilitador das aplicações de baixa latência, como a Edge Internet, Metaverso Edge AI/IoT, entre outros. Segundo a consultoria Chetan Sharma, as oportunidades para a Edge Internet será de 4 trilhões de dólares e o Metaverso com oportunidades que variam entre 500 bilhões a quase 1 trilhão de dólares até a próxima década. Dada a importância da Edge Computing, a IDC projeta que as oportunidades alcançarão $176 bilhões de dólares em 2022, e em 2025 este valor quase deve dobrar e alcançar 274 bilhões de dólares.

Vale a pena ressaltar que além da baixa latência, trazendo uma melhor experiência para os serviços em tempo real e redução de churn, a Edge Computing viabiliza o offload local de tráfego, assim como acontece com as soluções de cache e CDN, permitindo aos planejadores de rede de telecomunicações uma economia de investimento para transporte de tráfego. É um importante ponto a ser observado nos investimentos realizados.

Todos os grandes hyperscalers já possuem produtos, bem como, as operadoras de telecomunicações e empresas de neutras de rede já estão desenvolvendo soluções para Edge Computing (seja própria ou em parceria), objetivando capturar esta nova onda de oportunidades de baixa latência.

Edge e 5G já mudam o cenário do mercado hoje ou isso será uma coisa futura?

O cenário já está mudando, principalmente com a inauguração da agenda do 5G no leilão e a melhoria da curva de aprendizado tecnológico. O 5G foi projetado para atendimento a diversos casos de uso, principalmente para otimização de produtividade na indústria e demais setores, onde se observa um grande interesse pressionando com soluções de redes privativas. Assim, tem-se observado soluções de redes privativas as a Service, tipicamente on-premise, onde requer uma infraestrutura de computação na borda. Além das redes privativas 5G, outro importante indutor para adoção da Edge Computing, são as soluções avançadas de analytics para a IoT, como a Edge AI presente como tendência no radar do Gartner em 2022.

Com a Edge Computing a Cloud perderá espaço?

Os usos serão complementares e a adoção da Edge Computing ainda é incipiente. A Edge Computing ainda apresenta alguns desafios, entre eles: planejamento e engenharia; O&M; energia e arcon; segurança física e lógica; proteção de dados entre outros aspectos; impactando nos custos de sua utilização em função da baixa escalabilidade inicial. Fora o fato de que algumas aplicações vão necessitar que sejam realizadas de maneira centralizada, seja pela escalabilidade ou requisitos de segurança. A Edge Computing será uma importante componente de toda a infraestrutura computacional, mas não será a única.