O Brasil emergiu como líder na abertura de novos Data Centers na América Latina em 2023, seguido pelo México, Chile e Colômbia. No entanto, para impulsionar ainda mais esse mercado, é crucial enfrentar desafios significativos no processo de projeto e construção. Para conhecer mais a fundo as tendências, desafios e perspectivas do mercado brasileiro, a DCD falou com Alberto Lopes, vice-presidente de Projetos de Engenharia e Construção da Ascenty.

Quais são as tendências na construção de Data Centers no Brasil?

Atualmente, as tendências estão focadas em eficiência energética, sustentabilidade e preparação para a integração de inteligência artificial (IA) e tecnologias emergentes. A crescente geração de dados, impulsionada não só pelo 5G, mas também pelas inovações tecnológicas, destaca a importância da expansão das redes nos Data Centers para atender às demandas de armazenamento e disponibilidade de informações.

A Ascenty, por exemplo, oferece uma infraestrutura que permite a escalabilidade dos dados, além de ser totalmente adaptável às necessidades específicas dos clientes. Isso permite que as empresas parceiras projetem uma infraestrutura capaz de suportar a expansão do fluxo de dados, alinhada à evolução do mercado.

Além disso, as tendências indicam que a eficiência na construção de Data Centers não se limita apenas ao projeto físico, mas também dependerá da escolha certa de tecnologias, especialmente para atender aos padrões específicos do cliente, como no caso dos Data Centers de hiperescala. Isso engloba a crescente demanda por maior poder de processamento e a incorporação de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial.

Como a inteligência artificial pode transformar o cenário de projeto e construção de Data Centers no Brasil? Sua influência já é palpável no país ou ainda caminhamos para essas transformações?

A inteligência artificial se consolidou como uma ferramenta acessível e transformadora em diversos setores, revolucionando a execução de tarefas manuais e repetitivas. Esse avanço despertou o interesse de grandes empresas de tecnologia, resultando em investimentos significativos e contribuindo para a criação de um mercado altamente competitivo.

No setor de Data Center, a IA não só oferece a possibilidade de melhorar processos e realizar análises preditivas mais precisas, mas também representa um fator transformador na operação, geração de negócios e uso eficiente de recursos. A inteligência artificial é uma demanda urgente não só para a Ascenty, mas para todo o mercado, inaugurando uma nova era para o consumo de dados.

Dentro desse contexto, é palpável a influência da IA no projeto e construção de Data Centers no Brasil, com a implementação de tecnologia que busca otimizar o projeto, prever demandas de energia, melhorar a eficiência operacional e reforçar a segurança. Embora alguns avanços já estejam em andamento, esperamos que a influência da IA na indústria se torne ainda mais aparente nos próximos anos.

Quais os principais obstáculos enfrentados na construção de um Data Center no Brasil? Quais são as necessidades da indústria hoje?

Os desafios na construção de Data Centers no Brasil incluem a gestão da rede de suprimentos, com atenção aos prazos, bem como a necessidade de uma matriz energética que possa corresponder à demanda. Garantir um fornecimento de energia estável é crucial, pois garante a operação ininterrupta dos Data Centers.

Além disso, a sustentabilidade, que continua sendo um tema impulsionado pela preocupação com as mudanças climáticas, tornou-se imperativa, com a adoção de práticas ESG em Data Centers e a implementação de iniciativas para monitorar e controlar o uso de recursos naturais e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Desde sua criação, a Ascenty sempre cuidou da questão das baixas emissões. Somos certificados pela ISO 14.001, que se refere à gestão ambiental, e ISO 50.001, que estabelece regras para a implementação de um sistema de gestão de energia nas empresas. Também somos completamente neutros em carbono, documentados no Programa CHG Protocol, a principal ferramenta de gestão de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Em 2023, recebemos, inclusive, o selo ouro, o mais alto da categoria.

Entendemos que é importante que o setor se envolva cada vez mais nessas iniciativas, para superar os desafios que vislumbramos atualmente e oferecer ofertas mais robustas e confiáveis.

Como está sendo feita a escolha do local para a construção de Data Centers no Brasil? Podemos ver uma descentralização nesse processo?

A seleção do local está ligada a regiões estratégicas. Na Ascenty, nossas operações estão localizadas em áreas que nos proporcionam as condições adequadas para operar com eficiência energética e conectividade.

O primeiro Data Center da Ascenty foi construído em Campinas, pela disponibilidade de fornecimento de energia. É estratégico, pois a cidade tem muita disponibilidade de energia, além de ter se tornado um polo para outras empresas de tecnologia. Vinhedo e outras cidades do interior tornaram-se alvos devido à sua localização, disponibilidade de energia e escalabilidade.

E isso virou tendência. O aumento da consciência da importância da distribuição geográfica para garantir resiliência e redundância sugere que nos próximos anos poderemos ver uma maior diversificação na seleção de locais.

Que mudanças podemos antecipar no cenário da construção de Data Centers no Brasil nos próximos anos?

Prevemos transformações significativas na construção de Data Centers no Brasil nos próximos anos, impulsionadas pela crescente demanda por capacidade de processamento e contínuos avanços tecnológicos. A integração da inteligência artificial (IA) se destaca como uma mudança crucial nesse cenário.

Além do impacto do 5G, o surgimento de tecnologias emergentes contribuirá para um aumento exponencial na geração de dados. Isso resultará em uma demanda crescente por armazenamento e disponibilidade de informações, o que exigirá uma expansão significativa das redes em Data Centers.

Essas mudanças indicam a necessidade urgente de adaptação na infraestrutura de Data Centers no Brasil. A busca por eficiência operacional, escalabilidade e incorporação de tecnologias avançadas serão elementos essenciais para enfrentar os desafios do rápido avanço tecnológico. Ao antecipar e abraçar essas mudanças, acreditamos que estaremos bem posicionados para atender às crescentes demandas do mercado e entregar soluções inovadoras nos próximos anos.